O ex-ministro defendeu ainda que o Novo Banco vai ter custos para os contribuintes
O ex-ministro do Trabalho Bagão Félix defende que a entrada da Santa Casa da Misericórdia no capital do Caixa Económica Montepio Geral é “um disparate” e diz que na associação mutualista, dona do banco, não há capacidade para fazer a supervisão dos produtos vendidos ao balcão.
Em entrevista à Rádio Renascença e Público, o economista defende ainda que não é a mudança de nome que vai resolver a situação do banco, que ontem viu aprovado o processo de mudança para sociedade anónima, podendo agora ter outros acionistas no seu capital.
Questionado sobre se estava preocupado com a situação na mutualista, Bagão Félix admitiu estar preocupado “enquanto português, cidadão e contribuinte”. E defendeu que a entrada da Santa Casa no capital da Mutualista é “um absoluto contra-senso, um disparate” porque a Santa Casa visa favorecer quem tem mais dificuldades e não fazer parte do capital económico de um banco.
Bagão Félix admite que o ministério do Trabalho, que tem a tutela da Mutualista, e onde já foi ministro, não tem capacidade para fazer a supervisão dos produtos vendidos aos balcões da Caixa Económica. “A supervisão é fundamentalmente formal, processual e de pura fiscalização”, acrescentando que “quanto à supervisão relativamente aos produtos evidentemente que não há ninguém”.
O ex-governante, contudo, recusou comparar “o incesto financeiro que havia entre o BES e os acionistas a montante” com a situação no Montepio. Contudo, frisa que os associados da Mutualista “não sabem distinguir entre o depósito que têm na CEMG e um produto de capitalização pertencente à AMMG que foi vendido na CEMG”.
Sobre a mudança de nome do banco Bagão Félix defende que “não resolve nenhum problema” e que não se deveria mudar o nome.
Já sobre a recusa de Tomás Correia, arguido em dois processos, de sair da Mutualista, Bagão Félix considera que “é uma questão que depende de cada um” mas garante que, no seu caso pessoal, “no dia seguinte não estaria em funções”.
“Venda do Novo Banco vai ter custos para os contribuintes”
Sobre a venda do Novo Banco, Bagão Félix garantiu que o processo vai ter custos para os contribuintes – em linha com o que já tinha dito o ex-ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, em entrevista ao Dinheiro Vivo.
“Era bom, é um desejo, mas de desejos desses estamos todos fartos”, afirmou. Para o economista a operação terá custos porque “o dinheiro que o Estado emprestou ao Fundo de Resolução é dinheiro que teve de pedir emprestado. O primeiro custo é o custo do empréstimo ao Fundo de Resolução”.
“Quase 20% do FR é constituído pela CGD, logo, se a garantia dada de 3890 milhões tiver de entrar em funcionamento, recai por via de menor distribuição de dividendos ao único acionista que é o Estado e pela possibilidade de ter de aumentar capital”. Além disso, há a dívida do Fundo de Resolução que só será pago em 2046 e a questão da troca de obrigações, que Bagão Félix considerou “muito frágil”.
Fonte: Dinheiro Vivo
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