Tribunal Municipal de Cacuaco condenou sete ativistas a 45 dias de prisão e multa por resistência às autoridades e rebelião. Jovens protestaram na segunda-feira contra falta de transparência no processo eleitoral.
Os sete ativistas, julgados sumariamente, foram considerados culpados dos crimes de resistência às autoridades e rebelião. Os jovens do auto-denominado Conselho Nacional dos Ativistas de Angola foram condenados, esta quarta-feira (19.04), a 45 dias de prisão efetiva e a uma multa de 65 mil kwanzas, o equivalente a 365 euros.
Inicialmente os ativistas estavam a ser acusados de terem partido o vidro de uma das viaturas da Polícia Nacional durante o protesto, algo que não ficou provado.
O protesto de segunda-feira (19.04) em que os ativistas pediam transparência no processo eleitoral não foi o primeiro realizado pelo grupo.
Os jovens costumam manifestar-se nos seus bairros de forma espontânea por vários motivos - contra a elevada taxa de desemprego ou a pedir eletricidade, por exemplo. Mas, na segunda-feira, terão levado os protestos pela primeira vez até à Vila de Cacuaco, nos arredores da capital angolana, onde foram detidos.
O julgamento dos ativistas começou na terça-feira, mas foi interrompido devido a um corte de energia elétrica e prosseguiu esta quarta-feira (19.04). Os jovens condenados foram designados como "António", "David Saley", "DMX", "MC Life"; três irmãos com o nome "Mabiala" também integram o grupo.
Todos os ativistas foram julgados na presença de um advogado oficioso designado pelo próprio tribunal.
"Pedagogia do medo"
O ativista Hitler Samussuku, condenado a uma pena de quatro anos de prisão no processo dos 15+2, disse à DW África que a condenação dos jovens é mais uma manobra para intimidar a juventude contestatária em Angola.
"É sempre aquela lógica da pedagogia do medo, para servirem de exemplo, mostrando que quem tentar também será condenado", afirma.
Apesar da condenação dos sete ativistas, Hitler Samussuku acredita que as manifestações espontâneas em Cacuaco vão continuar. "Tenho a certeza que esta prisão vai torná-los mais fortes porque a repressão não é sempre a solução", diz.
Pedro Borralho Ndomba (Luanda) | Deutsche Welle
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