segunda-feira, 10 de julho de 2023

Filme realizado pelo cantanhedense Vasco Espinhal Otero. “Epopeia Gandareza” teve estreia em formato cine-concerto em Cantanhede

Lotação esgotada na sala de cinema ao ar livre improvisada junto do edifício dos Paços do Concelho, para assistir à estreia em formato cine-concerto do filme do realizador cantanhedense Vasco Espinhal Otero, intitulado “Epopeia Gandareza”.
Produzido por Cabra Cor de Rosa / Cineclub Bairrada, o filme, iniciado em 2016 e concluído em 2022, comporta elementos de vários géneros cinematográficos e foi já premiado em países como Índia, Argentina, Estados Unidos, África do Sul e Malásia.
A edição esteve a cargo de Paulo Fajardo, Samuel Filipe e Vanessa Rodrigues, com filmagens de drone de João Amorim e a banda sonora pelo projeto “Cabra Cor de Rosa” composto pelos músicos Sylvain Barreto, João Toscano, Vasco Faim, Gabriel Salvador, Vasco Carvalho, Francisco Saldanha, Carolina Pessoa, Paulo Viegas, José Miguel Pires, Carlos Pilu, Vasco Espinhal Otero, entre outros, com a produção musical a cargo de Sylvain Barreto.

Nesta estreia em formato cine-concerto, a projeção da obra foi acompanha pela atuação ao vivo da banda sonora. A metodologia deste autointitulado filme manifesto-experimental inspirou-se nos poemas sinfónicos do séc. XIX e na literatura de Carlos de Oliveira, procurando provocar sensações, tocando a dimensão sensorial de cada um.
Foi precisamente este desafio ao espetador que agradou à presidente da Câmara Municipal, Helena Teodósio, que esteve entre os inúmeros espetadores presentes na sessão.
A autarca congratulou-se com a qualidade da obra, “pela criatividade, emoção e qualidade, mas sobretudo pela inquietação que nos provocou”.
Quero felicitar todos os que estiveram envolvidos neste grande trabalho, mas permitam-me uma palavra especial ao [realizador] Vasco Otero. Que este seja o primeiro de muitos trabalhos de qualidade”, sublinhou, deixando um repto a terminar: “continuem a desafiar-nos com a vossa qualidade e o vosso talento”.
Já o realizador Vasco Espinhal Otero mostrou-se muito satisfeito pelo facto de a digressão de “Epopeia Gandareza” ter iniciado em Cantanhede, prosseguindo na região Centro e só depois expandindo ao resto do país e além-fronteiras.
Sobre o filme, o cineasta referiu que “todo o processo criativo foi delineado para proporcionar essa experiência sensorial e intuitiva, uma viagem guiada ao longo dos vários capítulos, embalada pela música original criada para o efeito”.
É importante referir que este projeto não é um evento isolado, surgiu no contexto do movimento artístico e cultural denominado Coletivo Efervescente que se iniciou há quase uma década atrás, formado por pessoas ligadas a várias artes e ofícios nascidos e/ou residentes no concelho de Cantanhede, que queriam cruzar conhecimentos e criar produtos artísticos originais aqui e com recursos de cá. A visão foi e continua a ser poder gerar e depois exportar a arte gerada no nosso concelho, de forma genuína, arrojada e diferenciadora”, concluiu.
Em “Epopeia Gandareza”, o espetador é convidado a adotar a visão de um narrador divino ou extraterrestre, vindo dos confins do Cosmos e do início microscópico da vida, que chega ao nosso planeta, chegando mesmo à região da Gândara, em Portugal.
No entanto, esta é somente uma referência, um ponto de passagem, com uma cultura própria, entre muitas desta aldeia global. As presentes ameaças ao meio ambiente são abordadas com foco nas soluções de futuro: diversidade cultural, partilha emocional e arte científica.

Paulo Cardantas

*Créditos das fotografias atribuídos a Fátima Lopes / Associação Fotografarte




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