quarta-feira, 26 de abril de 2017

Governo paga mais a médicos// Rui Moreira, o Porto e uma polémica// Vem aí o P24


 
P
 
 
Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Um Juiz bloqueou a ordem de Trump contra cidades-santuário. O Presidente americano quer reter fundos federais das cidades que recebem imigrantes, não cumprindo a sua política contra a imigração, mas em São Francisco a justiça desafiou a ordem. Pelo meio, o The New York Times desvendou o plano para reduzir os impostos aos mais ricos, ricos como... Donald Trump. 
Entretanto, em Berlim, Ivanka foi vaiada depois de defender o pai. A filha de Donald Trump afirmou durante uma conferência na Alemanha que o seu pai era um defensor dos direitos das mulheres. A plateia não concordou.
O Papa sugeriu mais humildade aos líderes do mundo. Numa aparição-surpresa numa conferência em Vancouver, via internet, Francisco explicou que só assim conseguirão ser mais eficazes.
O último episódio de Star Wars já tem estreia marcada. Spoiller alert: a estreia é só daqui a dois anos.
No futebol, o Braga voltou a ficar sem treinador (e outra vez a dias de defrontar o Sporting). Enquanto, em Espanha, o Atlético de Madrid perdeu terreno. E em Inglaterra o Chelsea consolidou a liderança.

As notícias do dia  

Na nossa manchete contamos isto: o SNS vai pagar mais a médicos que façam consultas fora de horas - E que, pela primeira vez, haverá prazos máximos de resposta para radioterapia, medicina nuclear e angiografias, endoscopias, TAC e ressonâncias magnéticas, como nos explica a Alexandra Campos. O secretário de Estado adjunto e da Saúde acrescenta ainda isto: os doentes cardíacos vão ter prioridade no atendimento, tal como os oncológicos. Tudo isto porquê? Porque as famílias já gastam 28% das despesas com saúde directamente do seu bolso, acrescenta a Romana Borja-Santos.
Mas a nossa foto de capa é a de Rui Moreira. Numa entrevista ao PÚBLICO, o autarca fala da polémica do momento, o chamado "caso Selminho", que envolve a Câmara e uma empresa da sua família ("Não me podem acusar de nada", diz Moreira). O certo é que, depois de eu e o Manuel Carvalho termos feito a entrevista, apareceu uma novidade: a Câmara pediu um juiz para arbitrar o conflito com a empresa. Mas há mais, claro: Rui Moreira deixa um definitivo “não sairei para ministro nem para eurodeputado” (na parte em que fala das autárquicas, de Rui Rio e... do FC Porto); dispara que "a fobia centralista alargou-se aos candidatos dos partidos" (quando volta ao caso da TAP, dos fundos europeus e do Metro do Porto); e alega que "alguns dos velhos negócios só sobrevivem por haver turistas" (na análise dos temas e obras da cidade, uma a uma).
Da política, sobram os ecos dos discursos de Abril. Com Marcelo a elogiar o país político por não se meter em aventuras - e a conseguir o pleno dos elogios. Isto depois do PSD ter tentado partir a maioria e da esquerda ter tentado distanciar-se desta Europa (a rever aqui). Por isto, e pelos resultados que o Presidente pediu a Costa, o nosso Editorial fala do antídoto de Marcelo; enquanto o Manuel Carvalho nos declara "confortáveis na placidez de Abril".
Marcelo deu ok a mais uma lei do Governo (neste caso ao fim das acções ao portador, promulgada em tempo recorde, regista o Negócios). 
Anote também este recado do PSD: o partido nega ter defendido a junção de legislativas e europeias, ao contrário do que sugeriu a Presidência. Fica para memória futura.
Saltando para a economia, saiba que a peritagem às offshores só conta com dois especialistas (o que é capaz de justificar os atrasos na investigação à informática do Fisco).
Registe que o Banco de Portugal se pôs fora da auditoria à CGD - por não poder, conta o banco central ao Negócios.
E anote quantas horas passamos por semana em deslocaçõessão mais de oito, com muita gente a dizer não ter transportes públicos adequados à mão. 
Anote também os dias perdidos por acidentes de trabalhodois milhões num ano, 4% acima do ano anterior.
Falando em más notícias: até ao fim-de-semana vem chuva e descida das temperaturas. Visto por outro lado: é Abril e ainda não choveu?

