Um número significativo de membros da comissão executiva do PSOE, partido atualmente na oposição em Espanha, apresentou esta quarta-feira à tarde em Madrid a sua demissão com o objetivo de obrigar à destituição do secretário-geral, Pedro Sánchez.
Segundo a imprensa espanhola, os críticos do secretário-geral conseguiram reunir até ao momento 17 dos 35 membros da comissão executiva, assegurando assim a extinção dessa comissão e a destituição de Pedro Sánchez.
De acordo com a imprensa, os pedidos de demissão já foram entregues na sede do PSOE.
Segundo os estatutos do PSOE, se se demitirem metade mais um dos membros da comissão executiva terá de se celebrar um Comité Federal (o órgão mais importante entre congressos) extraordinário para nomear a nova direção do partido, formando-se uma comissão de gestão que irá organizar um congresso do PSOE para escolher um novo líder socialista.
O passo dado pelo setor crítico de Sánchez acontece três dias antes do Comité Federal que ia decidir sobre a proposta do secretário-geral de realização de primárias a 23 de outubro e um congresso a 1 e 2 de dezembro.
Pedro Sanchez entrincheirado no posto
A luta interna no PSOE sobiu de tom esta quinta-feira, com o secretário-geral a recusar-se a sair depois do setor crítico do partido ter conseguido a demissão da maioria de membros da comissão executiva.
A secretaria da Organização do PSOE, afecta a Pedro Sánchez, considerou nula a convocação feita pelo setor crítico da Comissão de Ética e Garantias, argumentando que se trata de uma convocação “unilateral” que não cumpre os regulamentos.
Os críticos pretendem que esta comissão confirme que a demissão da maioria da comissão executiva implica o afastamento de toda a direção, incluindo a de Pedro Sánchez, e a convocação de um congresso extraordinário para escolher um novo líder.
Segundo os estatutos do partido, a Comissão de Ética e Garantias só pode ser convocado pela sua presidente, María Isabel Celaá, que ainda não o fez e é vista como apoiante do secretário-geral.
Entretanto, esta manhã, a presidente da Comissão do Comité Federal (o órgão decisório máximo entre congressos) dos socialistas, Verónica Pérez, defendeu para si a condição de ser atualmente a única autoridade no partido depois da demissão quarta-feira de 17 membros da comissão executiva e dissolução dessa direção.
Verónica Pérez também pediu a convocação urgente da Comissão de Ética e Garantias para esclarecer a situação existente e afirmou esperar que ninguém estivesse sequestrado, uma alusão direta à presidente desse órgão que evita falar com ela, não lhe atendendo o telefone.
Para aumentar ainda mais a confusão, os membros que não se demitiram da comissão executiva estão reunidos esta manhã, considerando que ainda estão em funções.
Os restantes partidos políticos espanhóis esperam pela definição dentro do PSOE para poderem trabalhar uma cada vez menos possível solução para o atual impasse na escolha de um novo Governo.
Crise geral
O PSOE tem vivido uma crise interna depois de ter visto diminuir a sua base de apoio nas últimas eleições e de ter impedido o Partido Popular (PP, de direita) de formar Governo sem ter conseguido até agora apresentar uma alternativa viável.
Depois das críticas de vários dirigentes regionais, a posição de Pedro Sánchez ficou ainda mais enfraquecida após ser conhecido o resultado das eleições de domingo na Galiza e País Basco em que os socialistas recuaram para posições historicamente baixas.
Se o impasse político em Madrid não for debloqueado até 31 de outubro próximo, o rei Felipe VI terá de dissolver o parlamento nacional e convocar novas eleições.
Se isso acontecer, serão as terceiras eleições legislativas que se realizam no espaço de um ano, depois de na primeira consulta, em 20 de dezembro de 2015, e na segunda, em 26 de junho deste ano, as quatro principais forças políticas espanholas (PP, PSOE, Unidos Podemos e Ciudadanos) não terem conseguido chegar a um acordo para formar um Governo estável em Espanha.
ZAP / Lusa
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