sexta-feira, 30 de setembro de 2016

TROCA DE CANDIDATAS NA CORRIDA À ONU ABRE GUERRA POLÍTICA NA BULGÁRIA


 
A comissária europeia Kristalina Georgieva e Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU
A comissária europeia Kristalina Georgieva e Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU
O Partido Socialista búlgaro considerou uma “desgraça” a decisão do Governo de Sofia transferir o seu apoio de Irina Bokova para Kristalina Georgieva na corrida a secretária-geral das Nações Unidas, de acordo com o site do Sofia Globe.
O executivo do primeiro-ministro búlgaro, Boiko Borisov, decidiu mudar o apoio da atual diretora da UNESCO para a atual vice-presidente da Comissão Europeia, Kristalina Georgieva, depois do afundamento de Bokova na primeira fase de votações indicativas pelo Conselho de Segurança.
A Bulgária anunciou, antes da última votação do Conselho de Segurança, que ocorreu esta segunda-feira, que poderia retirar o apoio a Irina Bokova caso a candidata não figurasse no primeiro ou segundo lugares, mas esta piorou o seu resultado e teve sete votos de “desencorajamento”, contra seis “encorajamentos”.
A líder do PS búlgaro, Kornelia Ninova, disse esta quarta-feira que a mudança do apoio de Borisov é “inaceitável e inconsistente“, considerando, segundo o Sofia Globe, que apenas revela que o Governo búlgaro sucumbiu à influência externa em detrimento dos interesses nacionais da Bulgária.
Bokova, que exerce o segundo mandato à frente da UNESCO, foi sempre uma candidata incómoda para a coligação de centro-direita que governa a Bulgária, devido ao seu passado comunista e trajeto político até ao Partido Socialista (PS) búlgaro, pelo qual chegou a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros nos anos 90.
Também o partido do ex-Presidente Georgi Purvanov, saído do PS búlgaro e fundador de um dos dois partidos mais pequenos representados na Assembleia Nacional em Sofia, o ABV, considerou a decisão como “dececionante”, pela voz de uma sua deputada, Mariana Todorova.
“Pensamos que a soberania da Bulgária e do Governo búlgaro estão em causa porque [esta decisão] foi obviamente influenciada por muitos fatores estrangeiros“, afirmou Todorova, citada pelo mesmo órgão búlgaro.
A deputada considerou ainda que Georgieva “não tem hipóteses” e isto foi “confirmado repetidamente por muitos analistas”.
Gemma Grozdanova, deputada do Cidadãos pelo Desenvolvimento Europeu da Bulgária (GERB), o partido de Boiko Borisov, manifestou, em contrapartida, a concordância com a decisão, considerando que irá aumentar as possibilidade de sucesso numa candidatura búlgara ao cargo máximo das Nações Unidas.
O que interessa é o resultado final, “é uma coisa muito importante para a Bulgária, portanto olhemos para isso de forma positiva”, afirmou Grozdanova.
Mustafa Karadaya, líder do Movimento para os Direitos e Liberdades (MDL), oposição, terceiro maior partido no parlamento búlgaro, considerou que “enquanto Estado, a Bulgária já fez muito para comprometer o sucesso nesta corrida. Vemos a decisão de hoje como mais uma que prejudica a imagem do país e em nada contribui para o sucesso na candidatura”.
Dimitar Delchev, um deputado do Bloco Reformista, uma coligação de centro-direita apoiante do Governo de Borisov, afirmou que Georgieva, enquanto candidata de centro-direita, europeia, uma candidata da Comissão Europeia, uma europeia de leste é “uma boa candidata”.
“Acreditamos que a liderança das Nações Unidas deve ser assumida por uma pessoa com um pensamento de centro-direita, tal como as pessoas que dirigem o Conselho da Europa e a Comissão Europeia”, afirmou Delchev.
/Lusa

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