Estudo mostra que é no 3.º ciclo que se registam mais casos e no 2.º período, entre o Natal e a Páscoa.
Um estudo sobre indisciplina em Portugal indica que, no ano lectivo no 2015-2016, houve 11.127 participações disciplinares em apenas 5,4% da totalidade dos agrupamentos e escolas portugueses.
"São mais de 11 mil participações disciplinares (ordem de saída da sala de aula) em apenas 5,4% da totalidade dos agrupamentos/escolas em Portugal, num universo de 53.664 alunos – o que, extrapolando para uma amostragem da totalidade dos agrupamentos/escolas em Portugal, levaria a um número de mais de 206 mil participações disciplinares num só ano", afirma Alexandre Henrique, autor do segundo estudo sobre "Indisciplina em Portugal com dados das escolas", realizado em parceria com a Associação Nacional de Directores de Agrupamento e Escolas Públicas (ANDAEP).
Na opinião do também autor do blogue de Educação “ComRegras”, esta é “a ponta do iceberg”.
“O Ministério de Educação e sociedade em geral têm que ter consciência que a indisciplina é um problema recorrente e grave na sala de aula. Basta um aluno para estragar uma aula e nem precisa de insultar ou agredir para que o processo de ensino de aprendizagem seja posto em causa", afirma Alexandre Henriques à agência Lusa.
O estudo indica também que é no terceiro ciclo que se registam mais participações e o primeiro aquele que menos registos obteve.
Quanto a períodos lectivos, o segundo (entre o Natal e a Páscoa) é o que conta com mais participações disciplinares, enquanto o terceiro período é o que regista menos casos.
"Não podemos olhar para estes números e pensar que se trata de um caso isolado", defende Alexandre Henriques, avisando que as escolas e os seus docentes e não docentes "precisam de ajuda".
É "urgente reconhecer o problema, conhecê-lo por diferentes perspectivas e depois intervir de forma colectiva", acrescenta, sustentando que a tutela e as escolas têm mecanismos que permitem conhecer a dimensão e tipologia de indisciplina em contexto de sala de aula. "Basta apenas dar esse passo", exorta.
Alexandre Henriques defende ainda a redução da “carga lectiva dos alunos e a dimensão das turmas” e o fornecimento de “formação específica ao pessoal docente e não docente formação sobre como mediar situações de indisciplina escolar".
Em alternativa, "apostar num regime de co-docência em turmas de maior insucesso escolar e/ou com problemas comportamentais" são outras propostas para reduzir os índices de indisciplina.
Os inquéritos às escolas foram recolhidos entre os dias 18 de Outubro do ano passado e 27 de Janeiro deste ano.
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