O banco alemão Deutsche Bank foi favorecido pelo Banco Central Europeu (BCE) nas provas de resistência realizadas este verão à banca europeia, revela esta segunda-feira o jornal britânico Financial Times (FT).
O jornal destaca que o Deutsche Bank recebeu um tratamento especial do BCE, uma vez que conseguiu incluir nos seus resultados uma operação que não estava fechada no final do ano passado.
Em causa está a inclusão das mais valias resultantes da venda da participação que o Deutsche Bank detém na entidade chinesa Hua Xia nos resultados dos testes de ‘stress’ do Deutsche Bank, ainda que o negócio não estivesse concluído no final de 2015 – a data limite para incluir estas transações nas provas de resistência.
O Deutsche Bank terá beneficiado 4 mil milhões de dólares com a venda, mas como a operação não foi fechada – algo que o Deutsche Bank acredita que vai acontecer este ano – não deveria ter sido incluída nos resultados dos testes de stress.
Este caso foi descoberto pelo FT numa nota relativa às provas do Deutsche Bank, mas nenhum dos outros bancos avaliados nos exames tiveram menções similares, ainda que muitos também tivessem transações acordadas mas não fechadas em 2015.
O FT aponta para o exemplo do Caixabank, que fechou em março uma venda de ativos estrangeiros à sua ‘holding’ industrial, a Criteria, por 2,65 mil milhões de euros, mas o BCE não autorizou que o impacto dessa venda figurasse nos resultados das provas de resistência.
Os principais bancos alemães, o Deutsche Bank e o Commerzbank, obtiveram um rácio CET1 de 7,8% e de 7,42%, respetivamente, bastante acima do mínimo requerido pelas autoridades de supervisão.
A instituição alemã, cujas ações desvalorizaram mais de 20% nas últimas semanas, usou os resultados dos testes de ‘stress’ para comprovar ao mercado a sua sólida situação, realça o FT.
“[O tratamento dado ao Deutsche Bank] é confuso”, comentou ao FT o analista Chris Wheeler, considerando que “estas circunstâncias fazem com que as pessoas que seguem a atividade dos mercados vejam com suspeição a veracidade dos resultados destas provas”.
Contactado pelo jornal britânico, o BCE indicou que “trata todos os bancos da mesma maneira, em linha com a regulação”.
O FT afirma que, sem o negócio da Hua Xia, o rácio do banco alemão teria sido de 7,4% e não de 7,8%, mas que o rácio publicado ajudou a tranquilizar os investidores que estavam cada vez mais preocupados com o capital do banco.
ZAP / Lusa
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