Conclusões revelam que a doença não é uma consequência inevitável do envelhecimento e existem fatores que podem ajudar a prevenir o seu aparecimento
Um relatório elaborado pela Lancet Commissionconcluiu que a demência não é uma consequência inevitável do envelhecimento e que existem nove fatores, em várias fases da vida, que quando eliminados podem prevenir a doença.
"Existem várias coisas que os indivíduos podem fazer, bem como a saúde pública e as suas politicas, para reduzir os números de pessoas que desenvolvem demência", disse Gill Livingston, coautor do relatório e professor de psicologia na Universidade College London, em declarações ao The Guardian.
O estudo sugere que os indivíduos devem seguir uma dieta mediterrânica, manter um peso saudável e controlar a pressão sanguínea. Os resultados revelaram ainda que 35% dos casos de demência podiam, na teoria, ser prevenidos, sendo que 9% estão ligados à perda de audição na meia-idade, 8% ao abandono escolar antes de completar o ensino secundário, 5% ao facto de ser fumador em idade avançada e 4% estão ligados a casos de depressão na velhice.
Os restantes cinco fatores passam pelo isolamento social, os diabetes tardios, a alta pressão sanguínea, a obesidade e a falta de exercício, sendo estes potenciais riscos para o aparecimento da doença.
Os autores do relatório admitem ainda que a estimativa de mais de um terço dos casos poderem ser evitados é o melhor cenário, sendo os números do estudo baseados numa séria de premissas que incluem o anulamento de cada um dos fatores referidos. "Penso que a realidade contempla apenas 5% dos casos", afirma Clive Ballard, coautor e professor na Universidade Exeter. Ainda assim essa percentagem iria corresponder a uma redução de 5.000 casos por ano no Reino Unido.
Os autores reconhecem ainda que, em alguns dos fatores, não é claro se as intervenções iriam reduzir o risco de demência ou apenas retardar o seu inicio. Existem também incertezas em relação a fatores como a depressão e o isolamento social, não sendo evidente se estes aumentam o risco da doença ou se as mudanças no cérebro que levam à demência possam estar também por trás dessas questões.
Ainda assim, Doug Brown, médico e diretor de pesquisa na Alzheimer's Society, afirma que o facto de a estimativa apontar para o facto de mais de um terço dos casos poderem ser prevenidos é um motivo de celebração, não esquecendo também as dificuldades que isso acarreta.
"Nem todos os nove fatores identificados são facilmente modificáveis, como uma educação pobre ou o isolamento social. Mas existem fatores fáceis como a pressão sanguínea e o tabaco", disse também ao The Guardian.
Os autores do relatório afirmam ainda que apenas uma intervenção que atrase o inicio e a progressão da doença, mesmo que por um ano, pode ajudar a diminuir os casos de demência em todo o mundo em nove milhões, no ano de 2050.
Fonte: DN
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