O embaixador do Iraque pagou um total de 52 mil euros para selar o acordo extrajudicial com Rúben Cavaco, o jovem agredido pelos filhos gémeos do diplomata, em Ponte de Sôr.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, o acordo implica a renúncia em apresentar queixa ou pedir futuras indemnizações, não só por parte de Rúben Cavaco, como dos irmãos Haider e Rhida, que também tinham sido agredidos. O acordo não invalida, porém, a investigação do Ministério Público, que pretende constituir como arguidos os filhos do diplomata. A responsabilidade criminal só poderá prosseguir se o Iraque levantar a imunidade diplomática aos dois jovens de 17 anos.
"O acordo foi negociado na sexta-feira e concluído hoje [ontem], com os documentos assinados e a transferência do valor acordado feita. Ambas as partes renunciaram ao direito de queixa", adiantou ao JN, Leonardo Santana Maia, advogado da família do jovem de Ponte de Sôr.
Rúben Cavaco assinou o acordo em Ponte de Sôr, enquanto o embaixador o rubricou em Lisboa. Ambas as partes ficaram com uma cópia que também foi fornecida ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Os 40 mil euros representam os danos não patrimoniais que correspondem ao sofrimento pelo qual passou Rúben Cavaco. Os 12 mil, que já tinha sido pagos pelo diplomata, são relativos aos danos patrimoniais das despesas de saúde do jovem, de 15 anos.
Rúben Cavaco foi atacado na rua, a 17 de agosto do ano passado, quando regressava a casa, após ter estado num bar em Ponte de Sor, onde o seu grupo de amigos se envolveu em desacatos com os iraquianos. Os ânimos serenaram com a chegada da GNR, mas os dois irmãos, que tinham regressado a casa, disseram ter voltado ao bar para recolher bens que tinham perdido na primeira disputa. Foi no caminho que encontraram Rúben na rua, sozinho, e o terão espancado. A vítima sofreu múltiplas fraturas, tendo sido transferido no mesmo dia do centro de saúde local para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, chegando a estar em coma induzido. O jovem acabou por ter alta hospitalar no início de setembro.
Entretanto, os filhos do embaixador deram uma entrevista à SIC, na qual garantiram nunca ter tido intenção de matar e alegaram legítima defesa. Caso lhes seja levantada a imunidade diplomática, podem vir a ser constituídos arguidos por tentativa de homicídio.
JN
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