POR PEDRO SANTOS GUERREIRO
Diretor
Marcelo
está em todas. Não é uma expressão idiomática. É literal. Está nas primeiras
páginas do Correio da Manhã, do Jornal de Notícias, do Público,
do Diário de Notícias, do i e do Negócios. Por causa da visita à
Alemanha. Por causa das sanções a Portugal que, podendo haver, ainda não há
e talvez não haja.
“Merkel
seduz Marcelo” (CM), “Merkel recetiva a argumentos de Marcelo” (JN), “Vou
satisfeito com o que senti e ouvi da parte de Angela Merkel” (Público), “A
conversa correu muitíssimo bem” (DN), “Marcelo vai continuar a fazer avisos sobre
as contas de Costa” (i).
Marcelo
vai estar no museu de cera de
Madrid. Marcelo é irmão de Pedro, que lhe dedicou um texto neste
dia que é dia dos irmãos. Marcelo irradiou otimismo na capital alemã e hoje é
isso que interessa.
Vai ou não Portugal ser sancionado por não ter cumprido a meta de
défice orçamental? O Presidente não
disse mas sinalizou que não. Ou sabe que não ou acredita que
não. E, como disse Miguel Sousa
Tavares na SIC, “Merkel sabe que Marcelo foi lá porque está numa
posição de ter de pedir coisas à Alemanha”
Também Assunção Cristas
por lá andou ontem e encontrou-se com a chanceler alemã,
e com o presidente da Comissão Europeia, tentando sensibilizá-los para a
“injustiça” de aplicar sanções a Portugal e a Espanha. Confiante está
Mário Centeno. O ministro das Finanças diz que a
execução orçamental de abril mostra que Portugal está “no bom caminho”.
“Portugal,
uma Pátria feita contra a sorte”, escreve Marcelo
no Negócios, na edição comemorativa do 13º aniversário do diário de
economia que há quase 19 nasceu como site na Internet.
“Sempre ou quase sempre contra a sorte. Para não dizer contra o vento. Muitas
vezes tarde, ou tarde demais para o que seria o cenário ideal, a reboque dos
acontecimentos ou desperdiçando ensejos irrepetíveis. Mas sempre contra a sorte.
E com o povo na liderança.”
“Não
podemos confiar na sorte”, escreve António Costa na mesma edição do
Negócios, que junta depoimentos e opiniões de vários líderes políticos e
económicos. Um dos artigos mais importantes é o de Carlos Costa,
que escreve sobre para onde o sistema bancário deve ir, e, nisso, defende a
criação do banco mau, sem nunca usar a expressão:
“Uma
das medidas essenciais para repor a rentabilidade é extrair do balanço os
ativos não produtivos através da venda a terceiros ou da transferência para um
veículo que assuma a gestão e a recuperação do respetivo valor. Isto implica
aceitar um desconto relativamente ao valor de balanço líquido de imparidades.”
O texto relança o tema, que vai continuar a dar que falar.
Marcelo
termina o seu texto no Negócios numa espécie de manifesto anti-Almada, que
escreveu a célebre frase de que “o Povo completo será aquele que tiver reunido
no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem portugueses, só
vos faltam as qualidades!” O Presidente discorda. Escreve ele:
“Qual
sorte! Qual ilusão de que alguém gosta mais da nossa terra, da nossa
gente, da nossa História, do nosso futuro do que nós próprios! A nossa única
sorte é termos nascido portugueses!”
Marcelo
está em todas.
Fonte: expresso
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