A Câmara de Mira informa em comunicado, que serão investidos 354 mil euros na requalificação dos viveiros da Barrinha, após um longo processo negocial com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que culminou numa candidatura bem-sucedida a fundos comunitários.
"Foi um processo demorado, mas que irá transformar completamente aquela zona", explica o presidente do município, Raul Almeida. O autarca sublinha que foi preciso negociar a cedência da gestão dos viveiros com o ICNF e depois assegurar financiamento para a intervenção, através de uma candidatura ao Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP).
A comparticipação do FEAMP será de 301 mil euros, cabendo à Câmara de Mira assegurar a verba em falta. As obras arrancam num prazo de três meses, provavelmente ainda durante a época balnear, devendo ficar concluídas em Dezembro de 2019.
O acordo com o ICNF só foi possível depois de o Governo ter aprovado, em Conselho de Ministros, o decreto que procede à exclusão e submissão de áreas ao regime florestal parcial, que alterou o fim de parcelas situadas no perímetro florestal das Dunas e Pinhais de Mira.
O decreto abriu ao município novas possibilidades de investimento na área do turismo, acertou os limites florestais do concelho (estabelecidos em 1917) e libertou 200 hectares de terrenos na freguesia do Seixo de Mira, para onde esteve previsto um novo empreendimento agropecuário, que não veio a concretizar-se.
Nos termos do protocolo assinado com o ICNF em junho de 2018, a autarquia assegurou, por dez anos, prorrogáveis por mais dois períodos consecutivos de cinco anos, a gestão dos antigos viveiros piscícolas e o Centro de Educação Ambiental da Barrinha de Mira.
Para aquela área, a autarquia planeou a construção de novos passadiços que facilitem a circulação, a limpeza de tanques e caminhos, a requalificação do centro ambiental, que ficará instalado numa estrutura existente que será ampliada. Esta "requalificação paisagística" deverá estar concluída no final do ano.
O comunicado refere, ainda, que "um papel muito importante estará reservado para o centro ambiental, que terá um espaço de exposições e que deverá contar com o apoio dos pescadores de arte-xávega, que irão ensinar a reparar redes e partilhar experiências. O apoio científico do projeto será dado pela Universidade de Aveiro".
Os viveiros da Barrinha foram uma grande atração da Praia de Mira nas décadas de 50 a 70 do século passado, num período pré-parques aquáticos e oceanários, mas acabaram por encerrar no final dos anos 1990 devido ao desinvestimento da ICNF na conservação dos tanques e áreas de apoio.
Os viveiros ocupam uma área de 4,5 hectares, ao longo da Barrinha, sendo a parte poente destinada às maternidades de procriação de espécies e a parte nascente, na direção do mar, destinada ao crescimento e exibição das espécies.
Os viveiros piscícolas foram construídos na primeira década do século XX, após um processo de décadas liderado pela Universidade de Coimbra.
Na altura, a região ainda enfrentava focos de malária e por isso os viveiros serviram inicialmente para a criação do peixe-mosquito, uma espécie de peixe de água doce, também conhecido pelo nome genérico de gambúsia.
Oriundo da América do Norte, o gambúsia habita normalmente em águas doces paradas e pequenos ribeiros, mas também em água salobra, alimentando-se de larvas de mosquito, vermes e zooplâncton. Foi introduzido em Portugal em meados do século XIX pelas autoridades sanitárias para combater a malária.
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