O diretor da Missão Católica Portuguesa de Caracas, monsenhor Alexandre Mendonça, mostrou-se hoje preocupado com a situação dos portugueses no país, afetados pela insegurança e a crise política e económica.
"Vivemos aquilo que todo o mundo sabe. Na Venezuela a situação realmente é difícil, a insegurança, o ambiente social, o ambiente económico, grandes dificuldades para adquirir alimentos, medicamentos, a própria segurança das pessoas, dos seus bens. Cada dia, está ficando mais agravada, a vida aqui na Venezuela", afirmou à Agência Lusa o responsável da missão.
O religioso explicou que a comunidade portuguesa, "como todos (os cidadãos nacionais), sofre na carne esta situação". No entanto, o sacerdote madeirense considera que os portugueses têm mostrado acreditar "com esperança de que a Venezuela vai saber e vai poder superar este momento de dificuldade".
"Nunca foi fácil a vida para nós neste país. Tudo o que se tem conseguido tem sido com muito sacrifício. Aqui (há) também muitas famílias (que) perderam os filhos queridos", frisou.
Segundo Alexandre Mendonça "hoje em dia" o "fator medo" é "das piores desgraças que estão acontecendo na Venezuela".
"As pessoas não podem sair à rua, nas suas casas não podem andar em paz, nos seus negócios não há segurança. É realmente uma situação muito difícil, mas a nossa comunidade continua manifestando fé e confiança neste país", disse.
Por outro lado, em declarações à Agência Lusa, explicou que há também "sinais de violência contra as igrejas e contra alguns bispos e sacerdotes da Igreja Católica na Venezuela".
Alexandre Mendonça sublinhou ainda que os sacerdotes têm "grandes limitações" no que diz respeito à realização de cerimónias religiosas, "sobretudo nos horários da parte da tarde e da noite", por motivos de segurança.
Segundo o diretor da Missão Católica Portuguesa, os portugueses são "uma comunidade com muita fé", demonstrando "com a sua presença, sacrifício e doações, que vale a pena lutar por aquilo que desde o primeiro momento de vida".
Na Venezuela residem oficialmente quase 600 mil portugueses, número que a própria comunidade diz estar aquém da realidade e insiste que ascendem a 1,5 milhões, incluindo os luso-descendentes.
Dados do Observatório Venezuelano de Violência dão conta que na Venezuela ocorrem "28.000 mortes violentas (homicídios) por ano" e que quase 2.500 pessoas foram assassinadas durante o passado mês de janeiro.
À violência soma-se a crise económica, com uma inflação galopante, acima dos 100 por cento ao ano, e uma situação política de impasse, com um parlamento liderado pela oposição ao Presidente, Nicolás Maduro.
rtp
Imagem: noticiasaominuto
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