Plinio Maria Solimeo
Por muito tempo o socialismo na Suécia foi apresentado como modelo de sucesso pelos níveis de prosperidade que proporcionava, graças à ação de um Estado forte e protetor, que provia em tudo às necessidades de seus súditos. Fornecia-lhes entre outras coisas saúde e educação grátis, e amparava os trabalhadores com benefícios trabalhistas pioneiros através de uma política laboral sem precedentes.
Sobretudo era louvado o individualismo sueco, fruto de um modus vivendi consumista alentado por um socialismo “light”, fautor dessa prosperidade.
Um dos grandes propulsores desse individualismo foi o Primeiro-Ministro Olof Palmer [foto] com seu programa “A família do futuro: uma política socialista para a família”, lançado em 1972. Visava ele obter uma forma “nova” de família que “libertasse o indivíduo dos laços familiares”para dar-lhe uma independência e autonomia de acordo com o seu direito humano fundamental.
É claro que o cidadão sueco podia ter família. Mas podia também libertar-se das “cargas familiares” que geram dependência, para ter a “liberdade” de escolher só as relações reais que quisesse estabelecer, enquanto o Estado tutelaria e se encarregaria das relações que considerasse “onerosas”.
Assim, segundo esse programa, uma mulher que dependesse economicamente do marido não seria verdadeiramente livre, pois essa relação não seria autenticamente voluntária, porque gerava dependência. Então o Estado deveria intervir para dotar a mulher dos recursos econômicos que lhe dessem maior independência.
Desse modo o Estado geraria as condições econômicas e sociais que oferecessem sustentabilidade aos cidadãos, para tornar “genuinamente autênticas” do ponto de vista socialista as relações entre eles.
O isolacionismo sueco
Ora, esse programa incentivava assim o isolacionismo e o egoísmo, levando cada um a pensar só em si, sem se importar com os outros.
Qual foi a consequência disso? Comenta o jornalista Mario Silar: “Passados mais de quarenta anos da aplicação das políticas sociais inspiradas no manifesto, a realidade é que a metade da população sueca vive só, e segundo um estudo da Cruz Vermelha sueca, 40% da população afirma sentir-se só. E no tocante à relação entre homens e mulheres, o ideal de independência não se deteve simplesmente na independência econômica. As mulheres suecas são as melhores clientes dos bancos de esperma existentes”[i].
Realmente, segundo recentes estatísticas, um de cada dois suecos vive só, e um de cada quatro morre em solidão. É a taxa mais elevada do mundo.
O mais aterrador é que muitos dos anciãos que morrem sós em seus domicílios sem serem reclamados por ninguém, às vezes só são percebidos quando o mau cheiro do corpo em putrefação alerta os vizinhos…
A praga do divórcio e Baixa taxa de nascimentos
Ocorreu também que em 1974, para dar mais liberdade aos cidadãos, a lei sobre as separações foi alterada para acelerar a obtenção do divórcio. O que fez com que seu número aumentasse de 20 a 25 mil a cada ano nos últimos 40 anos. Desse modo, 47% dos casamentos no país terminam em divórcio[ii], uma das taxas mais altas do mundo. Outra consequência foi fazer com que a taxa de casamentos se tornasse também uma das mais baixas.
Mas não é só isso. Também em consequência da tendência isolacionista criada, muitos casais não querem ter filhos. O que faz com que a taxa de nascimentos no país seja uma das menores do mundo, apesar de ao nascer um filho um dos pais possa ficar em casa por até um ano, recebendo 80% do salário.
Entretanto, não é a família que deve cuidar da educação dos filhos, mas o Estado sueco, que determina como eles devem ser educados. Promovendo a “teoria de gênero” nas escolas, o Estado determina que as crianças sejam tratadas promiscuamente, sem diferença de sexo, como “criaturas de gênero neutro”, incentivando desse modo os meninos a se “efeminarem” e as meninas a se “masculinizarem”.
Isso é feito desde a mais tenra idade nas creches estatais, depois nas escolas primárias públicas, secundárias e universidades, tudo dirigido pelo Estado todo-poderoso. Pelo que não incumbe mais aos pais a decisão sobre como educar os filhos, pois eles são “protegidos” pelo Estado. Assim, se um pai discutir em voz alta com o filho, ele pode ser alvo de uma denúncia criminal.
