Expresso Curto fora de horas. Acontece. Assim como acontece haver notícias de Cavaco Silva… por via de um livro que ele vai lançar dentro de dias. Livro escrito nas instalações que todos os portugueses pagam pelos anos que Cavaco ainda viver e ocupar. As obras das instalações foram uma pipa de massa, meio milhão de euros para o Cavaco andar a escrever livros e aforrar mais uns cobres. Aquilo é que é, aquilo é que foi. A ganância nos poderes. Bem, mas Cavaco é muito poupado, diz ele. “Ora, ora, assim também eu era”, comentou a Lúcia Paralítica quando o ouviu dizer aquilo num qualquer noticiário ou coisa afim. E desenvolveu – a Lúcia – “anda a viver à conta dos otários dos portugueses há décadas, nem precisa de gastar dinheiro. É sempre a aforrar. E vem depois o camafeu dizer-se poupado e chorar-se por causa da reforma da mulher…” E lá seguiu a Paralítica num arrazoado de palavras e gestos doS quaIS só dá para referir o manguito. Porque aquele gesto com os dedos acompanhado de um “toma lá Cavaco” não é para descrever. Adiante.
A imagem escolhida para ilustrar este Expresso Curto é assim para o nojento. Pois. Mas foi o que se arranjou. Por acaso até estará condizente com aquilo que em muitas casas dos portugueses dão de epíteto (nada diplomático) a Cavaco: o “Bosta”. Francamente. Mas que gente ingrata e… ordinária.
Aqui no Curto também há abordagem ao Trump. Aquele narcisista que os norte-americanos bestas, incultos, ignorantes e tudo do piorio, elegeram para presidente. Pois. E agora já andam a vociferar que não o querem na casa caiada e sem corantes. Pois. Claro que vão ter de levar com o traste e com a trampa do… Trump. Aguentem-se, e nós também – por todo o mundo. Pois.
Vão então ao Curto do Martim Silva, que por sorte não é Moniz, nem tem de ficar entalado nas portas…
MM / PG
Os segredos de Cavaco Silva
Bom dia, este é o seu Expresso Curto
Martim Silva - Expresso
Hoje começamos por falar de Cavaco Silva (estava com saudades, confesse…). Depois mergulhamos no admirável mundo novo trumpiano. A seguir passamos em revista o que se passa no mundo e cá dentro. É o que se pode chamar um Expresso Curto amargo…
O regresso de Cavaco.
Não, caro leitor, não se assuste que não me parece que se esteja a preparar uma qualquer candidatura de Cavaco Silva ao que quer que seja (ufff...). Trata-se, tão só, de ‘Quinta-feira e outros dias’. O título soa a algo poético mas o conteúdo deve estar longe disso. Deve ser prosa e daquela bem seca. Trata-se do nome do novo livro de Cavaco Silva, que vai ser lançado para a semana, pela Porto Editora, e que, segundo o próprio, é uma “prestação de contas aos portugueses” do que foram os seus atribulados tempos na Presidência da República.
Quinta-feira, sublinhe-se para os mais desatentos, é o dia das habituais audiências dos chefes do Estado com os primeiros-ministros no Palácio de Belém. E pela mesa de trabalho de Cavaco entre 2006 e 2016 passaram três: José Sócrates, Passos Coelho e António Costa.
Este é um assunto que deve dar que falar na política portuguesa nos próximos dias. Até porque Cavaco promete dar “público testemunho de componentes relevantes da minha magistratura que são, em larga medida, desconhecidos dos cidadãos”.
Quanto ao leitor não sei, mas eu conto ler as 592 páginas da obra que Cavaco andou a escreve no último ano no seu gabinete no Convento do Sacramento (e se acha que só leio coisas chatas, vá directamente para o fim deste Curto, onde lhe falo do novo de Paul Auster).
TRUMPWORLD
Na secção ‘trumpworld’ de hoje, destaco em primeiro lugar este texto, que faz capa da edição da The Economist desta semana, “An insurgent in the White House”. A revista relembra os acontecimentos mais alucinantes das últimas semanas e conclui: “em política, o caos normalmente leva ao fracasso. Com o sr. Trump, o caos parece ser parte do plano”.
Aqui, eis outro ângulo curioso, que relata como a Europa procura servir de ‘refúgio’ a uma possível fuga em massa de cérebros dos Estados Unidos, nomeadamente na área das novas tecnologias.
O agravamento das relações entre os EUA e a China são o tema de um relatório elaborado por um conjunto de especialistas, e que hoje deve ser divulgado. O documento admite que o deteriorar das relações entre as duas maiores potencias económicas mundiais pode mesmo resultar num confronto económico… ou militar. A notícia está no Guardian.
