De acordo com a investigação, o homem agarrou a mulher pelos braços e atirou-a à água, na parte mais profunda, empurrando-a para baixo e impedindo-a de respirar
O homem de 60 anos que foi filmado a tentar afogar a mulher num rio, em Águeda, disse esta quarta-feira, no início do julgamento no Tribunal de Aveiro, que nunca teve a intenção de a matar.
Perante o coletivo de juízes, o arguido contou que os dois estavam a descarregar lenha da bateira, quando se desentendeu com a mulher, de 63 anos, porque não estava satisfeito com a forma como o trabalho "estava a render".
"A dada altura, a bateira fugiu-me, escorreguei para cima dela e caímos os dois para a água. Entretanto, puxei-a para fora", relatou o arguido, afirmando que nunca lhe passou pela cabeça "fazer-se o que se consta", o que foi desmentido pelo homem que gravou a alegada tentativa de homicídio com o telemóvel.
A única testemunha ocular dos acontecimentos, que pediu para falar no tribunal sem a presença do arguido, contou que estava a fazer uma caminhada junto à margem do rio, quando ouviu "gritos de aflição a pedir socorro".
"Corri para trás e vi a senhora em baixo de água. Ele mergulhou-a várias vezes. Ela tentava libertar-se mas não conseguia. Depois de eu gritar, ele largou-a e foi amarrar a bateira", disse a testemunha.
O arguido já respondeu em dois inquéritos por violência doméstica contra a esposa, com quem está casado há 36 anos, um dos quais foi arquivado e outro foi alvo de suspensão provisória.
Os factos ocorreram na tarde de 7 de abril de 2017, junto ao rio Águeda.
De acordo com a investigação, o homem agarrou a mulher pelos braços e atirou-a à água, na parte mais profunda, empurrando-a para baixo e impedindo-a de respirar.
A acusação do Ministério Público (MP) refere que esta situação só não teve um desfecho fatal porque um homem, que foi atraído ao local pelos gritos da vítima, disse para o arguido parar e gravou a tentativa de homicídio com o telemóvel.
O vídeo, que circulou nas redes sociais, foi entregue à GNR de Águeda, que foi buscar a vítima à casa onde vivia com o agressor, em Paredes, no concelho de Águeda, encaminhando-a para uma casa-abrigo.
Quatro dias depois do crime, o indivíduo foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) nas imediações da sua habitação, tendo oferecido resistência e agredido um dos inspetores, facto que o arguido também negou durante o julgamento.
Na sequência de uma busca domiciliária, foram apreendidas ao suspeito mais de cem munições para espingarda caçadeira e uma espingarda de pressão de ar.
O homem, que se encontra em prisão preventiva, está acusado de um crime de homicídio qualificado na forma tentada, um de violência doméstica, um resistência e coação sobre funcionário e outro de detenção de arma proibida.
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