David Dinis, Director
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Bom dia!
Aqui estão as notícias fresquinhas da manhã:
Vamos ter Xi Jinping para mais 10 anos. O congresso do Partido Comunista Chinês reelegeu o líder para um novo mandato até 2022 - e sem nomear um dirigente que se possa posicionar como seu sucessor. A Liliana Borges explica porquê.
O Senado americano protegeu a banca (e Wall Street): esta noite reverteu uma regra que deixava o sistema financeiro vulnerável a processos de clientes - e o vice-Presidente Mike Pence teve um papel decisivo (numa votação 51-50). Mas, para Trump, esta foi também uma noite com más notícias: o seu ex-director de campanha está sob investigação, por suspeitas de lavagem de dinheiro; e dois senadores republicanos retiraram-se com um claro desafio ao Presidente, diz o New York Times.
Um português foi raptado na Nigéria, na sequência de um ataque de 15 homens armados, que também tirou a vida um inspector e um sargento. A situação na Nigéria está, segundo o Wall Street Journal, a motivar queixas ao Pentágono, depois da morte de quatro soldados americanos, aparentemente enviados para um cenário de guerra sem qualquer experiência em combate.
O gelo do Árctico pode desaparecer ainda mais depressa. Um estudo concluiu agora que as estimativas dos satélites relativamente à espessura do gelo foram sobrestimadas até 25%, o que significa que as previsões científicas, que previam que o gelo do mar desaparecesse completamente até 2050, se arriscam a ser demasiado optimistas.
O próximo filme de Woody Allen está a aquecer Hollywood. A Rainy Day in New York parece escaldante quando as cenas de sexo entre um adulto e algumas menores, aspirantes a actrizes, parecem intimamente coladas ao escândalo que envolve o produtor Harvey Weinstein. A história conta-se no ípsilon.
Por cá, Marcelo condecorou Wim Wenders de surpresa. E, como é hábito, deixou o auditório da Gulbenkian de sorriso rasgado.
O que marca o dia
O debate da censura acabou com um silêncio pesado: o de uma "fria renovação de votos", para citar o Tiago Freire, subdirector do Negócios. Em síntese: a esquerda não defendeu o Governo - e limitou-se a segurá-lo no lugar. O debate ficou marcado por várias exigências e desafios. E por três palavras de Marcelo, em jeito de recomendação a Costa: "Estar à altura". No Editorial de hoje deixo o mote que sobra disto tudo: "Boa noite e boa sorte".
Já agora, anote uma diferença: na Galiza, a reabilitação das terras começou uma semana depois dos fogos.
Falamos de justiça, na manchete de hoje. Dando-lhe conta de um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que nos mostra como os nossos tribunais são na UE os mais entupidos com cobranças de dívidas. Quando voltar a ouvir falar de uma economia que devia crescer mais, pense nisto também.
Também podíamos falar de um juiz, aquele que se meteu numa polémica inevitável. Porque ontem o presidente do Supremo decidiu pedir "prudência na linguagem". Porque já há uma petição a pedir a intervenção do Conselho Superior de Magistratura. E até porque os bispos já condenaram os termos do acórdão (apesar e por causa da referência à Bíblia). No DN, a mulher que foi alvo do acórdão diz-se "cansada disto tudo" (pela voz da sua advogada).
Também temos que falar de Educação, porque há um alerta no Correio da Manhã para muitas escolas fechadas na 6ª-feira, devido à greve da função pública. E porque há um alerta para falta de fiscalização nas cantinas escolares na capa do DN e do JN.
No mundo empresarial, há boas e más notícias para a EDP: a empresa vai receber dez milhões da tarifa social em Espanha (abrindo caminho a um processo igual em Portugal); e tem um parque eólico flutuante sob pressão por falta de financiamento.
Há também um aviso para a CGD: o auditor está a alertar para os custos da reestruturação do banco, diz o Negócios.
E uma guerra aberta entre Altice e Sonae: a primeira avança com um processo, a segunda responde que não se deixa intimidar. Tudo por causa da tentativa de compra da TVI.
Uma pausa para ler...
Três especiais do PÚBLICO, para nos pôr a pensar (e a sonhar):
1º: um guia para o congresso do PC chinês. Se, a partir de agora, as ordens de Xi Jinping são leis, é importante ler o que quer dizer "sixiang", para saber o que vai ser esta "nova era". Ou saber o que quer dizer "Xitocracia", a palavra sublinhada pelo Jorge Almeida Fernandes na análise ao congresso, dedicada à obsessão de XI: "Manter o mandato celeste". E, já agora, terminar com a opinião de Carlos Gaspar, apontando o caminho da ambição de Xi: colocar a China como principal potência global. Make China Great Again?
2º: um livro sobre "um Lenine apaixonado". Aqui passo a palavra ao João Ruela Ribeiro: "Lenine, o Ditador, um Retrato Íntimo está pousado em vima da mesa. Victor Sebestyen pega no livro e antes de avançar com a conversa fixa-se no retrato da capa. O rosto de Lenine a sépia, a olhar directo, sem um sorriso, lábios fechados e nenhuma tensão aparente. Não há uma palavra sobre esse rosto. Nem título, nem nome do autor, o próprio Victor Sebestyen, jornalista, historiador, um estudioso do período da Guerra Fria que escreveu a mais recente biografia de Lenine. O livro revela uma faceta mais pessoal de Ivan Ilitch, um “Lenine apaixonado”, como escreve no prefácio, à passagem dos cem anos da Revolução Russa. É, assim, a primeira pergunta porque ele quer mesmo falar desse assunto: 'O que acha da capa? Falta-lhe um título?'". Faltará? Entre por aqui e descubra.
3. Será este o astrolábio náutico mais antigo do mundo? Logo pela manhã desta terça-feira a Universidade de Warwick fez um anúncio que despertou curiosidade: um disco de bronze que tinha sido descoberto em 2014 na costa de Omã é, afinal, o astrolábio náutico mais antigo do mundo, alegadamente de um navio da frota de Vasco da Gama. Mas arqueólogos portugueses colocam algumas dúvidas quanto à credibilidade científica do projecto. E a Teresa Serafim volta à pergunta: será este o astrolábio náutico português mais antigo?
Agenda do dia
Fechado o dossiê da censura, o Governo reabre o do Orçamento de 2018: o ministro da Segurança Social vai explicar aos deputados o que vai acontecer na Segurança Social, enquanto Mário Centeno dá o "full picture" logo às 10h00. Isto enquanto António Costa avalia os prejuízos dos incêndios, em Coimbra. No Parlamento há mais duas conversas marcadas: uma com o presidente da FPF, para medir o clima que vive o futebol português; e outra para encerrar o inquérito aos SMS de António Domingues (ainda se lembra desta?).
Atenção ainda ao Prémio José Saramago, que será atribuído esta manhã. À posse de Rui Moreira, para um segundo mandato na Câmara do Porto. E à entrevista da TVI a Santana Lopes, na pele de candidato à liderança do PSD (ou deveria dizer PPD/PSD?)
Lá por fora, atenção à visita que o Presidente alemão fará à Rússia. E à votação de mais uma denúncia contra Temer, no Senado brasileiro.
Enquanto se lança ao caminho do dia, aproveito para lhe contar que a Lonely Planet já fez a lista dos países a não perder em 2018 - e Portugal está lá. É caso para dizer: há uns meses pareceria repetitivo, agora já nos sabe bem outra vez.
Venha um dia bom, com boas notícias para todos.
Até já!
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