David Dinis, Director
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Os franceses marcaram um duelo. A noite eleitoral confirmou que a escolha será entre Macron e Le Pen, que o voto será entre a esperança e o medo, entre o europeu e a proteccionista - como explica a Clara Barata, na síntese da noite da primeira volta. Os discursos de aclamação entreabriram a porta para os quinze dias que se seguem: Marine Le Pen dizendo que é a "hora de libertar o povo francês"; Emmanuel Macron, já em pose presidencial, à procura de uma vitória maior: "Terei que colocar todos os franceses juntos". Fechada a contagem, chegou a uma Frente anti-Le Pen: Macron recebe apoios à esquerda e à direita, mas também o apoio da Comissão e de vários governos europeus (o português incluído) - abrindo um precedente político nunca antes visto. Serão todos contra a Frente Nacional? Talvez não: há um pequeno candidato gaulês que ainda resiste. O nome é Melénchon.
Aqui no PÚBLICO tem tudo isto e mais alguma coisa. Como as capas dos jornais do dia, anunciando uma nova revolução francesa; como o perfil de Macron,um retrato incompleto de um candidato perseguido pela sorte, escrito pela Teresa de Sousa; também tem uma síntese das 11 pistas para o que aconteceu (e o que aí vem), que eu próprio escrevi noite fora; e a análise do Jorge Almeida Fernandes("Mudámos de época", anuncia o mestre). Há também opinião, daquela que nos ajuda a pensar: José Pacheco Pereira ("Gostam muito do novo? Aqui têm o novo"); Rui Tavares (que nos fala da "grande oposição"); e o nosso Editorial, que me permite acabar como comecei: a França vai votar "entre o medo e a esperança. Será um choque de civilizações que vai ditar o futuro de todo o continente europeu durante toda a primeira metade do século XXI". Agora, estamos já com um minuto-a-minuto aberto, para lhe contar em detalhe o day after desta quase revolução francesa. Se quiser entrar, é por aqui.
E enquanto a Europa olhava para França...
A Coreia do Norte ameaçou afundar um porta-aviões dos EUA. “As nossas forças revolucionárias estão preparadas militarmente para afundar o porta-aviões nuclear dos EUA com apenas um ataque”, escreveu o Rodong Sinmun, o jornal oficial do Partido dos Trabalhadores da Coreia. Trump era para falar noite fora com Xi Jinping e Shinzo Abe, mas ainda não sabemos com que resultados.
No futebol, o FC Porto deixou o Benfica fugir (outra vez). E, depois deste empate contra o Feirense, já só vê o título como uma miragem. E o que é que diz Nuno Espírito Santo? "É difícil explicar tantas falhas da arbitragem".
O que é difícil de explicar é Leonel Messi. No jogo contra o Real Madrid, o argentino fez tudo de uma vez aos 92 minutos: fez o golo decisivo, relançou o campeonato e chegou à marca dos 500 golos.
As notícias do dia
Na nossa manchete, temos o comissário europeu a defender vacinação obrigatória para todos e a fazer um alerta: “Os antivacinas estão a pôr toda a gente em risco”, diz ele, numa entrevista exclusiva ao PÚBLICO. Ontem, aliás, soubemos que a irmã da jovem que morreu com sarampo está internada e que os casos de sarampo na Europa já chegaram aos 7500.
Mas esta história também podia ser manchete: o IRS de 2018 vai ter mais escalões e deduções e mudanças no “mínimo de existência”, conta a Maria Lopes, detalhando o que pedem Bloco e PCP para as negociações com o Governo. Se chegarem a bom porto, vai ser assim.
À direita, deita-se água fria no PSD: depois das declarações de Miguel Relvas no Expresso, Luís Montenegro declarou-se contra as primárias e deu renovado apoio a Passos Coelho. Na actual direcção, já havia quem perguntasse: primárias para quê?
A propósito de política e impostos... Em ano de eleições, os autarcas não abrem mão da receita de IRC. O Pedro Crisóstomo fez as contas e concluiu que nem 30 câmaras aliviaram a derrama do IRC às empresas. E que duas centenas de concelhos vão buscar a este imposto financiamento para os seus orçamentos. É o caso das dez cidades com mais população.
