quinta-feira, 6 de abril de 2017

Eu, Psicóloga: Seu filho precisa de terapia?


Um comportamento diferente ou uma dificuldade inesperada de seu filho, um acontecimento traumático, uma reação surpreendente: o que pensar e qual atitude tomar na hora em que bate a dúvida de procurar um psicólogo. Saiba aqui que tipo de situação, quais especialistas você vai encontrar e por que não há razão para ter preconceito ou se sentir fracassado

Quando planejamos ou temos um filho, a felicidade e a responsabilidade são tão grandes que muitas vezes nos parece uma missão impossível. Mesmo que a jornada já tenha começado. Diante de um conflito – de não conseguir que a criança saia da frente da TV até como fazê-la entender que seus pais não vão mais morar juntos –, é legítimo achar que a força de ser mãe ou ser pai vai desmoronar. Mas também legítimo é entender que pode precisar de ajuda. De alguém da família, de um educador da escola, de um amigo ou, sim, de um terapeuta. Mas quem é esse profissional? Como entender esses vários “psis” disponíveis?

Psicólogo, psicanalista, psicopedagogo e psiquiatra são alguns dos especialistas apoiadores dos pais, desde um caso de transtorno comportamental diagnosticado a uma dificuldade pontual emocional. Ah, mas antigamente não precisávamos deles, alguém pode dizer. Verdade, sabe por quê? Antes sabíamos menos sobre o que se passa na infância. O preconceito contra esse tipo de atuação profissional está diminuindo porque temos informações melhores. As questões da saúde evoluíram tanto que é praticamente impossível só um profissional dar conta de um ser humano do ponto de vista clínico, orgânico, mental, emocional.

Claro que não é fácil enxergar um problema no filho. Para ninguém. Qual pai ou mãe não luta todos os dias para que ele seja feliz? Os pais têm sempre um filho imaginado, e, às vezes, não conseguem aceitar o filho real, assumir para si mesmo que ele é diferente do esperado. É difícil não se culpar, não se decepcionar ou até sentir um certo ciúme de que outra pessoa vai ajudá-lo e não você . Outra dificuldade pode ser a de não querer acreditar que o filho, de fato, tem algum problema e sempre buscar uma justificativa para o comportamento dele. Aceitar a realidade não quer dizer que você falhou.

Mas quando procurar ajuda? 

Há dois sinais mais fortes. “Primeiro, se a criança ou adolescente tem um problema acadêmico. Não uma nota baixa, mas quando realmente se percebe que não está aprendendo. Segundo, se tem algum prejuízo de relacionamento social. Se exclui ou é excluído, é impulsivo demais, fica isolado no recreio, não tem amigos. Com a criança sofrendo, investigue”, diz o psiquiatra Gustavo Teixeira,  autor dos livros Manual Antibullying e Desatentos e Hiperativos (ambos da Ed. BestSeller). 

Juntos pela criança

Parceria e foco são fundamentais. Não adianta ter uma série de intervenções se os pais possuem uma conduta inapropriada. Indiretamente, eles quase que passam por um processo terapêutico também. Muitos temem que a criança fique dependente da terapia. Mas, na verdade, o objetivo é justamente fazer com que ela caminhe sozinha.

Por isso, os pais precisam saber o que está acontecendo com a criança o tempo todo. Para entenderem que tipo de proposta o profissional oferece. É um o que vamos fazer para que seu filho consiga lidar melhor com o que está acontecendo,  afirma ele, que também é psicoterapeuta. O profissional verá primeiro os pais, perguntará sobre a concepção e o parto, os primeiros anos de vida, se teve doenças, como é a questão da alimentação, sono etc., e qual a queixa. Só depois a criança entra e, se necessário, começam as sessões . Nelas, a criança vai ser submetida a testes específicos, mas ela achará que está brincando. Se avalia tudo, pensa nos encaminhamentos, que podem ser desde a terapia, uma consulta a um neurologista ou até fazer uma atividade física.

As alterações de comportamento da criança são mais facilmente percebidas na escola. O diagnóstico de um problema é frequentemente feito pela professora, que tem contato quase todos os dias do ano com a criança.

Paciência e foco

Se o diagnóstico exige habilidade do profissional, o tratamento pede paciência. É bem diferente de identificar um sintoma, levar ao médico, fazer o exame no laboratório, tomar o remédio e aguardar a cura. O tempo do tratamento varia conforme o caso e o método.
Paciência, rede de assistência e informação são os ingredientes principais, não só na hora de optar por levar a criança ao terapeuta, mas para lidar com ela todos os dias. Criança não vem com manual, todos erram e podem corrigir seus erros. A ideia é ajudar os pais a desenvolverem melhor a capacidade de ser pais daquela criança.

Para cada caso, uma ação

Os sintomas e diagnósticos variam. Fundamental é o primeiro profissional a atender a criança – seja o pediatra, psiquiatra, psicólogo ou psicanalista – fazer o encaminhamento necessário. 

Por Debora Oliveira

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