O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou Aristides de Sousa Mendes, a título póstumo, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
3 de abril, sessenta e três anos depois da sua morte, o Cônsul de Portugal em Bordéus, foi distinguido com a mais alta homenagem que distingue serviços relevantes prestados em defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e à causa da liberdade.
A cerimónia decorreu na Casa do Passal, em Cabanas de Viriato, perante uma multidão que se associou à visita do Chefe de Estado e onde marcaram presença o Ministro da Cultura, deputados da Nação, presidentes de municípios, membros da Fundação Aristides de Sousa Mendes, da Sousa Mendes Foundation, diversas individualidades civis, militares e religiosas e familiares do Cônsul de Bordéus.
E foi precisamente um dos netos de Aristides de Sousa Mendes - Gerald de Sousa Mendes – quem, em nome da família, recebeu as insígnias das mãos do Presidente da República. Na ocasião, e ao agradecer a condecoração, Gerald de Sousa Mendes deixou a garantia de que as mesmas ficarão à responsabilidade da Fundação para integrar a coleção do futuro museu da Casa do Passal.
Antes, já o Presidente da Câmara Municipal de Carregal do Sal, Rogério Mota Abrantes, se tinha referido à condecoração afirmando que “traduz indelevelmente, um ato de justiça, que deve ser somado a tantos outros, em torno da figura ímpar e do ato levado a cabo pelo herói do concelho, de Portugal e do mundo”. Ao sublinhar que se trata de um “ato de elementar justiça”, acrescentou que “a condecoração atribuída é sinal inequívoco de que a justiça dos homens, mesmo que por inspirações divinas, pode tardar, mas não falta», e vem ao encontro do esforço concertado que a Câmara Municipal e outras entidades, de que destacou a Fundação e a Direção Regional da Cultura do Centro, têm vindo a fazer no sentido da reabilitação da Casa do Passal. E concluiu declarando estar “eternamente grato” pela condecoração a um filho de Cabanas de Viriato e do concelho, cidadão do mundo.”
Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu o gesto do Cônsul que caraterizou de herói porque “quem salva uma vida, salva a Humanidade. E ele salvou milhares de vezes a Humanidade. Portanto, continua vivo” Ao considerar que “não há homenagens e condecorações póstumas que devolvam toda a vida destroçada, toda a injustiça cometida, toda a perseguição inexoravelmente mantida”. Mas acrescentou é uma condecoração muito especial pois é “outorgada num tempo em que as tragédias de novas guerras e perseguições fazem chegar todos os dias as imagens dolorosas de desenraizados em busca de uma terra de liberdade, representando para a Europa o maior drama de refugiados vivido desde a II Guerra”. A distinção surgiu como “um gesto de afirmação daquilo que vale mais do que os regimes políticos, económicos, sociais e até do que as nações e os Estados: o valor supremo da pessoa humana e da sua intocável dignidade”. E concluiu “Não há nunca reparações integrais, mas há reconhecimentos de culpa, há evocações exemplares para o passado, alertas prementes para o presente, lições inevitáveis para o futuro.”
Seguiu-se a visita do Presidente da República ao interior da Casa do Passal e ao monumento do Cristo-Rei e, extra protocolo, o descerramento de uma placa alusiva aos 145 anos da Sociedade Filarmónica de Cabanas de Viriato.
A comitiva rumou depois até ao Centro Social Professora Elisa Barros Silva onde Marcelo Rebelo de Sousa inaugurou a nova unidade residencial e creche.
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