Cem anos depois da Revolução de Outubro, uma história de choque. Como é que uma anarquista viveu a revolução comunista? Revoltada é um relato autobiográfico escrito por uma jovem de 29 anos, a quem um comboio cortou os pés e que está à espera de ser fuzilada, no mesmo local onde o marido, o poeta Aleksandr Iaroslavski, fora já executado. Uma autobiografia, descoberta nos arquivos secretos russos, sem qualquer indício de fraqueza, cheia de um ódio de morte aos agentes da Tcheka, a polícia secreta bolchevique.
Este é um testemunho intenso, escrito com uma linguagem bruta, directa e com uma sinceridade absoluta. Mais do que uma autobiografia, o jornal Le Monde, chamou a este relato uma autonecreologia. Traduzido do russo por Nonna Pinto, chega às livrarias nacionais a 4 de Outubro.
Revoltada é um relato escrito por quem carrega consigo a «farpa do perdão universal», odiando o sistema soviético, mas nunca as pessoas. Em 1917, a autora, Evgénia Iaroslavskaia-Markon, que cresceu numa família da burguesia judaica, vagueia pelas ruas gritando «carrascos». Activista, percorre a União Soviética dando conferências. Descobrirá a sua verdadeira convicção política na marginalidade, no roubo, no crime e no fascínio pelo perigo. Será condenada por terrorismo e propaganda anti-soviética.
Fica o excerto do despacho de acusação, datado de 28 de Outubro de 1930:
Convocada na qualidade de acusada no âmbito do presente processo, a prisioneira IAROSLAVSKAIA‑MARKON, Evgénia Isaacovna, declarou que o seu objectivo final é «uma luta contra o Governo soviético por todos os meios, fazer agitação, propaganda e preparar as massas do campesinato e do Exército Vermelho para um golpe armado contra o Governo soviético e a prática de actos terroristas contra os agentes da OGPU, mais, dar apoio por qualquer meio ao mundo do crime e aos “meliantes”, utilizando‑os para o mesmo fim». Ela considera que o Governo soviético desacredita a ideia de Revolução, escudando‑se no nome dos sovietes e não os respeitando de maneira nenhuma, mais afirma que quem governa o país é um punhado de intelectuais, liderados pelo Comité Central do PCUS.
Ela diz que o Governo soviético está podre até à raiz e que irá cair em breve. Além disso, em Solovki, tencionava desenvolver trabalho no mundo do crime, a fim de
organizar uma revolta nos campos de prisioneiros, bem como a organização de fugas em massa dos campos de prisioneiros e cometer os actos terroristas contra os funcionários civis da OGPU, actos que ela tinha planeado há muito tempo, antes de realizar a tentativa de assassinato do Chefe dos campos. A autobiografia de IARO-LAVSKAIA,
anexa ao processo e escrita pessoalmente pela própria, revela que ela, gozando de liberdade, antes de ser detida, praticava roubos sistemáticos e geria o crime organizado.
Com base no acima exposto, a prisioneira IAROSLAVSKAIA‑MARKON, Evgénia Isaacovna, nascida em 1902 em Moscovo, possuidora de licenciatura, judia, domina alemão e francês, folhetinista de profissão, não‑partidária, inválida (sem pés), anteriormente julgada três vezes nos termos do Art.º 162 do Código Penal, uma vez nos termos do Art.º 169 do Código Penal e uma vez nos termos do Art.º 76 do Código Penal, é condenada pela Sessão da Reunião Extraordinária do Conselho local da OGPU, no dia 6‑09‑1930, nos termos do Art.º 82 e Art.º 17‑82 do Código Penal por um período de três anos que terminará em 17‑08‑1933.
REVOLTADA
15x23
152 páginas
15,50 €
Não Ficção / Biografia
Nas livrarias a 4 de Outubro
Guerra e Paz Editores
R. Conde Redondo, 8, 5.º Esq.
1150-105 Lisboa | Portugal
1150-105 Lisboa | Portugal
Tel. (+351) 213 144 488
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