Foi o assunto do dia de ontem e não há como fugir-lhe. Os taxistas não arredaram pé da Rotunda do Relógio, em Lisboa, até às 3h da manhã, já sob ameaça da polícia de bloqueio e reboque de viaturas. Querem que o Governo limite o número de carros que transportam clientes da Uber ou Cabify. E querem que, dentro desse limite, metade corresponda a táxis que transitam para estas plataformas. O Governo cede noutras coisas, mas não nessa. E para a semana já há nova manifestação marcada.
Do dia de ontem, ficaram as imagens de violência que não são (ou não deviam ser) o retrato de uma classe, mas que nos entraram pela televisão (ou pelo nosso liveblogue) adentro e agora não nos conseguimos livrar delas. Um grupo de desordeiros conseguiu ser o rosto de milhares de profissionais que querem trabalhar na realidade que para eles é justa. Concorde-se ou não. Faz-me lembrar os jogos de futebol manchados por quatro ou cinco adeptos que não vêem o jogo, vêem é como podem arranjar confusão.
No final, não houve acordo, não houve regulamentação. Ficou quase tudo na mesma, exceto a Uber, que conseguiu (novamente) liderar o top das aplicações gratuitas da App Store. E tenho pena: o assunto é mais complexo do que uma guerra de aplicações móveis. Não é só a tecnologia que está em causa. Não se trata de parar ou não a inovação. E a polémica não se resume às voltas inexplicáveis que os taxistas dão para deixar estrangeiros no centro de Lisboa.
É um setor em metamorfose, no qual estão a ser desafiados limites e poderes instituídos há décadas. E onde há resistência. Houve alguma novidade tecnológica na história que não tivesse enfrentado resistência? Por falar nisso, o vídeo chegou mesmo a matar a estrela de rádio? (Como cantavam os The Buggles em 1979?)
Enquanto andamos a discutir palavras como “contingente”, Travis Kalanick, líder da Uber, continua a construir um império que assenta numa avaliação recorde de 62,5 mil milhões de dólares (nunca nenhuma empresa tecnológica conseguiu tanto capital antes de ser admitida em bolsa) e a liderar a corrida pelos carros autónomos (antecipando-se a concorrentes fortes como a Tesla ou a Google), enquanto apresenta prejuízos de 1,2 mil milhões de dólares que ainda assim não põem fim ao apetite dos investidores. É isto que falta saber: que mel tem a Uber para valer tanto, quando mostra tão pouco.
A pergunta de mil milhões de dólares não está no facto de a Uber ou a Cabify poderem operar em Portugal. Porque, com ou sem contingente, já ninguém vai conseguir travar a revolução que se sente nas soluções de mobilidade urbana. A pergunta é: o que planeia Kalanick para o futuro, que os investidores sabem e nós não?
Este email vai longo, desculpem. Na terça, estou cá outra vez.
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