terça-feira, 31 de maio de 2016

Que sanção?

POR PEDRO SANTOS GUERREIRO
Diretor
Pedro Santos GuerreiroMarcelo está em todas. Não é uma expressão idiomática. É literal. Está nas primeiras páginas do Correio da Manhã, do Jornal de Notícias, do Público, do Diário de Notícias, do i e do Negócios. Por causa da visita à Alemanha. Por causa das sanções a Portugal que, podendo haver, ainda não há e talvez não haja.

“Merkel seduz Marcelo” (CM), “Merkel recetiva a argumentos de Marcelo” (JN), “Vou satisfeito com o que senti e ouvi da parte de Angela Merkel” (Público), “A conversa correu muitíssimo bem” (DN), “Marcelo vai continuar a fazer avisos sobre as contas de Costa” (i).

Marcelo vai estar no museu de cera de Madrid. Marcelo é irmão de Pedro, que lhe dedicou um texto neste dia que é dia dos irmãos. Marcelo irradiou otimismo na capital alemã e hoje é isso que interessa.

Vai ou não Portugal ser sancionado por não ter cumprido a meta de défice orçamental? O Presidente não disse mas sinalizou que não. Ou sabe que não ou acredita que não. E, como disse Miguel Sousa Tavares na SIC, “Merkel sabe que Marcelo foi lá porque está numa posição de ter de pedir coisas à Alemanha”

Também Assunção Cristas por lá andou ontem e encontrou-se com a chanceler alemã, e com o presidente da Comissão Europeia, tentando sensibilizá-los para a “injustiça” de aplicar sanções a Portugal e a Espanha. Confiante está Mário Centeno. O ministro das Finanças diz que a execução orçamental de abril mostra que Portugal está “no bom caminho”.

Portugal, uma Pátria feita contra a sorte”, escreve Marcelo no Negócios, na edição comemorativa do 13º aniversário do diário de economia que há quase 19 nasceu como site na Internet. “Sempre ou quase sempre contra a sorte. Para não dizer contra o vento. Muitas vezes tarde, ou tarde demais para o que seria o cenário ideal, a reboque dos acontecimentos ou desperdiçando ensejos irrepetíveis. Mas sempre contra a sorte. E com o povo na liderança.”

Não podemos confiar na sorte”, escreve António Costa na mesma edição do Negócios, que junta depoimentos e opiniões de vários líderes políticos e económicos. Um dos artigos mais importantes é o de Carlos Costa, que escreve sobre para onde o sistema bancário deve ir, e, nisso, defende a criação do banco mau, sem nunca usar a expressão:

“Uma das medidas essenciais para repor a rentabilidade é extrair do balanço os ativos não produtivos através da venda a terceiros ou da transferência para um veículo que assuma a gestão e a recuperação do respetivo valor. Isto implica aceitar um desconto relativamente ao valor de balanço líquido de imparidades.” O texto relança o tema, que vai continuar a dar que falar.

Marcelo termina o seu texto no Negócios numa espécie de manifesto anti-Almada, que escreveu a célebre frase de que “o Povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem portugueses, só vos faltam as qualidades!” O Presidente discorda. Escreve ele:

Qual sorte! Qual ilusão de que alguém gosta mais da nossa terra, da nossa gente, da nossa História, do nosso futuro do que nós próprios! A nossa única sorte é termos nascido portugueses!”

Marcelo está em todas.

Fonte: expresso


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