O maior aumento aconteceu na Madeira, onde a população "ganhou" quase mais dois anos de vida. A associação Portuguesa de Demografia diz que os idosos devem vir a trabalhar até mais tarde, no futuro.
O Instituto Nacional de Estatística revelou esta quarta-feira que a esperança de vida à nascença melhorou em todas as regiões do país nos últimos seis anos, sendo agora de 80,62 anos para o total da população.
Segundo as Tábuas de Mortalidade relativas ao triénio 2014-2016, a esperança de vida à nascença em Portugal foi estimada em 77,61 anos para os homens e de 83,33 anos para as mulheres.
"Estes valores representam um ganho de 1,44 anos para os homens e de 1,14 para as mulheres" em 2014-2016, comparativamente com os valores estimados para 2008-2010, sublinha o Instituto Nacional de Estatística.
Apesar da esperança de vida continuar a ser superior para as mulheres, a diferença para os homens tem vindo a diminuir, sendo agora de 5,72 anos (face a 6,02 anos, em 2008-2010).
De acordo com o INE, observaram-se nos últimos seis anos "melhorias na esperança de vida à nascença em todas as regiões". O maior aumento registou-se na Madeira, onde a esperança de vida à nascença passou de 76,13 para 78,02 anos.
As maiores diferenças de longevidade entre homens e mulheres registaram-se na Madeira e nos Açores, onde as mulheres podem viver em média, respetivamente, mais 7,45 anos e 7,03 anos do que os homens.
Já as menores diferenças de longevidade foram encontradas nas regiões norte e centro, com 5,57 e 5,61 anos, respetivamente.
As estimativas relativas à esperança de vida à nascença mostram que em nove das 25 sub-regiões NUTS III foi superado o valor nacional (80,62 anos).
As maiores esperanças de vida à nascença foram registadas no Cávado (81,45 anos), na região de Coimbra (81,25 anos) e na região de Leiria (81,24 anos), e as menores nas regiões autónomas e no baixo Alentejo, com valores abaixo de 79 anos.
Sociedade vai ter de se adaptar
Entrevistada no Almoço TSF, Maria Filomena Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Demografia, considera que os números são "claramente, uma boa notícia". "Cada vez mais, temos mais anos à nossa frente para viver com saúde e autonomia", afirma.
A presidente da Associação Portuguesa de Demografia alerta, no entanto, que vai ter de haver uma adaptação nos modos de "ver e viver em sociedade".
"O número de anos de vida que as pessoas têm para além dos 65, atualmente, é aquele que, nos anos 40, tinham as pessoas com 40 anos. Há que aproveitar e rentabilizar toda essa capacidade que os mais velhos têm de ser úteis à sociedade e sentirem-se úteis para a sociedade".
Para Maria Filomena Mendes, essa adaptação pode passar pela transição para um regime de "trabalho em tempo parcial", na idade sénior.
"Já nos adaptámos no início da nossa vida de jovens: as pessoas já estudam até mais tarde, entram no mercado de trabalho mais tarde, casam mais tarde, têm filhos mais tarde,... Teremos de trabalhar até mais tarde, eventualmente", afirma a presidente da Associação Portuguesa de Demografia.
TSF / Lusa
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