«Existe
uma associação forte e significativa entre o polimorfismo de
nucleótido simples (SNP) rs9939609 T/A do gene associado à
obesidade FTO (fat mass and obesity-associated gene) e o risco de
obesidade abdominal em meninas mas não em meninos»,
conclui um estudo publicado no American
Journal of Human Biology.
Esta associação positiva nas meninas é muito problemática devido
ao risco da obesidade abdominal para a saúde.
A
investigação foi realizada por uma equipa do Centro de Investigação
em Antropologia e Saúde (CIAS) da Faculdade de Ciências e
Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), no âmbito de um
projeto sobre “Desigualdades na obesidade infantil: o impacto da
crise económica em Portugal de 2009 a 2015”, coordenado por
Cristina Padez, e cofinanciado pelo programa “COMPETE 2020,
Portugal 2020” e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia
(FCT).
No
estudo agora publicado, a amostra foi constituída por 440 crianças
portuguesas (213 meninas e 227 meninos), com idades compreendidas
entre os 3 e os 11 anos, de várias escolas públicas da região
Centro do país.
Pretendeu-se
perceber também se a atividade física, medida objetivamente com
acelerómetros, pode moderar o efeito da variante FTO rs9939609 na
obesidade em crianças. «Surpreendentemente,
verificámos que a prática de atividade física, seja maior ou
menor, não vai atenuar a influência do gene FTO no ganho de peso
corporal em crianças, ao contrário do que se verifica em adultos,
como demonstrámos num estudo anterior realizado com jovens adultos
portugueses»,
afirma Licínio Manco, especialista em genética e primeiro autor do
artigo publicado.
«Isto
significa que é importante incentivar a atividade física em todas
as crianças, independentemente da sua suscetibilidade genética para
a obesidade, pelos inúmeros benefícios para a saúde infantil»,
acrescenta.
Comentando
as conclusões do estudo, o investigador da FCTUC entende que estes
resultados devem ser consolidados em amostras maiores e em estudos
longitudinais porque «existem
alguns trabalhos que sugerem que a prática de atividade física pode
atenuar a influência de alelos de risco para obesidade em crianças».
As meninas são um grupo de maior risco por serem mais sedentárias e
mais suscetíveis a ganhar peso.
Cristina
Pinto
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