Quando se lê a vida de qualquer santo, fecha-se o livro exclamando: Que grande santo! Realmente é uma maravilha surpreendente!
Em relação à vida de Santa Bernadette Soubirous — a virgem a quem Nossa Senhora apareceu em Lourdes (1858) — fica-se com essa impressão.
Santa Bernadette era dos Pireneus, uma zona que é uma síntese entre a Espanha e a França. Vendo fotografias autênticas dela (não as imagens deformadas que existem em algumas igrejas), percebemos um rosto ligeiramente dado ao quadrado, traços regulares e bem feitos, olhos pretos, grandes e com uma certa fixidez hispânica, que crava as verrumas e olha profundamente — olhar radiográfico! O nariz, também meio hispânico, é um traço de coerência de toda a fisionomia, uma linha que vai de alto a baixo e marca muito acentuadamente.
O feitio de espírito dela era taxativo, de dizer as coisas sem rodeios. Educada com muita simplicidade, entretanto tinha muita elevação de alma. Não recebeu uma certa educação que consiste em dissimular o que se pensa. O que ela pensava, dizia francamente.
O todo dela era de um desprendimento completo, como quem, no fundo, não pretende ser nada, humilde diante de todo mundo. Mas, no serviço de Nossa Senhora, era exímia. Por exemplo: ela ia para a gruta, por ocasião das aparições, e poderia se envaidecer falando com a Virgem Imaculada diante de uma multidão. Lourdes inteira assistindo. Mas ela não se envaidecia, não dava importância nenhuma, continuava a ter toda a naturalidade diante de todo mundo. Chamada para ser interrogada sobre as revelações, portava-se em relação à polícia com um desassombro e naturalidade extraordinários. Entretanto, em relação aos pais e às pessoas respeitáveis com quem tratava, bem como em relação a seu vigário e à sua superiora religiosa, era um modelo de respeito e obediência.
Aí está bem o espírito de verdadeira contra-revolucionária, católica e santa, que não liga para as pompas deste mundo; que não dá importância a ser tida em grande ou pequena conta; e que, por causa disso, despreza as honras e louvores mundanos. Para se ter sobranceria, é preciso não ligar para o mundo. Era esta a atitude de Santa Bernadette Soubirous.
A vida inteira dela foi motivo de edificação para todos. Quando começava a visão de Nossa Senhora, ela se transfigurava, tornava-se de uma majestade que impressionava todo mundo. Uma senhora da sociedade francesa, que a observou durante uma das visões, disse que nunca viu uma moça da aristocracia que tivesse o porte e a figura de Santa Bernadette. Ou seja, como estava tratando com a Rainha do Céu e da Terra, ela adquiria algo de régio da Rainha. Viam nela um espelho de Nossa Senhora.
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(*) Excertos da conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 15-4-1966. Sem revisão do autor.
Fonte: ABIM
Fonte: ABIM
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