quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

No Novo Banco, Rui Rio diverge de Passos (& o grande problema Trump)

Enquanto dormia
 
David Dinis, Director do Público
Bom dia!
Trump pode ficar sob suspeita de corrupçãoA acusação veio do responsável pela fiscalização ética do Governo americano, numa rara declaração pública que aconteceu poucas horas depois do Presidente eleito ter afastado qualquer suspeita de conflito de interesses, face aos negócios que serão agora geridos pelos seus filhos.
O México disse que não paga o muro de Trump. Também poucas horas depois da conferência de imprensa de Trump, o chefe de Governo mexicano contrariou o próximo Presidente dos EUA, garantindo que é contra e não gastará um dólar no projecto. E que quer falar com Trump sobre a sua política de comércio (que ameaça penalizar os países vizinhos).
Se me permitir, já voltamos à questão americana, porque há muito para contar sobre o que se está a passar.

Seis altos quadros da Volkswagen vão enfrentar acusações nos EUA, na sequência do escândalo da manipulação de emissões poluentes dos carros com motores a diesel. Mas cinco deles estão na Alemanha.
Um dos nazis mais procurados morreu em 2001 e aconselhou a família Assad. Brunner foi o braço-direito Adolf Eichmann, e há muito que se especulava sobre o local e data da sua morte, ou se esta teria mesmo ocorrido. Uma investigação de uma revista francesa deu-nos agora novos dados sobre o seu desaparecimento.
A Lua formou-se há 4510 milhões de anos, segundo novas estimativas conseguidas por uma investigação que começou em... 1971.
Um golo tardio apurou o Sp. Braga para meias-finais da Taça da Liga. O herói chama-se Velázquez e pintou a festa de vermelho e branco. No ténis, o português João Sousa começou o ano em grande.

As notícias do dia 

É a primeira divergência estratégica de Rio Rio face a Passos: o ex-autarca defende a nacionalização temporária do Novo Banco, juntando-se a outros nomes do PSD que têm assumido essa divergência interna. O jornal digital Eco foi, por seu lado, ouvir ex-ministros da Finanças e percebeu que o consenso não existe.
Mais uma divergência: Correia de Campos subscreve as críticas dos sindicatos à descida da TSUNa entrevista ao PÚBLICO e Renascença, o presidente do Conselho Económico e Social diz também que regularização dos precários no Estado não deve ser feita sem critérios de avaliação dos funcionários. A medida pode, aliás, estar em risco no Parlamento - porque nem o PSD nem a esquerda parecem dispostos a deixá-la passar, como conta a Sofia Rodrigues.
E uma substituição: o Governo mudou a direcção do Instituto Nacional de Reabilitação. É a terceira vez que o Ministério do Trabalho muda dirigentes de serviços seus.
Um problema: na emissão de dívida de ontem, Portugal ainda não reconquistou investidores menos especulativosE o preço não foi simpático, como explica o Sérgio Aníbal.
Falando em preços, sabia que a polícia vai cobrar 15 euros por hora para ajudar a abrir a porta? Alguns serviços-extra da PSP e GNR que eram gratuitos passaram a ser pagos. A tabela de preços está aqui actualizada.
Um aviso sério: daqui a poucas décadas, um milhão de portugueses vai depender de cuidados de terceiros. Porque tudo isso vai ter, também, custos financeiros, Bruxelas sugere ao Governo mais impostos sobre o tabaco, álcool e refrigerantes.
E uma interrogação: será verdade que o ex-líder do INEM foi denunciar à PJ ordens directas de Paulo Macedo, agora indicado para presidir à CGD, ligando-o ao caso do negócio do sangue? 

The Trump show

Há meses que Donald Trump não falava com os jornalistas. Ontem, ele voltou. E deixou-nos mais preocupados. O nosso destaque de hoje é sobre os EUA e tem muitas coisas importantes para ler:
Mas ainda tenho de recomendar-lhe dois textos que estavam no P2 de domingo e que me parecem imprescindíveis para enquadrar estes novos tempos.
  • Um é da Anabela Mota Ribeiro e mostra-nos "O mundo das pessoas de pernas para o ar". Ela começa assim: "Começamos o ano acabrunhados. A eleição de Trump, o 'Brexit', as vagas de refugiados, as imagens de destruição na Síria, os ataques terroristas... Que esperar do futuro? Falámos com pessoas da Filosofia, do teatro, da academia, da política. Pedimos que nos ajudassem a ler o mundo em que vivemos."
  • O outro é da Isabel Lucas e chama-se "Não há amor em Washington D.C.". E não é só começa com o som do hino americano, como arranca desta maneira arrepiante: "Capital de um império que parece sempre insatisfeito, centro da intriga política, traição, luxúria, manipulação, poder. Nas Narrativas do Império, Gore Vidal foi implacável com Washington, como com quase tudo. Em véspera de grande mudança, como vai a cidade pensada à imagem da Roma Antiga?". Vale mesmo a pena ler - ou guardar para esta noite.

Hoje acontece
  • Os governos de Madrid e Lisboa discutem Almaraz, depois de se ter confirmado o recuo de Espanha, naquela que é a terceira ameaça do género a Portugal. O Bloco está a pôr mais pressão. Mas este não é, porém, caso único: aqui tem oito casos em que o nuclear divide países vizinhos, revistos pela Maria João Guimarães.
  • A Comissão de Inquérito à Recapitalização da CGD ouve Teixeira dos Santos, o ex-ministro das Finanças. A audição promete ser quente, depois das acusações a Sócrates do antecessor, Campos e Cunha.
  • Em Paris, teremos o primeiro debate com os candidatos às primárias da esquerda. Eles são sete - "mas algum deles terá estofo de Presidente?", pergunta a Clara Barata.
  • O Chipre tem uma "última oportunidade" para a reunificação, com representantes da Turquia, Grécia e Reino Unido a juntar-se às duas delegações cipriotas que tentam um acordo em Genebra. A Ana Fonseca Pereira explica o problema

Só um minuto...

E para lhe dizer que hoje começa o congresso dos jornalistas, o primeiro desde há... 19 anos. Num tempo que aqui se mostra difícil, que alguns (como Francisco Louçã, dizem ser até perigoso). Mas que eu continuo a encarar cheio de optimismo, talvez por ter acabado de lhe contar tudo isto, as notícia, a análise, a opinião, o enquadramento e até a informação útil, desta forma tão simples que se escreve como uma carta a um bom amigo.
Dito isto, é tempo de ir ao dia. Com um sorriso, claro que sim. Vá passando por nós, aqui. E até já!

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