Todo mundo é esquisito, nem adianta negar. Podemos até seguir um certo “padrão de normalidade”, mas todo mundo faz umas coisas muito estranhas de vez em quando. O motivo para isso é muito simples: nós somos humanos, e humanos são bizarros. Quer um exemplo? A gente tem crise de riso em momentos super inapropriados. A gente tem vontade de morder e apertar coisas fofas. A gente tem uma fascinação por psicopatas (tanto que séries tipo Dexter e filmes como Hannibal bombam). Mas todos esses comportamentos que nós mesmos achamos estranhos são cientificamente explicados.
9. Não trocar o rolo de papel higiênico que acabou
Eu sei que você já usou o último pedaço de papel e não trocou o rolo – mesmo sabendo que isso tomaria, no máximo, 30 segundos do seu precioso tempo. A razão disso é que trocar o rolo de papel higiênico não traz nenhuma recompensa imediata, segundo os pesquisadores Richard Ryan e Edward Deci, da Universidade de Rochester, em Nova Iorque. De acordo com sua pesquisa, para as pessoas ficarem motivadas a fazer alguma coisa, a tarefa precisa satisfazer três necessidades psicológicas: competência, autonomia e correlação. A tarefa deve ser desafiadora o bastante para nós nos acharmos muito competentes quando conseguirmos terminar, deve dar uma sensação de que temos controle sobre a situação e que estamos melhorando nossa relação com as pessoas ao nosso redor. Tirando esse último quesito – e mesmo assim, depende do quão chatas exigentes são as pessoas que moram com você -, trocar o rolo de papel higiênico não é exatamente nada disso… Mas tente lutar contra essa tendência e troque mesmo assim para ser uma pessoa legal, ok?
8. Vontade de morder coisas fofas
Se bebês entendessem tudo que os adultos falam, provavelmente se isolariam em um lugar seguro para ficar longe das ameaças de “vou MORDER essa coisa fofa”, ou “vou apertar tanto que vou deixar hematomas nessa fofura”. Vale o mesmo para filhotes de qualquer outra espécie. A ciência tem duas hipóteses para essa reação bizarra. A primeira delas é que as redes de sensação de prazer estão se cruzando no nosso cérebro. Quando vemos uma coisa fofa, o cérebro solta uma descarga de dopamina similar a quando comemos uma coisa muito deliciosa. Por isso, quando vemos um bebê, nossa cabeça dá um minicuirto e ficamos com vontade de mordê-lo. A outra hipótese tem a ver com os nossos antepassados pré-históricos. Brincar de morder é um hábito comum entre mamíferos (quem já teve filhotes de cães e gatos sabe bem). Então, essa brincadeira é uma forma de estreitar os laços sociais. Isso pode explicar a nossa vontade doida de morder coisas com as quais temos laços afetivos.
7. Rir em situações inapropriadas
Uma vez, quando eu era adolescente, minha mãe me deu uma bronca federal porque a visita estava chegando, e meu quarto ainda estava uma zona. Ela gritava, esbravejava, perguntava se eu achava que era justo ela ter passado a manhã na cozinha e eu nem pra arrumar meu quarto. E eu… Ri. Não consegui me controlar, gargalhei muito! Minha mãe ficou furiosa, achou que era deboche. Na verdade, segundo a ciência, eu estava sob um estresse emocional enorme, e meu corpo usou a risada para aliviar um pouco da tensão. Já quando a gente não consegue segurar a risada quando vê o tombo alheio, provavelmente são nossos instintos agindo de novo. Essa é uma forma de informar à nossa tribo que, apesar de a pessoa estar envergonhada, ela não se machucou muito e que está tudo bem.
6. Fascínio por psicopatas
Se nós não adorássemos os psicopatas, os filmes do Hannibal Lecter, Psicose e a interminável série de Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado não teriam sido metade do sucesso que foram. Algumas teorias explicam essa quedinha pela mente criminosa: a primeira delas defende que, sabendo mais sobre psicopatas, nós saímos da nossa própria consciência e entramos na mente de alguém que só pensa estritamente em si mesmo. Já o psicólogo forense J. Reid Meloy afirma que, na sociedade, o psicopata é um tipo de predador. Saber de sua existência nos conecta com os nossos instintos de caça e caçador. Uma última teoria, do psiquiatra Ron Schouten, afirma que nossa queda por psicopatas é similar à nossa atração por filmes de terror ou por montanhas russas: às vezes, só gostamos de tomar uns sustos, que soltam uma super descarga de neurotransmissores, o que dá uma sensação de prazer.
