José Carlos Góis |
Especialistas de oito países (Alemanha, Estónia, França, Noruega, Portugal, Reino Unido, Roménia e Suécia) criaram um programa de formação que visa uniformizar a avaliação de competências de profissionais que empregam explosivos no desmonte de maciços rochosos em toda a Europa, de acordo com os padrões da EFEE – European Federation of Explosives Engineers (Federação Europeia de Engenheiros de Explosão).
José Carlos Góis, docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), é o especialista português em engenhos explosivos que participa no projeto.
Este plano curricular de formação foi desenvolvido durante os últimos três anos no âmbito do projeto PECCS – Pan-European Competency Certificate for Shot firer/blast designer (Certificado de Competência Pan-Europeu para operadores / projetistas de explosivos), financiado pela União Europeia através do Programa Erasmus+. Além de cientistas, participam instituições de formação profissional, associações ligadas à aplicação de explosivos e empresas de consultadoria na área da aplicação de explosivos.
O grande objetivo deste projeto «é aumentar a segurança no uso civil de explosivos e melhorar as possibilidades de formação profissional e de mobilidade dos operadores europeus de explosivos», explica José Carlos Góis.
Atualmente, esclarece o investigador do Laboratório de Energética e Detónica (LEDAP) da FCTUC - o único laboratório nacional de investigação e desenvolvimento a trabalhar com produtos explosivos -, a qualificação exigida aos profissionais que trabalham com explosivos é muito diferente em toda a Europa. Por isso, «um operador de explosivos que pretenda desempenhar a sua profissão noutro país enfrenta grandes dificuldades até conseguir obter o reconhecimento do seu certificado de habilitação. A mobilidade de cidadãos entre países que os tratados da UE consagram não funciona neste setor de atividade».
O PECCS «foi idealizado para responder precisamente a este tipo de problemas. O principal objetivo é criar um curso que permita aos seus participantes obter um certificado universal, que seja aceite em todos os países membros da EFEE [atualmente representa 25 países]», salienta.
O material didático formulado pelos especialistas está dividido em oito capítulos (cada parceiro é autor de um capítulo), suportados por um guião explicativo dirigido ao formador. A este material, mais teórico, é acrescentado em cada capítulo um conjunto de questões e exercícios de aplicação. Todo o material está escrito em inglês, mas o objetivo é traduzir para várias línguas, incluindo português.
O plano de formação aborda questões de segurança, perigosidade dos produtos explosivos, características de fabrico, armazenamento, transporte e aplicação de explosivos, bem como geologia, perfuração, teoria do desmonte com explosivos, vibrações e ambiente.
Para obtenção de feedback do material desenvolvido e recolha de contribuições para algum tipo de aperfeiçoamento necessário, ao longo do projeto realizaram-se três cursos de teste (em Estocolmo, Suécia; Paris, França; Dresden, Alemanha), que foram avaliados por especialistas na área da engenharia de aplicação de explosivos em operações de desmonte de maciços rochosos (minas, pedreiras, túneis, etc.)
Com o objetivo de garantir a qualidade e credibilidade da formação, os cursos e os materiais de formação agora produzidos serão avaliados de três em três anos por peritos.
Cristina Pinto
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