Bicórnios em Parada” é o título da exposição de Victor Milheirão que está patente ao público na Casa Municipal da Cultura até ao próximo dia 9 de Dezembro. Trata-se de uma coleção de 44 quadros que o pintor e mestre de restauro elaborou de 1991 a 2017 e que têm em comum o bicórnio, chapéu de dois bicos que, de um modo ou doutro, aparece representado em todos os quadros. “Quando estou a desenhar começo invariavelmente pelos bicórnios e tudo resto vem a seguir”, explica, sendo que o tudo o resto possui assinalável força narrativa.
Referências recorrentes são as temáticas inspiradas na literatura portuguesa, de que o artista plástico é apreciador, bem como as influências de alguns dos grandes mestres da pintura da primeira metade do século XX, como Picasso e outros que de alguma forma ajudaram a moldar um universo estético que se distingue pela sua singularidade.
Victor Milheirão tem 81 anos e uma vida dedicada às artes plásticas, como pintor e ilustrador, mas também como cartoonista, tendo desenvolvido paralelamente intensa atividade nas artes gráficas e como restaurador de gravuras e de livros no Museu da Fundação Calouste Gulbenkian, onde trabalhou durante os últimos 34 anos.
Viajou muito por vários continentes para ver arte e percorreu “inúmeras exposições”, algumas das quais ajudou a montar, em todo o mundo. A sua memória guarda gratas recordações dessas experiências, como a sua participação na montagem de uma grande exposição de Almada Negreiros, em 1993 no Centro Cultural de Belém.
Natural de Ovar, Victor Milheirão concluiu o curso de pintura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa em 1967, lecionou desenho e pintura na escola de Artes Decorativas António Arroio até ingressar no Museu Calouste Gulbenkian como técnico de restauro de documentos gráficos, setor que veio a dirigir algum tempo depois. Em 1980 tirou o curso de Conservador de Museus promovido pelo Museu Nacional de Arte Antiga e foi dirigente da GRAVURA - Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses.
Como artista plástico desenvolveu uma atividade bastante diversificada com recurso a várias técnicas, incluindo as artes gráficas a banda desenhada e o desenho humorístico. Neste campo venceu o prémio de humor livre no “V Salão Nacional de Caricaturas”, em Oeiras, e a sua obra está representado com desenhos humorísticos no “SAMMLUNG KARIKATUREN & CARTOONS” em Basileia-Suíça.
Na pintura a sua última exposição é “Bicórnios em Parada”, uma mostra retrospetiva que foi já apresentada no “Museu Júlio Diniz”, em Ovar. A inauguração na Casa Municipal da Cultura de Cantanhede contou com a presença do vereador da Cultura, Pedro Cardoso, que acompanhou o pintor na apresentação da sua obra perante cerca 60 de pessoas envolvidas no projeto de animação social “Tardes Comunitárias” que a Câmara Municipal promove todas as quartas-feiras. No final houve um convívio que culminou com um lanche preparado pelas técnicas da Casa Municipal da Cultura.
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