Para nos pôr a pensar

1. A propósito do 25 de Abril (sempre!). Será que já sabemos o que fazer à memória do Estado Novo? À boleia da polémica sobre o Forte de Peniche, o Nuno Ribeiro falou com historiadores para tentar uma resposta honesta à pergunta, revisitando as memórias de um passado recente. Mas a memória que nos fica, e bem, é a daqueles dias que mudaram as nossas vidas. Partindo de um trabalho do Adelino Gomes, aqui estão as linhas da liberdade, hora a hora, registadas de modo interactivo. Para que nunca ninguém as esqueça, assim com a regra de ouro que ontem recuperei num editorial que cruza a nossa liberdade com o que se passa em França: "Democracia, cuidado ao manusear".
2. E em França, como estamos? A resposta honesta é que estamos na dúvida: se a "barreira republicana" não funcionar, até onde irá Le Pen? A Clara Barata procurou respostas, olhando com detalhe para os resultados de domingo. Com detalhe, é como devemos olhar para os programas de Le Pen e Macron - podia haver dois sentidos mais opostos? Para nos ajudar a ler tudo isto, deixo-lhe também a opinião aqui publicada. A da nossa Teresa de Sousa ("A França é outro país. É cedo para dizer qual"); a de Francisco Louçã ("A França, cantando e rindo"); a de Paulo Rangel, a quem Louçã responde ("A extrema-esquerda não enjeita Le Pen"); e a do João Miguel Tavares (que vê "boas notícias" por lá).
3. Atenção também ao que se passa na Coreia do Norte. Sobretudo quando Trump junta pressão diplomática à exibição de força da Coreia (lendo a Ana Fonseca Pereira perceberá a linha fina por onde todos caminham). E anote também o que diz o The New York Times: as secretas americanas acreditam que, se nada for feito, a Coreia do Norte poderá ter 50 bombas nucleares até ao final do mandato de Trump.
4. E boas notícias, há? Claro que sim - ora veja esta que Portugal deu ao mundo há 150 anos, que o João Ruela Ribeiro começa a contar assim: "É uma hora e um quarto do dia 16 de Março de 1842. Estava o condenado Matos Lobo de frente para o rio Tejo com a corda ao pescoço, preparado para a sentença que lhe fora aplicada pelo homicídio cometido, quando se dá 'um incidente singular', segundo relatam cronistas da época".

Hoje na agenda
  • Um debate quinzenal, na Assembleia, seguido de uma discussão sobre a cimeira europeia de quinta-feira, que lançará as condições prévias para o Brexit;
  • Mário Centeno é ouvido pelos deputados sobre a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos;
  • À tarde, as Finanças mostram como correu a execução orçamental de Março;
  • Dia importante na banca: o BPI passa oficialmente (e quase totalmente) para mãos catalãs (as de Pablo Forero, aqui reveladas pelo Eco) ; enquanto o Santander mostra os resultados do primeiro trimestre (a crescer, diz já o Negócios); 
  • Trump recebe os senadores americanos, para um briefing sobre a Coreia do Norte

Só mais um minuto

E se lhe disser que as “fake news” são eficazes porque nos dizem algo sobre o mundo que, de certa forma, nós já sabemos? Sim, pode parecer contra-intuitivo. Mas uma análise ao trabalho de um autor de notícias falsas do século XIX ajuda a explicar este fenómeno – e aquilo que acontece hoje em dia. Pois é. É que este problema não é novo.
E veja quem entrou agora na guerra às "fake news": o Google fez alterações no algoritmo de pesquisa e juntou novas ferramentas para cada um de nós denunciar o que virmos de errado ou ofensivo. Chegará para acabar com as polémicas?
Nós, aqui no PÚBLICO, continuamos concentradíssimos em dar-lhe "real news". E de formas diferentes, ajustando-nos às suas necessidades. Hoje é o dia em que lançamos o P24, o nosso noticiário personalizado em áudio apoiado pelo Google, combinando os seus interesses que vamos registando com as escolhas dos nossos editores. Complicado? Não, pelo contrário: muito simples. Ora veja. E teste. E diga-nos o que acha. 
Tenha um dia bom, de sorriso aberto (a verdade é que não faltam motivos).
E até já!

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