Já ouviu falar de Seth A. Klarman? O mais provável é que a resposta seja não. Mas neste caso a discrição é inversamente proporcional à sua importância. Trata-se de um dos mais importantes gurus dos investidores norte-americanos (os seus escritos são vendidos na Amazon por valores que chegam aos milhares de dólares). Agora, foi conhecida uma carta que escreveu e dirigiu a vários investidores, alertando para os riscos da política proteccionista de Trump e dizendo que os ganhos bolsistas atuais podem ser só fogo de vista.
Neste artigo da New Yorker, explica-se como Trump é uma espécie de presidente ‘reality show’ e os hábitos televisivos (estranhamente não perdidos) por Trump desde que é presidente dos EUA.
O Kremlin quer um pedido de desculpas da Fox News depois de um jornalista da televisão norte-americana se ter referido ao presidente Putin como “assassino”. A referência foi feita numa entrevista a Trump, sendo que também a resposta do presidente dos EUA gerou polémica.
John Bercow é o presidente da Câmara dos Comuns britânica. John Bercow não costuma fazer intervenções públicas. Ontem fez, para declarar a sua oposição a que Trump fale na Câmara dos Comuns durante a sua visita a Inglaterra, prevista para este ano. Ao mesmo tempo, uma petição a contestar a visita de Trump ao país já recolheu mais de um milhão de assinaturas.
A Washington vão chegar entretanto vários altos responsáveis europeus, para conversações com a administração Trump.
Vale ainda a pena ler o que Augusto Santos Silva disse ao Expresso sobre as relações de Portugal, e da Europa, com os Estados Unidos, na entrevista “Com Trump, trabalhamos sobre um terreno movediço”.
A polémica do momento com Trump é a acusação do presidente aos media. Segundo ele, a comunicação social esconde ataques terroristas e não os relata devidamente.
Finalmente, dois artigos um pouco contra-corrente sobre Trump mas que são certamente ajudas ao pensamento e análise desta nova época. Verdadeira dinamite cerebral. Este aqui do Guardian (“Trump is no fascist. He is a champion for the forgotten millions”) ajuda a perceber os porquês da ascensão de um populista à Casa Branca. E este outro, publicado no Expresso Diário, da autoria do Henrique Raposo: “A ignorância eurocêntrica sobre Trump”.
OUTRAS NOTÍCIAS
Cá dentro,
Estará a indisciplina a aumentar nas nossas salas de aula? Estes dados revelados aqui pelo Expresso preocupam.
OCDE. Este foi um dos temas do dia de ontem. A organização divulgou um relatório sobre a nossa economia, realçando os progressos feitos mas alertando para a situação delicada do sistema financeiro nacional. “Economia está quase no potencial mas não chega”, escreve o João Silvestre.
Marcelo reagiu dizendo que estamos no caminho certo embora seja preciso fazer “mais e melhor”. Já o PSD afirmou que o relatório coloca a nu o “fracasso” das políticas do Governo.
“Estado lucrou 1000 milhões com intervenção no BCP”, escrevem a Isabel Vicente e o João Vieira Pereira no Expresso Diário de ontem.
Álvaro Novo entrou para o Governo, numa míni-mini remodelação aqui explicada pela Helena Pereira.
A Lone Star, que está a negociar a compra do Novo Banco, não acredita na recuperação dos 200 milhões que o empresário José Guilherme deve ao banco, refere o Negócios.
O Conselho de Fiscalização dos serviços de informações insiste na necessidade de fundir o SIS e o SIED, noticia o DN.
Imagine que está de férias numa cidade e com um toque no ecrã do telemóvel pode ser informado sobre qual dos museus que quer visitar tem menos filas de espera naquela altura. Esta é apenas uma das valências de uma nova aplicação que está a ser testada e que tem o dedo de cientistas portugueses.
O Valdemar Cruz descobriu o proprietário da primeira casa assinada por Siza Vieira, há 60 anos. A reportagem pode ser lida aqui.
O jornalista João Paulo Guerra vai mesmo ser provedor do ouvinte da RTP.
Há duas semanas, o Expresso denunciou o que se está a passar nalgumas câmaras municipais do país, com a redução das zonas abrangidas pela REN (reserva ecológica nacional), passando os terrenos a poder ser urbanizados. Ontem, Miguel Sousa Tavares deu voz ao protesto.
“Prepare-se. O IRS está aí outra vez”. Quem o diz, e escreve, é o Pedro Anderson, nas Dicas de Poupança desta semana.
O processo de canonização dos pastorinhos de Fátimaainda está longe de estar concluído, afirma a Rádio Renascença.
