segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O Facebook quis passar uma mensagem clara


P
 
 
4.0 Tecnologia, inovação e empreendedorismo
 
 
  João Pedro Pereira  
O Facebook anda a reunir-se com jornalistas para lhes explicar uma coisa: na rede social, as novidades da família e amigos vêm antes das notícias.
Há várias razões para que assim seja. Em primeiro lugar, e como o Facebook diz, é muito possível que isso seja o que a maioria dos utilizadores quer. E o negócio está em dar às pessoas o que estas querem e servi-las a seguir aos anunciantes.
Por outro lado, as pessoas não pagam para mostrarem as suas fotos de férias a mais amigos (salvo algumas raras e narcísicas excepções). Já os sites de notícias, muitos dos quais acabaram por desenvolver uma grande dependência do Facebook, viram-se na necessidade de criar orçamentos para isso. Mostrar menos notícias ajuda a que estes orçamentos aumentem para compensar a quebra de tráfego.
Por fim, é uma postura estratégica para a rede social, que tem vindo a tentar sacudir boa parte das responsabilidades de se ter tornado a maior plataforma de distribuição de informação (e, provavelmente, desinformação) do mundo. Como o New York Times explica, começam a surgir indícios concretos de uma bem orquestrada campanha russa para influenciar as eleições americanas, recorrendo não apenas a anúncios no Facebook, mas também à criação de grupos falsos (por exemplo, de defensores do porte de arma). 
O caso está a ser investigado nos EUA, onde o Facebook vai entregar ao Congresso três mil anúncios ligados a contas russas. O alcance da campanha, ou campanhas, dos russos no Facebook ainda está por apurar. Os três mil anúncios podem ter sido apenas uma amostra.
Digno de nota
- A Amazon apresentou uma nova geração de colunas inteligentes. Entre os três novos aparelhos está o Echo Spot, uma espécie de despertador com um pequeno ecrã de 2,5 polegadas, que mostra as horas e o estado do tempo, tem uma câmara e um microfone, e integra a Alexa, a assistente virtual da Amazon. Os outros dois têm o mais tradicional aspecto de uma coluna. A Amazon e várias outras empresas (entre as quais o Google e a Apple) estão a disputar o papel de assistentes pessoais dos utilizadores, com tecnologia a quem diremos para apagar as luzes à noite e que nos acordará de manhã com sugestões sobre o que vestir consoante o estado do tempo. Será uma nova etapa na nossa já íntima relação com a tecnologia.
- O Google, que tem tentado fazer as pazes com as empresas de media, acabou com a exigência de que os sites noticiosos protegidos por uma paywall (como é o caso do PÚBLICO) tivessem artigos de acesso livre quando estes fossem pesquisados no Google (quem não cumprisse esta exigência, ficava de fora dos lugares cimeiros dos resultados de pesquisa, o que não é pouca coisa). O problema é que muitas pessoas usavam a pesquisa simplesmente para ter artigos grátis.
- O Twitter decidiu aumentar para o dobro o afamado limite de 140 caracteres. A regra tinha sido criada porque o serviço foi concebido para ser usado também através de SMS. Mas há anos que os utilizadores arranjavam forma de ultrapassar a limitação: desde imagens com texto até  torrentes de tweets numerados. A cultura de mensagens curtas está instituída e o novo limite (de que a maioria ainda não usufrui) garante que as publicações continuam breves, mas sem constrangimentos desnecessários, que causavam mais frustração do que benefício, e que desde sempre foram uma das barreiras à entrada de novos utilizadores. Resta agora saber se 280 caracteres farão alguma coisa por uma plataforma que parece ainda não ter encontrado um rumo certo.
4.0 é uma newsletter semanal dedicada a tecnologia, inovação e empreendedorismo. O conteúdo patrocinado nesta newsletter não é responsabilidade do jornalista. Críticas e sugestões podem ser enviadas para jppereira@publico.pt. Espero que continue a acompanhar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário