David Dinis, Director
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Bom dia!
Se quiser um resumo perfeito das autárquicas, a São José Almeida meteu tudo em duas linhas: "O PSD afundou-se nas principais cidades e Passos Coelho admitiu demitir-se; o PCP teve o pior resultado da sua história eleitoral autárquica; o PS viu António Costa ter a sua primeira vitória em eleições". É exactamente assim, mas a análise mais fina merece bem a leitura do texto. Agora, vamos ponto a ponto.
O PS teve ontem uma vitória total. Total, porque os socialistas cumprem cada um dos quatros critérios para o sucesso.
Foi quase uma noite perfeita para António Costa. Até porque a direita teve a sua maior derrota de sempre. Na análise dos dados, o Manuel Carvalho e a Margarida Gomes só viram um lado menos mau: nos distritos urbanos, ainda se resiste. E a consequência ficou ao virar da esquina: Passos Coelho ficou de pensar se sai da liderança. A dúvida agora é esta: Passos sai mesmo ou quer ver que apoios ainda tem? Certo, certo, é isto: os críticos já puseram as unhas de fora.
Mas há algo de agridoce na noite de António Costa: é que o PS ganhou nove câmaras ao PCP. Percendo um problema à vista, o líder socialista geriu com pinças o discurso de vitória, mas Jerónimo não escondeu o pesar da derrota. E, sim, isso pode ser um grande problema para a geringonça, como explica o Luciano Alvarez na análise dos dados da esquerda unida.
Pior é que outra roda da geringonça não andou melhor. É como diz a Maria João Lopes, num título feliz (sobre a infelicidade de Catarina): "A festa do BE em 2015 foi bonita, pá. Mas não se repetiu agora".
Bonita foi a festa do CDS. Assunção Cristas passou os 20% em Lisboa, ganhou uma sexta câmara para o partido, teve surpresas inesperadas como na Covilhã e já se mostra como “uma verdadeira alternativa às esquerdas unidas”. No mínimo, podemos dizer que fez esquecer Paulo Portas - o que é, a todos os títulos espantoso.
Cidade a cidade, é preciso anotar também a vitória larga de Medina em Lisboa (celebrada ainda sem saber que perdeu a maioria por pouco) e a primeira maioria de Moreira no Porto (apesar da subida do PS). Registe também que só Isaltino sobreviveu à morte dos dinossauros, que em Vila do Conde se acabou um reinado, que Pedrógão Grande mudou de cor mas não de presidente, que Cafôfo atingiu a maioria e a Madeira ganhou uma senhora presidente. Também podia sublinhar que o PSD ainda tem Cascais e Braga, que Matosinhos parece ter pele cor-de-rosa e que Beja deixou de ser pele-vermelha.
Dito isto, o melhor é mesmo ver os resultados do seu concelho e da sua freguesia, no nosso mapa interactivo. Ler também o que escreveram a Marina Costa Lobo, Francisco Louçã, Rui Tavares e João Miguel Tavares (encontra-as aqui pela manhã), isto para além do Editorial do Manuel Carvalho. E depois correr o filme da noite eleitoral, vista pelos fotógrafos do PÚBLICO (que começa com aquele sorriso de Assunção Cristas).
Só mais duas notas
Porque a noite foi longa (como pode perceber pela hora deste email), e porque a actualidade foi forte, queria deixar-lhe apenas mais duas notas antes de terminar.
A primeira é para a Catalunha. Ou, se quiser, para o dia em que Espanha perdeu a Catalunha, como diz a reportagem que a nossa enviada a Barcelona mandou noite fora, já com os últimos dados do referendo que não sabemos bem o que foi. Para além do texto da Sofia Lorena, deixo-lhe ainda a análise do Jorge Almeida Fernandes, que decreta um "Generalitat ganha, Rajoy perde", ao fim do primeiro dia de combate (isso mesmo, combate, como mostram as fotos). E também fica o link do registo do nosso minuto-a-minuto, onde os detalhes estão marcados para a história.
A segunda nota é para o futebol, que ontem só deu empates. Em Alvalade, os bons "amigos" dividiram os pontos - sem razões de queixa do árbitro. Na Madeira, o Benfica continuou a lamber feridas e desperdiçou mais uma oportunidade de levantar a cabeça.
Eu, agora, vou dormir só um bocadinho, sabendo que a equipa do PUBLICO continuará atenta a tudo, para que a si não lhe falte a informação.
Até já, dia bom para si, obrigado pela companhia!
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