O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que deve haver paridade na diplomacia, referindo que a desigualdade persiste nos escalões superiores, e neste contexto definiu-se como feminista.
Numa conferência internacional esta segunda-feira sobre mulheres na diplomacia, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa, o chefe de Estado declarou-se “sensível à causa que une as senhoras embaixadoras que organizaram este encontro: a causa da igualdade de género“.
“Se é verdade que hoje ninguém questiona a participação das mulheres na diplomacia, não o é menos que a proporção de mulheres nos serviços diplomáticos de todo o mundo, particularmente em posições de relevo, está ainda longe da desejável paridade”, considerou.
Marcelo Rebelo de Sousa repetiu a expressão “desejável paridade” e questionou se dizer isso “será querer dizer que o Presidente da República é feminista“, acrescentando: “Não há como fugir ao qualificativo, mesmo sem nunca o ter assumido, ou assumir de moto próprio”.
O governo anunciou em janeiro que pretende que até 2020 os conselhos de administração das empresas “tenham de cumprir uma quota de 33% para o género menos representado”. Nas empresas do Estado, as quotas terão de ser cumpridas até 2018.
Esta é uma medida que já estaria a ser preparada pelo governo de Passos Coelho, que teria até assinado um acordo com 13 empresas cotadas em Bolsa, em junho de 2015, no sentido de que os respectivos conselhos de administração fossem compostos por um mínimo de 30% de mulheres até 2018.
“Sou quase um Presidente feminista”
Em março, num discurso perante um grupo de embaixadoras em Lisboa, o Presidente da República disse que “a igualdade de género é uma forma de estar” que estava no topo das suas preocupações.
“Sou, por dever moral e por sentimento, quase um presidente feminista. O meu primeiro encontro com embaixadores é com um grupo de embaixadoras e não podia ser de outra maneira”, disse Marcelo, afirmando que não é preciso ser “uma Presidente mulher para se preocupar com os direitos das mulheres”, direitos que devem ser uma preocupação de todos.
O Presidente da República foi peremptório: “A igualdade de género é uma forma de estar. Não basta apregoar, não basta construir um quadro legislativo. É preciso concretizar a igualdade de género no nosso dia-a-dia, é preciso sentir que é importante.”
O Presidente da República disse ter “total paridade de género” na sua equipa de assessoria diplomática e adiantou que a nova secretária do Conselho de Estado é uma mulher – Rita Magalhães Colaço -, tal como a nova responsável em matéria de Segurança Nacional, Mafalda Gama Lopes. Algo fundamental já que, diz Marcelo, jurou “sobre uma Constituição que tem no princípio da igualdade um dos seus pilares fundamentais”.
Dirigindo-se ao grupo de embaixadoras, o chefe de Estado considerou que “as mulheres na diplomacia são sinónimo de igualdade de circunstâncias”, o que significa que tiveram uma “formação em igualdade de circunstâncias”, escolheram a diplomacia em igualdade de circunstâncias e passaram por processos de seleção em igualdade de circunstâncias.
Citando a jovem ativista Malala Yousafzai, prémio Nobel da Paz em 2014, Marcelo enfatizou a importância da Educação na promoção do desenvolvimento das sociedades, no reforço do poder das mulheres e na igualdade.
No encontro em março estiveram presentes, para além de 19 embaixadoras em Portugal, a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Teresa Ribeiro, e as deputadas do PSD Paula Teixeira da Cruz, Maria Germana Rocha e Ângela Guerra, e do CDS-PP Teresa Caeiro.
ZAP / Lusa
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