segunda-feira, 4 de abril de 2016

Brasil: Português relacionado com caso Lava Jato incluído em lista comprometedora

Imagem:radiostilo.com 
O empresário português Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira, que está a ser investigado no âmbito da operação Lava Jato, aparece na lista comprometedora, divulgada este domingo por um Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.

A lista resultou de uma fuga de informação envolvendo a empresa de advogados panamiana Mossack Fonseca, revela 107 novas sociedades "offshore" ligadas a citados no caso Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção que envolve várias empresas, incluindo a petrolífera estatal Petrobras, no Brasil.

Da lista até agora revelada consta o nome de um português: Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira. O empresário deteve 14 empresas com sede nas Ilhas Virgens Britânicas - nas áreas dos minérios, gás natural e exploração de petróleo.

A venda dos direitos de exploração de um campo de petróleo, no Benim, à Petrobas acabou por envolver o empresário no caso Lava-Jato. Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira detinha - em nome da empresa Lusitania Petroleum - várias licenças de exploração petrolífera em África

O portal de notícias brasileiro UOL, um dos mais de cem meios de comunicação envolvidos na investigação, noticia que a Mossack Fonseca criou sociedades em "offshores" para pelo menos 57 indivíduos já publicamente relacionados com o esquema de corrupção na Petrobras.

Idalécio de Oliveira terá aberto várias empresas "offshores" em paraísos fiscais, meses antes de vender à Petrobras parte de um campo de petróleo no Benin, em 2011.

A Mossack Fonseca constituiu a empresa Lusitania Petroleum Holding Limited nas Ilhas Virgens, em julho de 2010, a pedido do português e sete meses depois a Petrobras comprou o campo no Benin a uma subsidiária da Lusitania Petroleum, mas nunca encontrou petróleo naquele campo da África Ocidental.

O portal UOL escreve que os responsáveis pela investigação da Lava Jato suspeitam que a transação resultou no pagamento de subornos ao presidente da Câmara dos Deputados e líder do Partido do Movimento Democrático do Brasil (PMDB), Eduardo Cunha, algo que o político nega.

O UOL cita um relatório do Procuradoria-Geral da República, de 2011, segundo o qual Idalécio Oliveira transferiu eletronicamente 10 milhões de dólares (8,7 milhões de euros) para uma conta num banco suíço, mantida por João Augusto Rezende Henriques, ligado ao PMDB.

A transferência foi feita através da Acona International Investments Limited, uma empresa sediada nas ilhas Seychelles, também registada pela Mossack Fonseca.

Segundo o relatório, semanas depois, Rezende Henriques transferiu eletronicamente 1,5 milhões de dólares (1,3 milhões de euros) para uma conta num banco suíço.

Rezende Henriques disse, em depoimento à Polícia Federal, que "a conta indicada para o pagamento pertencia a Eduardo Cunha".

Em maio de 2010, e-mails trocados entre funcionários da Mossack Fonseca sugerem que a Lusitania Petroleum foi criada para ser negociada em bolsas de valores, escreve o UOL.

Os funcionários discutiam alterações no contrato social da empresa para adequá-la às regras, e tinham também a ideia de replicar o estatuto noutras companhias "offshore" do Lusitania Group.

Entre junho de 2010 e maio de 2011, o português adquiriu ou transferiu para a Mossack Fonseca 14 sociedades "offshore".

Em maio de 2011, Idalécio Oliveira respondeu à Mossack Fonseca que os seus negócios envolviam, na altura, minas em África e no Brasil e exploração de petróleo em África, e disse ainda que entraria em breve no negócio da exploração do petróleo no Brasil e na Ásia.

A lista hoje divulgada inclui 12 líderes mundiais incluindo chefes ou ex-chefes de Estado e atuais e antigos primeiros-ministros. Ao todo são 140 políticos de mais de 50 países.

Entre os nomes divulgados encontram-se os do rei da Arábia Saudita, do Presidente da Argentina e de elementos próximos do Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.

O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação precisa que mais de 214 mil entidades "offshore", em 21 paraísos fiscais, aparecem, em 11,5 milhões de documentos, ligadas a mais de 200 países e territórios.


Fonte: dn/Lusa

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