Isabel dos Santos ficou retida num autocarro dentro do aeroporto de Lisboa ao chegar à capital e publicou umas fotos no Instagram, reclamando do tempo de espera.
Lá fora,
O risco da dívida francesa está nos valores mais elevados dos últimos três anos e os analistas associam o facto à incerteza quanto ao futuro político do país, perante a possibilidade da eleição de Marine Le Pen para a Presidência.
Quem está em maus lençóis é o candidato da direita às presidenciais francesas, François Fillon, que ontem teve de vir pedir desculpas públicas na sequência do escândalo que o envolve, por ter dado emprego à mulher e filhos como assistentes parlamentares. Ainda há umas semanas Fillon parecia o nome mais forte para travar Le Pen, mas a sua candidatura está nesta altura num tremendo buraco.
Em França, e depois do que aconteceu nas recentes eleições nos EUA (mas não só por causa disso), a Google e o Facebook juntaram-se em busca de uma forma eficaz de combater a proliferação das chamadas ‘notícias falsas’ (fake news) nas suas plataformas.
Numa cave em Londres, foram descobertas gravações inéditas de Bob Marley. Uma boa notícia para os fãs de reggae.
Uma das redes sociais preferidas dos mais novos é sem dúvida o Snapchat. Que, ao contrário das expectativas criadas quando surgiu em 2013, se tem aguentado muito bem. Agora, a companhia vai entrar em bolsa e o seu IPO está a gerar expectativa, podendo alcançar uma quantia de 20 a 25 mil milhões de dólares. A entrada em bolsa está prevista para Março e pode ser a mais importante desde a chegada da Alibaba.
A China é hoje o maior mercado mundial de smartphones. E o ano passado, pela primeira vez nos últimos quatro, o aparelho mais vendido não foi um iPhone. O rei do mercado foi o R9, da OPPO, com 17 milhões de unidades vendidas.
A Amnistia Internacional veio denunciar e acusar o governo sírio de ser responsável por uma campanha de execuções em massa na Síria.
Polémica promete ser a nova lei aprovada por Israel e que prevê a possibilidade de mais retirada de terras a palestinianos.
Este ano, as eleições na Alemanha vão ser seguramente um dos temas fortes na Europa. Para já, e de forma algo surpreendente, eis que uma sondagem mostra o SPD, que vai apresentar Martins Schultz, à frente da CDU de Angela Merkel nas intenções de voto.
Na Roménia, o governo já recuou na intenção de aprovar uma lei de perdão de certos crimes de corrupção, mas ainda assim os fortes protestos populares continuam.
DESPORTO
Uma aposta de cerca de cem mil euros vinda da China levantou suspeitas e o jogo Feirense- Rio Ave, da primeira Liga, viu ontem as apostas serem suspensas durante a tarde.
Depois da derrota do Sporting, o Braga não aproveitou e empatou, não ultrapassando os leões no terceiro lugar da Liga.
Fernando Santos venceu o Prémio Panenka.
Nélson Évora venceu em França um meeting de atletismo, naquela que foi a sua estreia com a camisola do Sporting.
Ainda o Super Bowl. Aqui fala-se sobre a lenda do futebol americano Tom Brady.
Lenda é também Philipp Lahm, o pequeno grande defesa da Alemanha e do Bayern de Munique, que este fim de semana completou o jogo 500 com a camisola dos bávaros.
O QUE ANDO A LER
Nos últimos dias, voltei a um escritor que há anos não me aterrava nas mãos. “4 3 2 1”, de Paul Auster, apresentado como a grande obra do escritor norte-americano, já chegou às livrarias. E também ao meu colo. São quase mil páginas (as primeiras 100 já voaram). Aqui voltarei a falar delas.
Quem já escreveu sobre a obra foi a Luciana Leiderfarb, que entrevistou Auster para a última edição do Expresso. “Quem nele procura a atmosfera noir de outros tempos ficará desiludido. Porque este é – assim o próprio Auster o afirma – o chão de um realismo avassalador”.
Diz o autor: “Ao longo de toda a minha vida tenho especulado sobre as perguntas hipotéticas: ‘E se?’ Mas nunca tinha escrito um livro que as abordasse directamente. E, quando a ideia de escrever sobre os múltiplos caminhos de uma só vida me ocorreu, achei a ideia arrebatadora”.
Deixo-lhe ainda outras sugestões de leitura do Expresso:
Esta peça da Raquel Albuquerque sobre as prendas mais bizarras que os membros do Governo recebem.
O texto do António Caeiro “Tornar a China grande outra vez”, sobre Xi Jinping, o homem que quer liderar o mundo.
Por último, o fantástico trabalho sobre a exposição de Almada Negreiros.
Tenha um fantástico dia.
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