terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Portugal volta a ser a “criança problemática da Europa”

Commerzbank defende que medidas do Governo de António Costa põem em causa "a competitividade" e o ‘rating’ de Portugal. E alerta para hipótese de um novo resgate.
Um estudo económico do Commerzbank designa o Portugal governado pelo Partido Socialista, apoiada pelos partidos à sua esquerda, como “a nova velha criança problemática”. “É questionável por quanto mais tempo o Governo continuará neste rumo”, lê-se no documento a que o Económico teve acesso.
Explicando que “algumas das medidas de austeridade já foram canceladas” – privatização dos transportes, redução nas pensões de reforma, corte nos salários acima de 1.500 euros, entre outras –, o ‘research’ do banco alemão começa por explicar que “o novo governo de esquerda de Portugal fez uma mudança fundamental na política”.
Subida ainda maior da dívida pública, retrocesso na competitividade do país – esta “poderá erodir-se de novo”, escreve o autor do relatório – risco de que “a última agência de ‘rating’ vá agora diminuir igualmente baixar o ‘rating’ de crédito de Portugal para o nível de lixo no final de Abril” são alguns dos desafios que o país enfrenta, aponta o documento do Commerzbank.
A DBRS, única agência de ‘rating’ que considera o País investimento não especulativo poderá colocar o país no nível de investimento especulativo, ou “lixo”, em Abril.
Caso a decisão da agência canadiana vá ao encontro daquilo que se lê no documento, Portugal ficaria sem acesso aos mercados financeiros e, explica o Commerzbank, o Banco Central Europeu deixaria de poder comprar dívida portuguesa sem um novo resgate ao País.
“Portugal encontrar-se-ia então numa posição similar à da Grécia no último verão. E o prestes a ser eleito novo Presidente poderá também travar o Governo”, refere o ‘research’ da segunda maior instituição financeira alemã.
“O novo Governo não está claramente a contar com a liberalização e desregulamentação para reavivar a economia. Em vez disso, está a focar-se numa política financeira mais expansionista e num maior papel do Estado na economia. E o investimento será também estimulado primeiramente através do apoio do Estado, pelo que a esperança também recai no programa de investimento da União Europeia, iniciado pelo presidente da Comissão Europeia Juncker”, indica o documento.
O Commerzbank aponta ainda que os “dois principais sucessos” do Governo de Passos Coelho – estabilização das finanças públicas e melhoria da competitividade do país –, “estão sob grande risco”.
O Governo de António Costa tentará manter o défice do país abaixo dos 3% do PIB, admite a instituição alemã, “provavelmente assumindo crescimento muito mais forte devido à política financeira expansionista que aumentará as receitas fiscais”. Considerando “muito questionável” que a despesa adicional e perdas de receita se cinjam aos estimados 2.000 milhões de euros, o Commerzbank alude ao comentário de um representante do Governo, segundo o qual só no que toca aos cortes de impostos já acordados haverá perdas anuais de 430 milhões de euros.
Neste sentido, o banco aponta “risco substancial” de o défice ficar além dos 3%. Entre um rol de previsões pessimistas, lê-se também que a “urgentemente necessária redução da dívida pública”, a qual estava quase nos 130% em 2015, arrisca ser “muito menor” que o planeado.
“Ainda mais grave” é como a instituição alemã considera as alterações nas leis sobre o mercado de trabalho e o “maior fardo de despesa sobre as empresas”.
Fonte:economico

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