5. Fingir que sabe alguma coisa
O assunto na mesa de boteco (de físicos) é o entrelaçamento de partículas. Você não saca nada sobre isso, mas fica lá, fazendo cara de entendido e fingindo que só não fala alguma coisa para não fazer a galera perder a graça. Segundo o pesquisador David Dunning, da Cornell University, a maioria das pessoas não sabe o que sabe e começa a produzir conhecimento falso. Quando alguém nos pergunta se a gente sabe alguma coisa, nosso cérebro imediatamente começa a inferir, concluir e até inventar explicações e teorias sobre a coisa.
4. Chorar
Apesar de comum, o choro é um comportamento bem estranho. Pense bem: ele pode acontecer porque você está muito triste, muito feliz, muito preocupado, com muita raiva, muito estressado, muito emocionado… Ou seja, por qualquer coisa. Uma das teorias mais bem aceitas que explicam o choro humano é do psicólogo Ad Vingerhoets, que argumenta que chorar é um sinal social bem primitivo. Na natureza, muitos animais emitem algum som que alerta os outros que ele está em perigo e precisa de ajuda. Já os humanos desenvolveram esse jeito silencioso de comunicar aos outros do grupo que algo está errado. Nos tempos das cavernas, seria uma forma de dar o recado sem alertar os predadores com o som.
3. Fazer fofoca
Pode parecer inacreditável, mas a fofoca tem uma função social. Segundo pesquisadores, a culpa é do nosso desejo de criar laços com as pessoas que estão imediatamente ao nosso redor, e esse desejo é forte a ponto de superar os nossos valores e a nossa moral. Além de nos dar assunto para conversar com os outros, a fofoca cria um sentimento de confiança, já que toda fofoca é “segredo, hein, não conta pra ninguém!” Para o antropólogo Robin Dunbar, a fofoca é co-responsável pelo desenvolvimento do noas cérebro ao longo dos milênios. Ele defende que a língua só se desenvolveu por causa da nossa vontade de fofocar, e a maledicência também nos permite ensinar aos outros a forma certa de se relacionar com o grupo. Mas calma lá, hein. Isso não é motivo para você ficar falando mal dos outros por aí. A ciência explica a fofoca, mas o fofoqueiro não fica mais legal por isso.
2. Gostar de filmes tristes
Segundo o pesquisador Robert A. Emmons, da Universidade da Califórnia, só o fato de sermos gratos já faz a nossa vida melhorar. Com os filmes tristes é mais ou menos a mesma coisa. Ver tragédias na TV ou no cinema faz com que a pessoa reavalie a sua própria vida e conte o que há de bom nela. Mas o raciocínio não vale para aqueles que pensam coisas tipo “nossinhora, ainda bem que eu não tô na pele desse cara”. Essas pessoas têm pensamentos egoístas e estão mais focadas em si do que nos outros. Assim, elas não experimentam nadica de nada de felicidade depois de assistir ao filme. Além disso, o dr. Paul Zak afirma que ouvir ou ver histórias de outras pessoas nos faz sentir empatia, e nosso cérebro libera ocitocina – o chamado “hormônio do amor”.
1.Ficar desconfortável no silêncio
Ficar em silêncio com um estranho é horrível. Está aí uns 80% de por que muitos primeiros encontros afundam à la Titanic: ou um dos dois fala demais (e acaba falando mais do que o necessário), ou rolam aqueles silêncios bizarros e você acha que nunca vai conseguir ter intimidade com aquela pessoa. Essa dificuldade de lidar com o silêncio também remonta às nossas origens primitivas de pertencer a um grupo. Quando a outra pessoa fica em silêncio, nós achamos que ela não está gostando da conversa e, portanto, que não somos aceitos. Já quando o diálogo flui que nem um pingue-pongue, avaliamos que está tudo bem. Mas isso também é cultural. No Japão, uma pausa na conversa, principalmente quando a pessoa está refletindo sobre algo, é um sinal de respeito. Os aborígenes australianos e os nativos de vários países da Ásia também fazem longas pausas silenciosas em suas conversas – e está tudo bem.
Debora Oliveira
Psicóloga Clínica
Nenhum comentário:
Postar um comentário