Numa intervenção pública, o ex-presidente brasileiro admite que as acusações de que é alvo na operação Lava Jato lhe dão vontade de disputar a eleição.
O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva defendeu este sábado o rápido afastamento de Michel Temer da presidência do país e prometeu defender a realização de eleições diretas para a escolha do próximo chefe de Estado.
"Nós queremos eleições diretas, queremos que o Temer saia logo. Não queremos um presidente eleito indiretamente [pelo Congresso brasileiro], mas pelo povo brasileiro. Seja quem for, não importa quem for. Podemos até perder, mas que seja em processo democrático", disse Lusa da Silva, citado pela agência Efe.
"Podem ter a certeza de que estarei na trincheira com vocês para recuperar a democracia neste país", acrescentou.
O antigo presidente reiterou, por outro lado, que as acusações de que é alvo na operação Lava Jato lhe dão "vontade de disputar a eleição".
"Eu tinha imaginado que não seria mais candidato a nada. Agora, com essa provocação, quantidade de denúncia, arrumando coisa toda a semana, isso me dá vontade de disputar a eleição" presidencial, afirmou Lusa da Silva, num discurso de posse da nova direção de uma delegação do Partido Trabalhista no município de São Bernardo do Campo do Estado de São Paulo.
Réu em três processos no âmbito da operação Lava Jato, Lula reconheceu, porém, que a sua candidatura depende de não ser condenado em segunda instância pela justiça, o que o deixaria na condição de não-elegível, de acordo com a Constituição brasileira.
Esta foi a primeira vez que Lula fez declarações públicas desde a revelação na passada quinta-feira das acusações de gestores da empresa produtora de carne brasileira JBS contra Michel Temer, que revelam subornos a milhares de políticos de partidos de todo o espetro parlamentar, incluindo a ex-presidente Dilma Roussef e o próprio Lula da Silva.
Um dos donos da JBS, Joesley Batista, afirmou que pagava a Temer subornos desde 2010 e que, entre esse ano e 2011, lhe pagou também 100 mil reais (cerca de 27.400 euros ao câmbio atual) por diversos favores no Ministério da Agricultura.
Batista declarou ainda que acordou, em finais do ano passado, com o deputado Rodrigo Rocha, suspenso do seu mandato pelo Supremo Tribunal e próximo de Temer, que pagaria ao já então Presidente uma comissão de 5% sobre o volume de negócios de uma empresa de eletricidade da JBS que precisava de licença para operar.
O mesmo empresário declarou que manteve duas contas no exterior do Brasil, no valor de 150 milhões de dólares (133 milhões de euros) para pagamento de subornos aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Este sábado, Lula afirmou que o Partido Trabalhista pode "ensinar como combater a corrupção". "Porque ninguém criou mais mecanismos do que o PT nos doze anos de poder".
Fonte: Lusa
Foto: Nacho Doce/Reuters
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