Nesse sentido o Estado é um ditador ferrenho e implacável. Após confessar que a educação de seus filhos incluía leves palmadas, um casal teve que pagar uma multa equivalente a dez mil dólares. Mas não ficou só nisso. Apesar de o tribunal reconhecer que eles “tinham um relacionamento amoroso e muito cuidado com seus filhos”, estes foram separados deles e enviados a um orfanato. Pode ocorrer também que, se uma filha menor quiser abortar até a 18ª semana, ela tem toda a proteção do Estado, não precisando da autorização nem do conhecimento dos pais.
Crescimento dos suicídios e das drogas
Criados desde pequenos numa doutrina ateia e amoral, tutorados por um Estado-patrão que tira todo o incentivo à iniciativa privada, sem o amparo protetor da religião e da família, não encontrando explicação para a sua existência, muitos jovens preferem pôr fim à vida. O suicídio se tornou assim uma das causas mais comuns de morte na Suécia entre pessoas entre 15 e 44 anos de idade.
Igualmente — como consequência dessa orientação ateia e materialista do socialismo e da tutela e controle férreo do Estado na educação desde a infância — a partir dos sete anos as crianças já recebem aulas de educação sexual na escola, tornando a Suécia um dos países menos religiosos do mundo. Segundo pesquisa realizada em 2005 por um instituto da Comissão Europeia, apenas 23% da população diz crer em Deus, 53% afirmam que creem em algum vago ser superior ou força vital, e 23% se declaram ateus. De modo que o Estado sueco dá muito, mas cobra um preço altíssimo, não só em impostos, mas, sobretudo, porque domina a alma e a vida dos suecos, especialmente das crianças.
Como não podia deixar de suceder a uma política socialista que dá plena liberdade a seus cidadãos, a Suécia foi o primeiro país no mundo a liberar o uso de drogas. Mas como isso provocou um aumento acentuado da criminalidade e dos suicídios, o governo foi obrigado a recuar, reprimindo atualmente o tráfico e o uso de drogas.
Fim do “paraíso” sueco?
Com tudo isso, muitos analistas comentam que terminaram os “anos dourados” do socialismo liberal na Suécia. Fala nesse sentido o resultado das eleições gerais de setembro de 2018, quando o bloco no qual estava o partido que governava o país há várias décadas teve uma insignificante vantagem de 40.7% contra 40.2% sobre o bloco do centro-direita.
É claro que isso se deveu em muito grande medida ao problema da imigração, sendo sintomático que nunca se falou tanto em “ordem pública” e “segurança”, e tão pouco em “saúde e educação” — dois ídolos socialistas — em uma campanha eleitoral sueca. Isso ocorre porque, depois que o país abriu indiscriminadamente suas portas à imigração, ocorreu o seguinte: “Na pacata Suécia, cenas de tiroteios entre gangues criminosas e carros incendiados nos subúrbios menos favorecidos, além de denúncias de estupros e ataques esporádicos com granada a delegacias de polícia, trazem a questão da integração e da segregação ao centro do debate político. E alarmam uma parcela da população, tradicionalmente pouco habituada a manchetes policiais: em 2017, a violência entre gangues rivais nos subúrbios suecos, marcados pela segregação e pelo alto índice de desemprego entre imigrantes, deixou 40 vítimas”[iii].
ABIM
[i]El infernal “paraíso” de lasociedad sueca, Mario Silar, disponível em https://mail.google.com/mail/u/0/h/vlmk7zcaz20d/?&th=159e0dcb52e27076&v=c
[iii]Claudia Wallin, Suécia: eleições devem confirmar avanço de partido da extrema-direita e anti-imigração, disponível emhttp://br.rfi.fr/europa/20180907-linha-direta-eleicoes-legislativas-que-serao-realizadas-neste-domingo-na-suecia-deve. Ver também Claudia Wallin, Suécia: eleições devem confirmar avanço de partido da extrema-direita e anti-imigração, disponível emhttp://br.rfi.fr/europa/20180907-linha-direta-eleicoes-legislativas-que-serao-realizadas-neste-domingo-na-suecia-deve
site oficial Litoral Centro http://litoralcentro-comunicacaoeimagem.pt/
Nenhum comentário:
Postar um comentário