sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Madrid ameaça Catalunha com “males maiores”

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Governo de Mariano Rajoy exorta a Generalitat a regressar à legalidade e à democracia, sob pena de ter de se haver com uma resposta “firme, proporcionada e rigorosa”. A violência pode disparar.
Ao contrário do que se passou com o referendo sobre a independência da Catalunha de novembro de 2014, o governo de Madrid decidiu desta vez bloquear ativamente a realização da consulta e ameaça que, se a Generalitat insistir em manter a sua realização, “males maiores” poderão estar para vir.
As condições da realização do referendo são substancialmente diferentes das de 2014. Madrid mantém a postura de que o referendo é inconstitucional e ilegal e, por isso, o governo da Catalunha não pode envolver-se na sua organização. O argumento foi usado em 2014 e a Generalitat acabou por ceder: o presidente de então daquele organismo, Artur Mas (2010/16), retirou as autoridades estatais da organização do referendo – e a consulta acabou por realizar-se como sendo uma consulta popular (quase como se fosse uma iniciativa privada, da responsabilidade de cidadãos anónimos).
Desta vez, e apesar de a argumentação emanada de Madrid e do Tribunal Constitucional ser semelhante, o atual presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, decidiu não apenas não abandonar a organização do referendo, como vincular a rede de autarcas catalães à iniciativa. Resultado: cerca de 750 dos 950 autarcas da Catalunha apoiam o referendo, tendo mesmo assinado um documento em que se comprometem a assegurar a sua realização – todos eles se colocando na posição de infratores à lei.
Dito de outra forma: o referendo deste ano deixou de ser uma brincadeira para passar a ser uma sublevação. E é nesse quadro que o presidente do executivo de Madrid fala numa resposta “firme, proporcionada e rigorosa” quando se refere à intervenção das forças da ordem na passada quarta-feira. Nesse dia, pelo menos 14 pessoas foram detidas sob acusação de organização de um referendo ilegal – entre elas vários altos funcionários do executivo catalão.
Quatro departamentos da Generalitat foram vasculhados pelas autoridades, assim como algumas empresas envolvidas na organização do referendo.
Os catalães rapidamente saíram à rua na defesa daquilo que consideram ser o seu direito a determinar o futuro, e a noite foi de alguma barafunda em várias localidades onde se organizaram manifestações de repúdio à iniciativa de Madrid. Uma dessas manifestações veio do Futebol Clube de Barcelona, que emitiu um comunicado em que se diz incondicionalmente ao lado da Generalitat. Aliás, um dos mais destacados apoiantes do referendo tem sido Josep Guardiola, ex-jogador e ex-treinador do clube e atual técnico do Manchester City.
Logo na noite de quarta-feira, Mariano Rajoy organizou uma conferência de imprensa (sem perguntas) onde exortou o governo da Catalunha a “regressar à legalidade e à democracia; renunciem de uma vez a esta escalada de radicalidade”, disse. E deixou claro que, se isso não acontecer, os responsáveis políticos e os agentes que no terreno organizarem o referendo serão perseguidos pela lei.
Em termos políticos a situação em Madrid continua razoavelmente calma: o Partido Popular de Mariano Rajoy tem, para já, o apoio do PSOE e do Cuidadanos – todos eles considerando que o referendo é anti-constitucional e, por isso, impossível de ser considerado vinculativo ao que quer que seja. Só o Podemos tem demonstrado outro entendimento: sem se assumir como adepto do independentismo catalão, o líder do partido, Pablo Iglesias, tem afirmado que a decisão final sobre a matéria deve ser livremente deixada nas mãos da Catalunha.
Depois da noite de alguns confrontos, as autoridades temem, segundo os órgãos de comunicação espanhóis, que uma escalada de violência possa acompanhar a contagem final para o referendo, que está marcado para 1 de outubro.
económico

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