terça-feira, 29 de maio de 2018

Eu, Psicóloga | Como ser um bom parceiro para alguém que sofreu trauma sexual


Para quem quer ser um bom parceiro para alguém que passou por esse tipo de trauma, saiba que os sintomas de transtorno de estresse pós-traumático da pessoa podem surgir a qualquer momento, então é importante entender como reagir com respeito e sensibilidade. Abaixo veja algumas dicas para quem quer ser um parceiro que apoia uma pessoa que experimentou um ataque sexual.

Comunicação é a chave

Isso inclui comunicação verbal e não-verbal, então ouvir alguém é tão importante quanto compartilhar pensamentos e sentimentos. Também é importante garantir que a pessoa que sofreu o trauma te aborde e fale sobre isso em seus próprios termos. Tente não pedir detalhes, mesmo se você acha que eles podem te ajudar a entender. Quem sofreu um ataque pode achar difícil confiar em outras pessoas. Uma comunicação forte pode garantir que você dê espaço quando a pessoa precisar, e pode equipá-la com o que ela precisa para se sentir confortável.

Crie diretrizes para o sexo

Pode não ser uma conversa divertida, mas não tem como contornar. Seja você casado, solteiro ou num relacionamento, sexo precisa ser totalmente consensual. Parece uma coisa óbvia, mas você ficaria surpreso. Pergunte até pode ir e como pode ir. Lembre-se que uma vítima de abuso ou ataque sexual muitas  vezes tem alguns gatilhos que ela/ele nem percebe. Pode ser o cheiro, o toque, o olhar, por isso pergunte sempre até onde pode ir e como ela gostaria que fosse.

Com sobreviventes de ataque sexual, coisas assim podem ser uma renovação do trauma e prejudicar a confiança e a sensação de segurança que existiam antes. Deixe seu parceiro te dizer, e pergunte, sobre atividades sexuais ou tipos de toque que podem ser um gatilho. Crie diretrizes com seu parceiro e as mude conforme vocês acharem melhor no futuro.

Encontre intimidade além do sexo

Toque físico é uma parte importante da intimidade, mas não é tudo. Em The 5 Love Languages, o autor Gary Chapman compartilha como as pessoas podem mostrar suas emoções de cinco maneiras diferentes, incluindo toque, atos de serviço, palavras de afirmação, passando tempo juntos e com presentes. Sexo é só um jeito de ter intimidade com seu parceiro. O jeito como seu parceiro escolhe comunicar seu afeto é um aspecto importante da personalidade dele para explorar, especialmente se a pessoa sofreu trauma sexual.

Busque empatia

Pode ser difícil para alguém que experimentou um ataque sexual se sentir confortável o suficiente para compartilhar sua história. A melhor coisa que você pode oferecer é compaixão e empatia sem julgamento ou resistência. Reconheça quão difícil deve ser para alguém compartilhar essa informação. Não questione a história da pessoa, nem faça perguntas inapropriadas como “o que você fez para isso acontecer” ou o que a pessoa estava vestindo. Declarações assim indicam ignorância com nossa cultura do estupro e sobre como as vítimas precisam ter feito algo para o estuprador atacar, e ignorância sobre como nosso sistema é antagonista com os sobreviventes, tornando a queixa indesejável e recurso legal improvável.

Saiba se e quando terminar

E respeite seu parceiro se ele ou ela pedir um tempo. Términos já são difíceis por si só. Não tem um jeito fácil de terminar algo que teve sentido, mas todo mundo tem razões diferentes para querer terminar um relacionamento. Se seu parceiro quer terminar, você pode não entender o porquê, mas é a prerrogativa e o processo de cura dele ou dela.

Mais importante, vítimas de ataque precisam nutrir autocompaixão. Se curar de um trauma é uma jornada, então apoie seu parceiro no processo de cura, seja lá como esse processo seja para ele ou ela. E sabia: TEM CURA. Caso seja necessário, procure ajuda de algum psicólogo para lidarem com melhor com essa fase.

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