quinta-feira, 6 de abril de 2017

ANTÓNIO COSTA, O SOCIALISTA MAIS FELIZ DA EUROPA



Pode ser que Martin Schulz ainda venha a ganhar as eleições na Alemanha e resgate os socialistas europeus da irrelevância em que se transformaram. 

Ana Sá Lopes – jornal i, opinião

As sondagens que recentemente deram o SPD, que agora candidata o antigo presidente do Parlamento Europeu, taco a taco com o partido de Angela Merkel produziram alguma alegria nos tão debilitados sociais- -democratas da Europa. Não havendo (pelo menos ainda) um social-democrata no poder na Alemanha, António Costa é o único rosto vitorioso entre os amarfanhados socialistas europeus.

Vitorioso não porque o PS tivesse conseguido ganhar as eleições – perdeu-as contra todas as probabilidades estatísticas depois de quatro anos de governo de troika –, mas pela sua capacidade de negociar um acordo com a esquerda que não só lhe permitiu ascender ao poder como cumprir escrupulosamente os compromissos europeus, ter paz social (há poucas manifestações e greves sem grande dimensão) e fazer o seu partido disparar nas sondagens muito para além do resultado obtido nas legislativas. Não é pouco. Agora, na entrevista que deu ontem à Renascença, António Costa vem anunciar que, mesmo no caso de ter maioria absoluta nas próximas legislativas, gostaria de ter na mesma uma “geringonça” para governar o país.

É normal que assim pense: poder governar com o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda desde que não esteja em causa a Europa é uma bênção para qualquer governo socialista, nunca até agora experimentada. Conseguir renovar o acordo com maioria absoluta seria extraordinário. Não é fácil, para o Bloco e para o PCP, responder a este ato de prodigalidade do primeiro-ministro, ainda que as eleições venham longe.

Na realidade, BE e PCP só têm força negocial se o PS não tiver maioria absoluta – caso contrário, transformam-se em partidos- -vereadores do executivo, um pouco como aconteceu com Sá Fernandes e Helena Roseta. Dar um não rotundo à proposta de Costa pode estimular o voto útil. Como é que o nosso primeiro-ministro não haveria de ser o socialista mais contente da Europa? 

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