Um concelho especial, nestes dias, é o de Fátima. O Camilo Soldado descobriu agora um dado curioso: que os sul-coreanos já ultrapassaram os brasileiros nas visitas ao santuário.
Do lado das saídas, anote esta notícia do DN: em dois meses duplicou o número de refugiados a abandonar Portugal. O Bloco já pede um relatório de avaliação à política de acolhimento.
O Plano Nacional de Leitura quer pôr os pais a ler. “Se não se ler bem, é-se diminuído na cidadania e nas oportunidades”, dizem Teresa Calçada e Elsa Maria Conde, os rostos do novo Plano Nacional de Leitura. Vêm aí novas listas de livros recomendados, para chegar não só aos mais pequenos, mas também aos pais dos alunos. A entrevista é da Bárbara Wong.
Abril - e outros temas
1. Os malditos do Estado Novo. Como é que o antigo regime lidava com o mendigo, o vadio, o cadastrado, “a prostituta de escândalo público”, o homossexual e outras figuras que entendia como um perigo para a identidade nacional? Que modelo criou para os reprimir e regenerar? Na semana em que comemoramos a liberdade a Ana Cristina Pereira pôs-se a caminho, descobrindo uns e outros e conversando com eles - para construir a reportagem que fez ontem a capa do P2. As fotos são do Adriano Miranda e o vídeo da Ana Marques Maia.
2. A mulher da gabardine vermelha. As marchas e o comunicado dos militares revoltosos tornaram claro que se estava a viver um dia extraordinário. Luis Trindade, um estudante de Filosofia do MRPP, faz a sua caminhada pelas ruas até à sede da PIDE. Hoje investigador, este é o seu relato pessoal dos acontecimentos 43 anos depois.
3. Fazer-se de louco pode ser uma estratégia eficaz? A imprevisibilidade de Trump provou ser eficaz durante a campanha. Agora está a revelar-se como uma das maiores fraquezas da política externa norte-americana. Afinal, a loucura resulta ou não?
4. A tribo de Cyril. Esqueçam as mensagens de texto nos telemóveis, o vídeo vai ser o nosso principal meio de comunicação. Cyril Paglino, que foi vice-campeão mundial de breakdance, criou Tribe para a geração que está “sempre ligada”. Rapidamente percebeu que ser divertido é muito mais viral do que ser útil.
Hoje na agenda
- O Governo reúne-se com os sindicatos, para tentar um acordo sobre o método de integração dos precários nos quadros do Estado;
- A Conferência Episcopal também se reúne, com eleições e incêncios na agenda;
- A Associação Mutualista Montepio Geral faz uma Assembleia Geral Extraordinária, votando a transformação do banco em sociedade anónima, para abrir o capital do banco a outras entidades;
- O Eurostat divulga os dados do défice e dívida pública dos países da União Europeia, ainda preliminares;
- Obama regressa ao palco, com uma intervenção marcada para a Universidade de Chicago. Acabando o silêncio, começará a crítica a Trump?
Só mais um minuto
Este é o vídeo do Filipe Pinto que devia ser escondido. Sim, eu sei, ele está publicado no P3, mas vão por mim: escondam este vídeo de um olhar internacional, porque eles passam-se com esta pérola cenográfica. Ou então partilhem, mas não digam que isto é Portugal.
Cuidado, é uma armadilha: o Facebook quer ajudar-nos a trabalhar.Conta-nos o Hugo Torres, que é muito nosso amigo, que a armadilha se chamaWorkplace e é o software de comunicação empresarial que o Facebook está a ultimar. O propósito é o mesmo de sempre: manter os utilizadores tanto tempo quanto possível ligados à rede social.
Bom, já que tem que ser, que venha em bom: tenha um dia de trabalho produtivo, mas sobretudo feliz - corre sempre melhor quando o passamos com um sorriso nos lábios, deixando o medo de lado e agarrando uma pontinha de esperança. O seu PÚBLICO aqui estará, hoje e amanhã, contando-lhe os dias seguintes de França e vivendo o nosso dia da liberdade.
Nós voltamos a conversa na quarta-feira. Até lá, até já!
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