segunda-feira, 27 de março de 2017

Menos dádivas de sangue não comprometem reservas


"As reservas de sangue em Portugal são estáveis e estão dentro do necessário para satisfazer as necessidades", acredita Almeida e Sousa, presidente do Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST)". A propósito do Dia Nacional do Dador de Sangue - que se assinala hoje - aquele responsável não valoriza a diminuição de unidades de sangue colhidas no último ano: 302 877, menos 31 818 que em 2015. Segundo os dados disponibilizados ao DN pelo IPST, a verdade é que os stocks aumentaram, ainda assim. Em 2016 contabilizaram-se 210 878 unidades, o que significa um aumento de 22 827 face ao ano anterior.

Os números mostram também que há menos jovens a dar sangue, já que o instituto contabiliza as unidades de sangue colhidas no grupo etário abaixo dos 25 anos. E por isso é possível perceber que houve menos cerca de cinco mil jovens a contribuir durante as recolhas. Para doar sangue basta ter mais de 18 anos (e menos de 65), bom estado de saúde, hábitos de vida saudáveis, peso igual ou superior a 50 quilos. As mulheres podem fazer doação de quatro em quatro meses, enquanto nos homens a recolha pode ser feita de três em três meses.
Baixaram as unidades colhidas, há menos jovens a doar sangue e ainda assim mais stock, as reservas estão estáveis. FERNANDO FONTES/ GLOBAL IMAGENS
Sangue, suor e dádivas

Martine Gonçalves esperou até aos 32 anos para se tornar dadora. Aconteceu na sexta-feira passada, numa recolha organizada pelos Bombeiros Voluntários da Mealhada, com o duplo objetivo de angariar sangue e dadores de medula óssea, motivados pela necessidade de transplante numa criança da região. "Desde que fiz 18 anos que sempre quis dar sangue. Cheguei a estar na fila e tudo, nas recolhas organizadas na minha cidade (Pombal). Mas à última hora acabei por desistir sempre. Tinha medo que fosse doer muito", confessou a nova dadora, que em breve receberá um cartão identificativo. Afinal, "correu tudo bem. É como se estivesse a fazer análises".

Martine saiu do gimnodesportivo da Mealhada com a sensação de "ter ajudado alguém, e isso é muito bom". É essa a sensação que invade Filipa Gameiro, de 33 anos, dadora desde os 18. Duas vezes por ano cumpre a missão, e desde 2008 tornou-se dadora de medula. O jornalista Paulo Pereira soma mais de dez anos a doar parte do seu sangue O+, duas ou três vezes por ano. "Tornei-me dador porque considero que é um ato de ajuda a todos nós. Como diz o slogan, "dar sangue é dar vida" e quem salva uma vida salva a Humanidade", acredita, ele que não tem "posto fixo" para dar sangue: já o fez com recolha na empresa onde trabalha, em campanhas nacionais ou no Hospital da Amadora.

O dia de hoje vai ser dedicado a homenagear muitos dos que passam a vida a salvar a dos outros, doando sangue. O presidente do IPST considera que "o aproveitamento máximo e sem desperdício do sangue doado pelos portugueses é a melhor forma de homenagear o dador", tal como disse este fim de semana em declarações à Lusa. "Devemos homenageá-los pela sua dádiva altruísta, benévola e solidária", frisou.

"Todos os dias há colheitas de sangue em Portugal e as reservas estão sempre a ser repostas", destacou Almeida e Sousa, sublinhando que um dos objetivos do Instituto é "evitar que haja desperdício de sangue, que seja maximizado o seu aproveitamento. Esta é a forma mais objetiva de fazer esse reconhecimento [ao dador], do respeito pela dádiva de sangue dos portugueses". O presidente do IPST pretende que a homenagem seja complementada "com a lembrança do próprio movimento associativo, ligado à dádiva generosa e anónima em Portugal".

Por isso muitos dos representantes das associações de dadores foram convidados a marcar presença numa cerimónia agendada para a manhã desta segunda-feira, com a presença do ministro da Saúde, Adalberto Campos Ferreira. "É um movimento forte em Portugal, há dezenas e dezenas de associações de dadores, outros tipos de associações, empresas, associações humanitárias, grupos mais diversos que promovem a dádiva de sangue", salientou aquele responsável, sem esquecer os hospitais "que são parceiros do IPST e que muitos deles têm uma recolha de sangue muito relevante". Em março de 2016 entrou em vigor a alteração legislativa que devolveu a isenção de taxas moderadoras aos dadores de sangue, o que, na ocasião, revelou uma tendência crescente das dádivas. Os dados disponibilizados pelo IPST estabelecem apenas comparação com a situação em 2015, em que os dadores tinham perdido essa benesse, entretanto recuperada. Todas as informações sobre onde e quando doar sangue estão disponíveis no site doar.pt ou no Portal do Serviço Nacional de Saúde.

Fonte: DN

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