segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A central de drogas químicas para avassalar o país e o mundo


Luis Dufaur (*)

 

21 membros do PC dominavam a droga. Foram substituídos por colegas do mesmo Partido
  
A cidade de Boshe, situada na província costeira de Guangzhou, tornou-se famosa pelos seus suntuosos templos com monstros míticos rebuscados, deuses e artísticas paisagens, telhados ornados com pequenas esculturas de dragões, e pavões em cores vivas.

As imagens continuavam a tradição pagã da China, que mistura arte e símbolos demoníacos. Os templos “foram construídos pelas famílias para homenagear os antepassados. É a única aldeia da região com tantos templos. O normal é um ou dois”, explicou um jovem ao jornalista de “El Mundo”.

Mas, na era comunista, Boshe adquiriu outra face. Os responsáveis pelo Partido Comunista Chinês (PCC), até seu chefe local, Cai Dongjia, transformaram a poética aldeia numa central de produção de drogas sintéticas.

A Nomenklatura maoísta construiu aparatosos palacetes de “novo rico”. As formas mais monstruosas do crime ligado à droga destruíram as relações sociais que o comunismo não tinha acabado de arrasar.

Enquanto a reduzida cúpula do partido comunista local ficou riquíssima, a massa do povo afundou numa miséria sempre maior, na sujeira, intoxicação e criminalidade.

O cartel socialista da droga impedia até que os taxistas das cidades mais próximos entrassem no novo inferno de Boshe, capital da metanfetamina da China.

Ninguém ousa falar, dizer seu nome ou se referir ao que acontece na cidade. Em 2013, Pequim enviou 3.000 policiais com helicópteros e lanchas rápidas, para desmantelar o enclave de produção de droga sintética.
Em casas luxuosas moram os chefões comunistas da maior rede chinesa de drogas químicas

Foram destruídos 77 laboratórios clandestinos, confiscadas três toneladas de metanfetamina e 400 outras substâncias usadas para o seu preparo, além de 260 quilos de ketamina. 182 pessoas foram pressas e o “chefão” do PC acabou condenado à morte.

Vinte por cento dos 14.000 habitantes de Boshe, inclusive crianças, trabalhavam desmontando cápsulas farmacêuticas para usar seu conteúdo na elaboração das substâncias ilegais, recebendo salários de até 1.600 dólares, uma fortuna na China.

Na perquisição, a polícia encontrou sacos de dinheiro e barras de ouro nas casas dos narcotraficantes ligados ao Partido.

Um morador de nome Cai Hanlin contou que não se podia plantar nada, pois até a terra tinha ficado envenenada.

Boshe também era inconfundível pelo cheiro químico que envolvia a cidade e a cor repugnante dos esgotos abertos, aonde iam parar toneladas de dejetos químicos gerados pelo fabrico de substâncias da família da anfetamina.

O gado morria e continuou morrendo até pelo menos 2015, devido à contaminação da água e da terra, contou Hanlin.

O novo chefe do PCC, Cai Longqiu, herdou o velho esquema, mas hoje deve dissimulá-lo detrás de uma máscara de combate às drogas.

Os estrangeiros não podem visitar a cidade e os jornalistas de “El Mundo” que entraram sem licença foram ameaçados pelas autoridades que “lutam contra a droga”.
A central está perto de Hong Kong para escoar a droga para o exterior.

Liu Yuejin, um dos delegados mais populares no país na luta contra esse flagelo, admitiu que há na China vermelha mais de 14 milhões de viciados em anfetaminas, que o sinistro negócio gera 8,2 bilhões de dólares e que são produzidas 400 toneladas de estupefacientes químicos.

Segundo o vice-diretor da Comissão Nacional de Controle de Narcóticos, o consumo das drogas de laboratório cresce 36% por ano e já superou o de heroína.

Boshe e aldeais vizinhas continuam sendo um dos epicentros produtivos. Ela está próxima de Hong-Kong, porta de escoamento da exportação.

Também está perto do eixo central da indústria farmacêutica e química, de onde os narcotraficantes recebem as matérias-primas básicas com a ajuda dos sócios do Partido Comunista.

“Tem que existir corrupção na indústria oficial para que isso seja possível”, denunciou Jeremy Douglas, um dos responsáveis da ONU para o tráfico ilegal de drogas.

Em termos de drogas químicas, os EUA consideram a China o equivalente ao que foi a Colômbia para a cocaína.

No século XIX, a China foi enfraquecida pelo consumo do ópio, estimulado por potências coloniais que queriam submeter o país.

Agora o Partido Comunista voltou a explorar a droga para submeter a população.

O “senhor Wang Bo”, vencedor de um premio nacional de Química em uma das universidades mais prestigiosas de Pequim, montou em 2014, em Huanggang, uma empresa dedicada à tecnologia biológica.
Intervenção policial e militar não mudou a produção acobertada pelo Partido Comunista.

Na prática, fabricava um derivado da anfetamina, comercializada pela internet e pelos correios na Europa e nos EUA.

O caso de Wang se repete metodicamente. Zhang Lei é um dos exportadores mais procurados pelos EUA. Foi preso, mas a empresa prossegue suas atividades a partir de Xangai.

Segundo o jornal francês “Le Figaro”, a produção recomeçou e as autoridades não parecem querer parar o fenômeno.

O regime socialista precisa de droga e do narcotráfico em grande escala para arruinar a juventude, que está se revelando cada vez mais infensa à pregação socialista.

E necessita promover esse vício no Ocidente, para desfazer as fibras morais dos povos que ele sonha escravizar um dia sob o comunismo universal, de acordo com a utopia de Marx e Mao Tsé-Tung.

Boshe é apenas um elo dessa satânica máquina para destruir a humanidade.

( * ) Luis Dufaur é escritor, jornalista, conferencista de política internacional e colaborador da ABIM






Nenhum comentário:

Postar um comentário