31 MAR. SEX. 21.30H BALLROGG 14º Portalegre JazzFest | GA | 6 € / Passe 20 € (com oferta de 4 CDs) | M/4 anos
KLAUS ELLERHUSEN HOLM Saxofones, clarinete & field recordings ROGER ARNTZEN Contrabaixo DAVID STACKENÄS Guitarra
Num tempo de misturas de linguagens musicais, o trio Ballrogg não só está em linha com a tendência geral, como leva esta a desfechos que, expostos em papel, parecem improváveis. A música tocada por Klaus Ellerhusen Holm, Roger Arntzen e David Stackenäs pode ser descrita como a combinação do tipo de jazz elaborado, mas aberto, cunhado por figuras históricas como Eric Dolphy e Paul Bley, com a new music não-linear e indeterminista de um Morton Feldman e aquilo a que se convencionou chamar de Americana, associando em si folk, country e blues.
Todas estas referências vêm do outro lado do Atlântico, mas juntas, e da maneira como as ouvimos, têm o traço distintivo da música criativa que nos dias de hoje está a ser praticada na Escandinávia – tanto assim que ninguém mais no mundo poderia fazer com que algo assim de tão bizarro resultasse tão natural. Não surpreende, aliás, que um dos discos deste grupo tenha como título “Swedish Country”. Mas há mais nos temas dos Ballrogg, para além destas coordenadas, evitando a formulação de uma simples receita pronta a ser indefinidamente reproduzida: algumas situações musicais têm um formato neoclássico, lembrando os Clogs, e outras ganham uma dimensão eletroacústica com características ambientais e de paisagismo sonoro que nos remete para Philip Jeck.
1 ABR. SÁB. 21.30H Friends and Neighbors 14º Portalegre JazzFest | GA | 6 € / Passe 20 € (com oferta de 4 CDs) | M/4 anos
ANDRÉ ROLIGHETEN Saxofone tenor e clarinetes THOMAS JOHANSSON Trompete OSCAR GRÖNBERG Piano JON RUNE STRØM Contrabaixo TOLLEF ØSTVANG Bateria
Quando muitos defendem que o free jazz não pode ser melódico, os Friends & Neighbors fazem o contrário. E quando se espalha a noção de que homenagear os grandes nomes dessa corrente histórica do jazz, designadamente Ornette Coleman (a quem pilharam o nome do grupo), Archie Shepp, Pharoah Sanders e John Carter, impede que se toque uma música própria dos nossos dias, os noruegueses André Roligheten, Thomas Johansson, Oscar Grönberg, Jon Rune Strøm e Tollef Østvang provam o contrário. Em poucos casos, como o deste projeto vindo da Escandinávia, se pode dizer que a música do presente é feita com um ouvido no passado e o outro no futuro.
O neo/pós-free jazz dos Friends & Neighbors professa uma ideologia coletivista, em que os indivíduos que o criam têm espaço para encontrar a sua liberdade pessoal. Podem todos estar harmolodicamente combinados, à maneira de Coleman, mas este quinteto é na realidade a soma dos que o integram. Quando é a diminuição que se decide, por subtração de vozes em determinadas passagens, permanece a identidade do conjunto. Este procedimento resulta numa música que é livre de facto, mas flui com a cadência permanente de um rio. Improvisar, com estes músicos, não é deixar as coisas ao acaso e sim tornar o acaso numa forma de determinação.
31 MAR e 1 ABR. SEX e SÁB. 23.30H Party Knüllers 14º Portalegre JazzFest | Bar Clube Lounge | Entrada Livre | M/12 anos
FRED LONBERG-HOLM Violoncelo, guitarra, eletrónica STÅLE LIAVIK Bateria
Party Knüllers, assim se chama o duo de jazz de “garagem” e experimental formado por Fred Lonberg-Holm, uma das figuras de proa da cena de Chicago, e por Ståle Liavik, uma das forças motrizes da improvisação norueguesa, caracterizado por “uma obsessiva e divertida necessidade de inventar e explorar novos sons e novas formas de comunicação musical”, segundo a imprensa especializada. A abordagem que Lonberg-Holm faz do violoncelo já foi comparada com o que faz Thurston Moore, o guitarrista dos já defuntos Sonic Youth (que vêm introduzindo no rock um enorme fascínio pelo free jazz). Como este, o seu estilo pessoal é rico em harmónicos fragmentados, proporcionados pelo uso extensivo do pedal de distorção e pela eletrónica. Liavik é, pelo seu lado, conhecido por dar tensão às situações musicais em que se insere, por meio do seu entendimento fragmentário do ritmo e da percussão.
Se a dupla é nova, as colaborações entre estes músicos vêm de trás, quando ambos tocavam nos VCDC, de Frode Gjerstad e Stine Janvin-Motland, nos Gorilla Ass Piano, de Per Zanussi e em formações de Keefe Jackson e Jim Baker. Neste jazz do século XXI, cabem o rock, a música de dança, a improvisação livre e muito mais, ou não fossem esses os ingredientes do entendimento jazz, tanto em Chicago como em Oslo, cidades de referência da atual música criativa. Só músicos como estes poderiam ter tocado tanto com os Wilco (Lonberg-Holm), como com Phil Minton (Liavik).
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