Durante as suas palestras no Rio de Janeiro, em Janeiro de 1984, Swami Dayananda Saraswati dedicou uma atenção especial à meditação. Este artigo é uma condensação do que ele disse sobre esse assunto ao longo de várias palestras.
Inicialmente, há uma introdução e uma definição do que é meditação. A seguir, a meditação em si, conduzida pelo próprio Swami Dayananda. Por último, o papel dessa meditação na nossa vida diária.
Introdução
Hoje em dia, quando se diz que vai chover no final de semana, as pessoas dizem: “Oh! Más notícias”. Porém, se as chuvas não vierem nunca, não terá um mau final de semana: terá um mau ano, sem água na torneira. Isso é um condicionamento. É assim que olhamos as coisas. Se isso sou eu, eu sou um sujeito tolo. As nuvens são nuvens, o que há de errado com elas? Cada uma delas está fazendo o seu papel. As leis meteorológicas funcionam: se a atmosfera estiver preparada, a chuva ocorrerá. Se quer evitar a chuva, faça alguma coisa: pulverize alguma coisa nas nuvens que as faça desaparecer.
Mas do que serve ficar reclamando? Se acha que isso é uma coisa pequena, as coisas pequenas é que nos fazem. A vida é uma sequência de coisas pequenas. Coisas grandes só raramente ocorrem. E quando elas ocorrem, você não está lá! Nós somos condicionados e reagimos às situações como autômatos. As pessoas dos meios de comunicação também são autómatos. E eles dizem exactamente como devemos proceder.
Meditação é somente ser a pessoa que é. Você é dotado de um corpo, de sentidos e de uma mente, que tem memórias, emoções e conhecimentos, e é consciente de todos eles. Você é uma pessoa. Uma pessoa torna-se uma personalidade por causa dos medos, ansiedades e muitos outros problemas. Raivas, invejas, inseguranças, tudo isso faz de uma pessoa uma personalidade. Tudo isso é criado por você mesmo. Na meditação você reduz todas as situações a simples factos. Quando você aceita as situações, elas tornam-se simples factos para si. Quando rejeita as situações, você torna-se uma personalidade.
O facto é que é uma pessoa com um corpo, sentidos, uma mente e fora, como objecto dos seus sentidos, está o mundo. Quando você apenas vê factos, você é uma pessoa que não exige nem necessita de coisa alguma. Quando você é uma pessoa que exige ou necessita de alguma coisa, nesse momento está interagindo com o mundo. Quando apenas aprecia o mundo, você é somente você mesmo, e o mundo é como ele é. Não está exercendo papéis. O problema é que cada papel acumula resíduos. Portanto, tem que neutralizar e remover esses resíduos, para ser o que é e as coisas serem o que elas são.
No processo da meditação os resíduos devidos aos papéis são neutralizados. Meditação é ser independente de papéis. Esse estado de não fazer papéis não é desconhecido para so. Quando olha para as estrelas de noite no céu, que tipo de pessoa é? É uma pessoa que exige alguma coisa? É uma pessoa com raiva? “Que céu inútil!”. Você diz isso? Você é uma pessoa que quer que o céu seja diferente? Se for, o seu problema é mais sério do que eu possa resolver (eu aceito as minhas limitações…). Se o céu e as estrelas não evocam em ei uma pessoa exigente, então descobre que é uma pessoa não exigente e apreciativa.
Pode ser essa pessoa em relação a qualquer situação, porque qualquer situação é um facto tanto quanto o céu e as estrelas o são. Da mesma forma como vê o céu e as estrelas, deve ver as nuvens e a chuva, os vales e as montanhas, os rios e os riachos, os lagos e as lagoas, uma árvore, um insecto ou uma flor. Isso deve ser uma atitude muito natural da sua parte. Se aprecia essa bela pessoa, que é não exigente e apreciativa, você deve ser essa mesma pessoa em relação às pessoas e às coisas que lhe incomodam. Isso é meditação. Isso põe as coisas como elas são e você como você é. Vamos fazer isso agora
Nenhum comentário:
Postar um comentário