Pesquisa da Disney e de organizações latino-americanas mostra como crianças da América Latina se relacionam com a ciência
Quando se fala em profissões do futuro, é impossível não pensar em ciência e tecnologia. Uma pesquisa realizada por organizações latino-americanas e financiada pela Disney quer entender como as crianças de hoje estão se preparando para seguir essas carreiras e se há alguma diferença entre os estímulos dados aos meninos e às meninas.
O estudo foi realizado com crianças, pais e professores das classes médias e baixas de São Paulo, Buenos Aires e Cidade do México. "São poucos os estudos que versam sobre a desigualdade de gênero na ciência dessa região", observa Marcela Czarny, fundadora da Associação Chicos.net e coautora da pesquisa. "Apesar disso, investigar e analisar dados são passos imprescindíveis para mudar a desigualdade por motivo de gênero", afirma.
De acordo com o estudo, as crianças associam carreiras em STEM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) a pessoas que sejam “muito inteligentes e importantes”. Com isso, 60% dos meninos e meninas de seis a oito anos dizem gostar de fazer experimentos em casa, mesmo que a ciência não seja uma de suas matérias preferidas.
Gênero
Uma das preocupações do estudo foi observar se há estímulos para que as meninas se interessem pelas áreas consideradas STEM, já que a falta desse apoio pode colaborar posteriormente com a ausência de mulheres nesses setores.
O resultado é desapontador, porém não surpreendente: segundo a pesquisa, nove em cada dez meninas de seis a oito anos associam a engenharia a "afinidades e destrezas masculinas". Já oito em cada dez pais e mães afirmam que apoiariam suas filhas a seguir essas carreiras caso esse fosse o desejo delas.
“O que vemos na pesquisa é que pais e mães têm uma atitude muito mais flexível, muito mais aberta, que diz ‘faça o que você gosta, faça o que você quiser’”, afirma Gloria Bonder, coautora o estudo e pesquisadora da Faculdade Latinoamericana de Ciências Sociais da Argentina. “Há um interesse e uma preocupação por parte dos pais para que os filhos escolham o que gostem, porque assim eles terão mais êxito”.
Metade dos pais também considera que a baixa participação das mulheres nessas áreas é consequência dos poucos estímulos que elas recebem da família e da escola. Outros 33% acreditam que isso ocorre simplesmente porque elas não gostam dessas carreiras.
A maioria dos adultos entrevistados não vê diferenças no desempenho escolar entre meninos e meninas. Entre aqueles que acham que há essa diferença, a maioria acredita que as meninas se destacam mais em ciência e os meninos em matemática e informática.
Na escola, dois terços dos professores não acredita que haja diferença no desempenho de meninos e meninas em STEM. Os docentes paulistanos creem que o raciocínio lógico-matemático pode ser desenvolvimento independentemente do gênero e que as novas gerações têm muita facilidade para desempenhar carreiras em ciência e tecnologia.
Para somar
As crianças paulistanas adoram matemática. O estudo ressalta que o interesse pela disciplina dura toda a infância e que ela é uma das mais queridas pela criançada, junto com Educação Física.
Já os pequenos de Buenos Aires e Cidade do México não curtem tanto a matéria. Entre as meninas de seis a oitos anos, o interesse por matemática cai 30% e, dos nove aos dez anos, a porcentagem sobe para 40%.
“Acreditamos que isso se deve a forma de como a matemática é ensinada nas escolas brasileiras. Provavelmente, envolve um aprendizado mais lúdico do que em outras cidades da América Latina”, explica Bonder. “A pesquisa pode servir como ferramenta para ajudar professores a trabalharem o tema em sala ou provocar mudanças em políticas públicas”, avalia Belén Urbaneja, diretora de Corporte Citizienship e Brand Management da Disney na América Latina.
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