Cartas, avisos, mudanças, confiança? (& 3 takes sobre cinema)

David Dinis, Director

Bom dia!

Voltaram os avisos de Schäuble: “A Grécia teria de deixar o euro para obter um perdão de dívida", disse o ministro das Finanças alemão. O FMI diz outra coisa: só entrará no programa de assistência de esse perdão vier. E da Holanda veio outra garantia: se o FMI não entrar não aprovará outro resgate (como dizem os ingleses: "Here we go again").

O Governo da Escócia avisou os funcionários: prepararem-se para um segundo referendo sobre a independência, depois de o Parlamento britânico ter confirmado o início do processo de saída da UE. Mas o voto de ontem, esmagador, teve outra consequência - a de abrir mais uma crise no partido trabalhista.

Da América veio uma crítica inesperada a Trump: o juiz nomeado pelo Presidente para o Supremo disse que os seus ataques à justiça são “desanimadores”. Trump, que não é conhecido por aceitar as críticas, apontou o dedo à retalhista americana Nordstrom por ter retirado a linha de roupa da filha, Ivanka. Mas, noite fora, também teve o seu momento de felicidade: o seu (polémico) nome para procurador-geral foi aprovado, numa sessão onde uma senadora democrata foi silenciada ao citar Luther King.

As notícias do dia

Será este o último take da novela da Caixa? Os emails que chegaram à comissão de inquérito mostram que o Governo deixou os advogados de Domingues fazer uma lei para a CGD, como demonstra a Liliana Valente com alguns detalhes, neste texto que faz a nossa manchete do dia. E reabriram não só o passa-culpas nos bastidores do Governo, como a polémica na AR. Numa entrevista ao PÚBLICO e Renascença, o presidente da Comissão mostra-se preocupado com as consequências: "Este estado de espírito está, de alguma forma, a menorizar o papel da comissão parlamentar ou a pô-lo em causa aos olhos dos portugueses". Mas acrescenta isto: "Não me passaria pela cabeça que o que quer que fosse que o Parlamento fizesse nesta matéria fosse para prejudicar a CGD".

Outro banco, outra saída: o BPI ficou a falar espanhol. O CaixaBank assumiu o domínio quase absoluto do capital. O seu presidente deu a cara pela nova fase do banco, que beneficiará da dimensão de um grande banco espanhol. E Fernando Ulrich, um dos banqueiros portugueses mais antigos ainda em funções de topo, deu lugar a um espanhol. A Cristina Ferreira explica o que isto quer dizer. Acrescentando-se a isto que as acções do banco abriram em forte queda esta manhã, conta o Negócios.

Pela Suíça passaram transferências suspeitas (no caso Sócrates). Como estas comissões de 200 mil euros recebidas por Rui Horta e Costa e outra por Diogo Gaspar Ferreira, que acabam de ser constituídos arguidos, por suspeita de abuso de confiança.

A confiança estará de volta à economia? Sim, se olharmos para quem conseguiu emprego no último ano, não se olharmos para a subida dos contratos a prazo - ou para a baixa cobertura dos subsídios. A propósito dos dados conhecidos ontem, pedimos a dois especialistas que nos ajudassem a ler as tendências. Os textos têm títulos sugestivos: o que esperar para 2017?; Falta muito caminho.

Caminho difícil é o que tem visto na dívida. As emissões de 2017 vão custar mais 47 milhões por ano, contas do Negócios. O ex-ministro da Economia, Santos Pereira, deixa uma nota sobre isso nesta entrevista ao Eco.

O ano passado trouxe-nos duas más notícias: o abandono escolar precoce subiu; e o consumo de heroína voltou a subir. Mas também trouxe uma boa: os cinco mil doentes com Hepatite C que ficaram curados. 

E porque não falar mais desta: os dinamarqueses estão a semear ervilhas doces em Portugal - e chamam-lhe um snack.

Três takes sobre a 7ª arte 

Hoje começa o Festival de Berlim, ao som de Django Reinhardt, prometendo muita utopia - mas cheia de pontos de interrogação. O Jorge Mourinha está por lá e antecipou-nos o que vai estar nas salas de um dos festivais de cinema mais prestigiados do mundo (e daqui a pouco também entre nós). Com muitos portugueses à mistura

Falando de cinema português, ora veja quem chegou ao topo do mundo. Ela encontrou, nos Andes peruanos, uma "terra de ninguém" cujas minas de ouro atraem gente desesperada em busca da promessa do enriquecimento. Eldorado XXI, de Salomé Lamas, chega agora às salas portuguesas e o Luís Miguel Oliveira antecipa-nos a chegada ao Eldorado.

Falando em mulheres no topo do mundo, eis que estreia Jackie, Jackie Kennedy. Uma mulher que encontrou e perdeu o sentido da vida, na pele de Natalie Portman. Vale quatro estrelas, para o Jorge Mourinha. E uma série de conselhos do nosso Life&Style, para quem lhe queira seguir o bom gosto.

Hoje acontece

• Passos Coelho abre, hoje de manhã, um colóquio do partido sobre eutanásia.
• Começa o Congresso Internacional Fernando Pessoa, com mais de 40 investigadores nacionais e estrangeiros.
• As novas acções do BCP, que foram emitidas no âmbito do aumento de capital do banco, começam a ser negociadas na bolsa.
• O Presidente da República viaja para Madrid, onde será o convidado de honra de um jantar com empresários.

Um minuto de silêncio

 ... para um último adeus ao grande ulmeiro da Gulbenkian. A árvore que marcava a entrada da fundação há mais de 50 anos não resistiu a uma doença que tem dizimado a espécie.

É assim este planeta que habitamos: às vezes tão belo como trágico (como se vê nestas 17 imagens da Reuters). Às vezes desafiando-nos a verdadeiras provas de resistência (como neste caso, ou neste outro - mais feliz).

Feliz, mesmo feliz, é o prémio "Design of the Year 2016". Porque nos fala de resistência também. É que esta casa de 68 peças é "uma bênção" para todos os refugiados, conta-nos a Sofia Lorena: dá-lhes algum conforto, segurança e até um pouco de optimismo. Se o design tem poder, ele passa por aqui.

É o mote que lhe deixo hoje para um dia produtivo - e feliz, pois claro. Vá passando pelo PÚBLICO. Queremos que se mantenha informado - e motivado.

Dia bom! Até já!