sexta-feira, 21 de julho de 2017

Shepard Fairey: “A arte política nunca foi tão necessária como hoje”

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Ipsilon
 
 
  Vasco Câmara  
 
Lisboa vai ficar com murais de Shepard Fairey na zona da Graça - um deles a meias com Vhils. E esta sexta-feira, na galeria Underdogs, inaugura a exposição Printed Matters - Lisbon.
É uma primeira vez para Lisboa, que recebe a obra do artista gráfico, hoje com 48 anos, que em 2008, com o icónico HOPE, retrato de Obama a vermelho, branco e azul, passou da rua, da tensão entre legalidade e ilegalidade, para outro estatuto. Ele fala desse movimento, e trabalha de forma lúcida argumentos para a sua explicação, em entrevista conduzida por Vítor Belanciano. "Por um lado é estranho olhar para trás e perceber como tanta coisa mudou, como esses tempos em que fugia das autoridades”, recorda, “por outro consigo ligar tudo o que fiz e vislumbrar que nada de essencial mudou: sou hoje mais conhecido, mas ainda faço, de vez em quando, escapadas nocturnas pelas ruas e continuo a achar que essa é a melhor galeria possível. É verdade que já não sou visto como um subversivo, mas continuo a acreditar no pensamento independente e na mentalidade faça-você-mesmo. A única diferença é que agora tenho mais recursos e há mais oportunidades.”
Printed Matters, série que tem apresentado pelo mundo, e que a cada nova exposição vê o seu conteúdo acrescentado, tem por tema a importância que o uso de materiais impressos tem na sua actividade. Ei-lo, Shepard Faireyfotografado por Mário Lopes Pereira:
Lust for Life, de Lana del Rey, foi hoje editado. Mergulharemos nele na próxima semana, mas para já Pedro Rios conclui que Lana "parece descer do pedestal que ajudou a construir e abrir-se ao mundo, como uma pessoa normal. O ruído das discussões de outrora calou-se: podemos apreciá-la pelo seu óbvio talento."
Francisco Noronha desvenda o mistério dos Doppelgangaz, dupla nova-iorquina: "São um daqueles inexplicáveis, mas nem por isso raros, fenómenos transversais a qualquer género musical: como conceber que um grupo de tão aprimorada música, com dez álbuns (alguns exclusivamente de instrumentais) e quatro EP, tudo isto desde 2008, continue, hoje, na sombra, altamente subvalorizado?"
Isabel Lucas entrevista o Pulizer 2016, acabado de editar em Portugal: Viet Thanh NguyenO Simpatizante. Vietnamita, chegou aos EUA em 1975, com quatro anos, refugiado da Guerra do Vietname afastado dos pais e a viver com uma família de americanos “brancos” no interior da Pensilvânia. Haveria de ver Apocalypse Now de Coppola. O seu livro faz-se do desacordo com a versão Hollywood do mundo. É a história de um espião - na base, é um romance de espionagem -, alguém que carrega a ambiguidade de se sentir entre o bem e o mal, o Ocidente e o Oriente. 
"Lembro-me de crescer como um refugiado e tornei-me muito americano, mas ao mesmo tempo sentindo-me vietnamita", diz ao Ípsilon. Cresci com os meus pais, vietnamitas, em casa falava-se vietnamita, a comida era vietnamita, e enquanto me tornava americano, pensava: 'sou estranho!' Não sentia necessariamente uma duplicidade, mas como se a maior parte das pessoas não me entendesse, não importa onde estivesse. Fui buscar esse sentimento e pu-lo no meu espião. Ele é alguém com simpatia pelo comunismo mas seduzido pelo capitalismo; um revolucionário, mas também um reaccionário."
Mário Lopes já está em Barcelos no Milhões de Festa, deixou-nos uma entrevista com os faUST, banda histórica do rock experimental alemão que esta sexta-feira se encontra em palco com os GNOD para um dos concertos mais aguardados do festival: haverá betoneiras envolvidas. A cidade já não estranha os visitantes; este ano, dizem os organizadores, serão 12 mil.
Difícil dizer qual vai ser o acontecimento musical da semana. É que João Bonifácio jura por Jards Macalé. Produziu obras-primas na década de 70 - e é dele a guitarra que se ouve em Transa, de Caetano Veloso - mas era difícil, pouco comercial e o Brasil não quis saber mais dele. Toca hoje em Amarante, dia 25 actua na galeria ZDB, em Lisboa, e por fim, a 27, é a vez da Casa de Música, no Porto.
E agora peça uma obra de arte ao San Francisco Museum of Modern Art e receba-a por e-mail. Nós pedimos o mundo.

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