20 Novembro, 2016
A apresentadora da TVI Cristina Ferreira apresentou esta quarta-feira a sua autobiografia, na qual confessa que foi alvo de assédio sexual. A receção do público à revelação traumática foi, no entanto, de crítica.
No seu livro autobiográfico “Sentir”, a apresentadora relata um episódio de assédio sexual de que terá sido vítima na TVI, sem revelar a identidade de quem a assediou. A denúncia foi alvo de destaque no Correio da Manhã e levou a muitos comentários negativos, sobretudo nas redes sociais.
O jornal cita o relato de Cristina Ferreira, que escreve que respondeu de forma “áspera” à abordagem. “É fácil assediar uma jovem bonita, em início de carreira, pronta para dar o salto, prometendo-lhe oportunidades”, afirmou. “Senti-me capaz de dizer ‘não’ à facilidade. Capaz de construir o meu caminho com base no trabalho. Naquele dia deixei claro que sou mulher. Vertical“, cita o CM.
Nos comentários, no entanto, Cristina Ferreira é acusada por uns de “tentar de tudo para vender o livro”, enquanto outros afirmam que “é assim que elas ficam famosas”.
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Críticas à apresentadora Cristina Ferreira
Os comentários boçais dirigidos a Cristina Ferreira foram tantos que Manuel Luís Goucha, seu colega na apresentação do programa “Você na TV”, comentou publicamente o caso.
“As pessoas são muito injustas em relação à Cristina, como são em relação às pessoas que aparecem diariamente na televisão porque, sem nos conhecerem, fazem leituras sobre nós que têm muito mais que ver com os sonhos que estão por realizar dessas pessoas, com as frustrações dessas pessoas”, começou por dizer o apresentador da TVI, citado pelo Jornal de Notícias.
“Eu compreendo que as pessoas, muitas vezes, se projetem em nós e, quando veem alguém a conquistar de forma vertical e não de forma horizontal, como eu leio comentários sobre a Cristina. As mulheres crescem profissionalmente de forma vertical. Há muitas mulheres de sucesso que não se deitaram com quem quer que fosse para triunfarem nas suas áreas profissionais“, acrescentou.
“Quando eu leio comentários, de mulheres para mulheres, do género ‘pois, com quem é que ela se terá deitado para ter subido tão rapidamente?’. Não é rapidamente! A Cristina está aqui há 12 anos e este percurso começou a crescer há dois anos. Com quem é que ela se deitou? Com ninguém, garanto-vos eu. É possível, no mundo das mulheres, as mulheres subirem na vertical pelo seu talento e é muito triste quando são as próprias mulheres, numa atitude de desunião da classe, do género, dizerem isto das próprias”, rematou.
Vários cronistas também têm vindo a manifestar-se em defesa da apresentadora, tais como Patrícia Reis, no portal Sapo, Lucy Pepper, no Observador, e João Taborda da Gama, no Diário de Notícias. O jornalista Bruno Faria Lopes nota mesmo que “é provável que tenha acontecido à maioria das mulheres jornalistas que conheço”, classificando na sua crónica na revista Sábado tanto o assédio sexual como as críticas boçais como parte de uma “cultura de abuso“.
Também a deputada socialista Isabel Moreira, que sempre fez da defesa dos direitos das mulheres uma das suas principais bandeiras, veio defender Cristina Ferreira, publicando no Facebook uma imagem que reproduz uma das notícias sobre o caso e respectivos comentários dirigidos a Cristina Ferreira, a grande maioria negativos.
“Está aqui tudo. O tudo que nos diz que está sempre tudo por fazer. Feminismo para quê, ainda perguntam muitas?”, ironizou a deputada.
ZAP
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