quinta-feira, 12 de março de 2020

Hospital de S. João | Se puder, dê sangue. Banco do S. João corre risco de rutura

Foto: André Gouveia / Global Imagens

O Banco de Sangue do Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, está a registar uma "diminuição significativa" de dadores e pode deixar de ser autossuficiente em sete a 10 dias.

Sem poder garantir que esta diminuição terá a ver com o surto Covid-19, a diretora do serviço de imuno-hemoterapia, Maria do Carmo Koch, admitiu que "há um medo que não é exclusivo de Portugal", sendo "algo que se verifica em outros países e em todo o mundo" e que se tem traduzido numa "diminuição de afluência".

"A média rondava as 50 dádivas de sangue [por dia] e ontem [terça-feira] tivemos 17. Essa diferença acentuou-se mais a partir da última semana", indicou a responsável do serviço, que é autossuficiente desde 2011/2012, mas que pode deixar de ser "em sete a 10 dias", se este ritmo de dádivas se mantiver.

"Temos as reservas de sangue, mas essas reservas precisam de ser substituídas porque todos os dias temos doentes que precisam de sangue. Se as reservas não forem substituídas poderemos ter rutura. Teremos de contactar o IPST [Instituto Português do Sangue e Transplantação] e, numa última análise e hipótese, poderá ocorrer o cancelamento de cirurgias programadas", descreveu Maria do Carmo Koch à agência Lusa.

O Banco de Sangue do Centro Hospitalar Universitário de São João mudou-se para instalações renovadas no final do ano passado, tendo agora acesso autónomo face ao edifício principal e jardins do hospital, através da Rua Roberto Frias, bem como zona de estacionamento reservada a dadores. O serviço está aberto de segunda-feira a sexta-feira das 8.30 às 19.15, aos sábados das 9 às 12.30 e das 14.30 às 19.15 horas, e domingos das 9 às 12.30.

A diretora do serviço de imuno-hemoterapia descreveu que "os bancos de sangue de todo o mundo estão a apelar à dádiva porque é nestas fases críticas que mais os doentes precisam". "O sangue é um bem essencial, é um bem que salva vidas, não se produz artificialmente e os doentes ficam completamente dependentes do sangue que é doado", frisou.

Sobre restrições relacionadas com o surto de Covid-19, Maria do Carmo Koch apontou algumas recomendações, mas salientou a importância da dádiva de sangue: "As pessoas devem adiar as suas dádivas por 28 dias se vierem de países onde existe transmissão ativa ou se tiveram contactos com pessoas suspeitas ou confirmadas. Mas é muito importante que os dadores continuem a doar. É muito importante."

JN/Agências
Ontem às 17:56


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