“O Ciclo do Linho”, da autoria da artista plástica e ceramista
Rosário Bello, é o título e o tema da mais recente obra a integrar
o Roteiro das Artes de Proença-a-Nova: localizado no Parque Nossa
Senhora das Neves, numa das entradas da vila de Proença-a-Nova,
retrata o laborioso processo de produção do linho, desde a
sementeira até à tecelagem, passando pela ripagem, maçação,
gramação, sedar, fiação ou dobagem. Durante a inauguração, que
aconteceu no Dia do Município, a 13 de junho, o presidente da Câmara
Municipal de Proença-a-Nova destacou o importante papel da arte como
forma de aproximar as comunidades e de traduzir ofícios com tradição
no concelho. “Ao longo dos últimos anos temos pintado o concelho
com várias obras, com importância do ponto de vista cultural, em
que o objetivo é que as comunidades também sintam as obras como
suas, e do ponto de vista turístico, criando atratividade”. João
Lobo referiu ainda um outro projeto em curso no território do Pinhal
Interior – o Experimenta Paisagem – Landscape Together – que
partilha deste objetivo de criar um museu ao ar livre, com peças de
arte em locais improváveis, dando seguimento ao projeto Cortiçada
Art Fest e continuando a valorização e o trabalho no território de
inovação e investimento através da arte.
Agradecendo
a oportunidade e a “honra de ter um trabalho meu aqui em
Proença-a-Nova”, Rosário Bello apontou a liberdade de poder criar
este mural, ainda que o tema tenha sido previamente definido. Para
apresentar o ciclo do linho, as suas gentes e cultura, precisou de um
mês para preparar os 660 azulejos que compõem o mural e que tiveram
de ser cozidos diversas vezes, a 1025 graus, demorando cada cozedura
24 horas. “Desafio concluído, estou muito feliz”, referiu,
mostrando-se ainda surpreendida pelo que aprendeu sobre o ciclo do
linho desde que é lançada a semente à terra até ao momento em que
a tecedeira coloca o linho no tear para criar obras de arte.
Presente
na inauguração, o Secretário de Estado das Comunidades
Portuguesas, Paulo Cafôfo, falou da importância da memória e dos
“aspetos culturais que nos distinguem a todos. A questão do ciclo
do linho acaba por ser não só uma forma de afirmação da nossa
identidade, mas também uma forma de atratividade”. Sendo comum
também à Ilha da Madeira, de onde é natural, o governante deixou o
desafio de se fazer um intercâmbio de experiências com base no
ciclo do linho, promovendo o turismo cultural e “uma forma de
encontro das comunidades portuguesas que são o repositório das
nossas tradições”. Dando os parabéns ao Município por esta
iniciativa, Paulo Cafôfo destacou a importância de se olhar para o
futuro, projetando no presente a herança de um passado rico.
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