O governador de São Paulo, João Dória, defendeu, em declarações à Lusa, aposta na vacinação para controlar a estirpe delta da covid-19 no Brasil e criticou o discurso do Presidente brasileiro sobre a eficácia da vacina CoronaVac.
Questionado sobre o nível de preocupação do governo regional em relação à variante delta, estirpe do vírus SARS-CoV-2 que gera grande preocupação no mundo, que já tem transmissão comunitária confirmada na capital do estado de São Paulo, Doria defendeu que a solução para evitar um novo aumento da pandemia passa pela vacinação.
"Vacinar. A solução para uma pandemia é a vacinação. É o que São Paulo está a fazer. Somos o estado que mais vacina no Brasil. Mais de 32,610 milhões de pessoas já foram vacinadas no estado de São Paulo, é bem mais do que a população de Portugal" destacou.
São Paulo é o estado mais populoso do Brasil e tem cerca de 46,2 milhões de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O governador 'paulista' projetou que o estado concluirá a aplicação da primeira dose de vacinas em toda a população com idade acima de 18 anos no final de agosto e disse esperar que a conclusão da vacinação com a segunda dose aconteça até fins de setembro.
"Aqui estamos em queda em [número de] casos, em internamentos e felizmente em óbitos. Nos últimos sete dias tivemos o menor índice [de mortes] desde primeiro de janeiro de 2021 e isto se deve fundamentalmente a vacinação, que protege das variantes, seja a variante delta ou outras variantes. É a vacina que nos protege", defendeu Doria.
"Sou a testemunha viva rigorosamente disto. Reinfetado que fui, estou vivo, estou bem, assintomático e apenas resguardando o isolamento como determina o protocolo, mas estou muitíssimo bem porque tomei vacina", acrescentou.
Questionado sobre declarações do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que reiteradamente coloca em causa a CoronaVac ao dizer que o medicamento "não tem comprovação científica" embora o mesmo tenha sido aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador de medicamentos do país, Doria considera que as críticas refletem o caráter negacionista do chefe de Estado.
"São comentários de um notório negacionista. Aliás o maior negacionista do mundo, classificado assim pelos veículos de comunicação em todo o mundo. Jair Bolsonaro se tornou um pária liderando um país onde ele não teve compaixão, um país onde ele como líder comprou cloroquina e não vacina", disparou o governador de São Paulo.
Bolsonaro "estimulou a não utilização de máscaras, estimulou aglomerações, tirou máscaras de crianças e chamou de covardes as pessoas que usam máscaras. É uma tristeza para o Brasil ter um Presidente que comanda o Brasil para a morte e não para a vida", completou.
A CoronaVac tornou-se alvo de uma disputa política no Brasil porque foi trazida ao país numa parceria do Instituto Butantan, ligado ao governo regional de São Paulo, com a fabricante chinesa Sinovac.
Desde que os testes e a compra da CoronaVac tornaram-se públicos, em julho do ano passado, o medicamento tornou-se alvo de críticas do Presidente brasileiro em razão do protagonismo alcançado pelo governador de São Paulo, que poderá enfrentá-lo como candidato de uma coligação de centro-direita nas presidenciais de 2022.
O chefe de estado brasileiro chegou a dizer publicamente que o país não compraria a "vacina chinesa do Doria", mas o Ministério da SAúde acabou incorporando o imunizante em seu plano de vacinação após aprovação da Anvisa, em janeiro passado.
Segundo o governador 'paulista', a CoronaVac já vacinou mais de 60 milhões de pessoas, e "salvou a vida de milhões de brasileiros exactamente por ser uma vacina eficaz e segura comprovadamente. Repito, eu tomei duas doses da vacina CoronaVac, fui lamentavelmente reinfectado, mas estou muito bem porque tomei a CoronaVac, a vacina que me manteve vivo".
O governador reafirmou as críticas a Bolsonaro: "Como pode o Presidente da República criticar a vacina adotada pelo seu próprio Ministério da Saúde? Só um psicopata como Jair Bolsonaro faz formulações desta natureza", concluiu.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar quase 550 mil vítimas mortais e mais de 19,5 milhões de casos confirmados de covid-19.
Lusa
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