O Ministério Público (MP) acusou o condutor envolvido no acidente que matou cinco peregrinos em Coimbra, em 2015, de cinco crimes de homicídio por negligência e quatro crimes de ofensa à integridade física por negligência.
Quase dois anos depois do acidente que provocou a morte de cinco peregrinos e deixou outros quatro feridos, o Ministério Público deduziu acusação contra o jovem condutor de um automóvel que se despistou à saída de uma curva, na localidade de Cernache, em Coimbra, invadindo a faixa onde seguiam a pé cerca de 80 pessoas, em direção a Fátima.
Segundo o despacho de acusação a que a agência Lusa teve hoje acesso, o Ministério Público acusa o jovem condutor de 26 anos da prática de cinco crimes de homicídio por negligência, quatro crimes de ofensa à integridade física por negligência e um crime de condução perigosa de veículo automóvel, incorrendo ainda na pena acessória de proibição de condução de veículos automóveis.
O acidente ocorreu por volta das 03:45, a 02 de maio de 2015, um sábado, provocando cinco vítimas mortais, com idades entre os 17 e os 69 anos, que eram provenientes de Mortágua, distrito de Viseu.
O jovem condutor natural da Geórgia e residente em Penela, também no distrito de Coimbra, atuou "de forma leviana, imprudente e desatenta", frisa o Ministério Público na acusação com data de 05 de janeiro.
O MP sublinha que a recolha de amostra de sangue feita ao condutor duas horas depois do acidente revelou uma taxa de alcoolemia de 0,9 g/L e a presença de substâncias psicotrópicas (droga), recordando que em 2013 o jovem já tinha sido interveniente num acidente onde conduzia com uma taxa de alcoolemia de 1,14 g/L.
O despacho, que reconstitui todos os passos dados pelo arguido nessa noite até à hora do acidente, refere que o jovem, acompanhado de mais sete amigos, ingeriu bebidas alcoólicas num churrasco em Penela, no dia anterior à tarde, dirigindo-se depois para Coimbra, onde voltou a beber, "festejando" a ida de dois amigos para o Luxemburgo no dia seguinte.
De acordo com o MP, de volta para Penela e conduzindo no sentido norte-sul, o jovem fez uma "condução desde Coimbra com acelerações e travagens bruscas, a uma velocidade desadequada, com buzinadelas e atitudes provocatórias" para peregrinos.
O jovem conduzia acima do máximo permitido (70 quilómetros por hora), num piso onde tinha chovido "recentemente".
Face ao cansaço de "muitas horas sem dormir" e aos efeitos do álcool e de estupefacientes, o arguido acabou por "perder por completo" o controlo do carro ao descrever uma curva à esquerda, invadindo a faixa contrária e colhendo no despiste os peregrinos que seguiam no mesmo sentido na via reservada pela Infraestruturas de Portugal para os mesmos.
O veículo acabou por "colher com a lateral direita nove peões de um dos grupos de 80 que ali circulava, lançando-os contra a barreira que ladeia a via".
Quatro dos peregrinos que foram colhidos pelo veículo tiveram morte imediata no local do acidente, sendo que um quinto acabou por morrer nesse mesmo dia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
De acordo com a acusação a que a Lusa teve acesso, um dos quatro feridos, uma mulher, "teve que ser submetida a entubação e ventilação mecânica invasiva", situação que "ainda não se encontra estabilizada".
Lusa
Imagem: Sicnoticias
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